8 de maio de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(206ª parte)    


Forte de Bragandelo, no 'Caminho  Minhoto  Ribeiro'


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia   

 Vamos  analisar  em  pormenor  o  forte  de  Bragandelo  e  referir  a  polêmica  gerada  em  redor  destas  posições  no  Extremo  (Portugal,  'Caminho  Minhoto  Ribeiro').  Primeiramente,  fazer  alusão  de  Michel  Lescolles,  engenheiro  francês  que  projetou  ou  dirigiu  as  obras  militares  no  Extremo  (para  além  das  fortalezas  de  Valença,  Monção,  Chaves  e  Bragança,  dito  a  'grosso  modo').  Os  textos  de  'Luis  Moreira'  falam  da  presença  de  Lescolles  no  Minho,  não  havendo,  ao  que  parece,  qualquer  crónica  de  factos  militares  entre  os  anos  de  1658  e  1662.  Na  Biblioteca  Nacional  de  Portugal  não  se  encontra  nada,  sendo  que  o  'Mercúrio  Portuguez'  reinicia  a  sua  atividade  em  1663.  O  'Mercúrio  Portuguez'  representa  um  jornalismo  único  bélico  no  século  XVII  que  soube  exprimir  condignamente  a  guerra  entre  Portugal  e  Espanha  (1640-1668).  O  assunto  tem  por  centralidade  a  palavra  'Proto-hornaveque',    dirimindo-se  a  sua  adequação  ou  pertinência,  ou  pondo  em  causa  este  termo.  Certamente  haverá  uma  possível  explicação  de  natureza  cronológica  (existência  de  uma  reocupação posterior/ a  sua  possível  construção  em  várias  fases/  do  proto-hornaveque  ao  cofre,  ou  caponeira,  definitivo).   

 



 Na  guerra  de  Aclamação  (1640-1668)  não  se  podem  sobredimensionar  os  fortes  terreiros  de  campanha  (pertencem  às  guerras  de  poupança  de  materiais  e   às  fracas  economias  de  guerra,  também  à  escaramuça).  No  entanto,  esta  temática  muda  de  figura  se  observarmos  os  avanços  notórios  destas  estruturas  na  forma  de  baterias,  postos  seriados,  etc..  presentes  nas  Linhas  de  Torres  Vedras  aquando  as  invasões  napoleónicas  (fortes  ou  postos  de  natureza  mista,  de  alvenaria,  croios ou  cantos,  terra  prensada  e  areia)  quarenta  anos  depois.  Eis,  à posteriori,  que  os  postos  de  campanha  ganham  novas  valências.  Mas  cingindo-nos  à  'Guerra  de  Restauração'  convinha  salientar  a  previsível  importância  de  outros  locais  próximos  do  Extremo- Portela  (na  estrada  para  S.  Gregório  há  baterias  ou  postos  defensivos;  na  estrada  para  as  Várzeas  também,  basicamente  delimitadas  face  ao  inimigo).  Igualmente,  essas  manifestações  de  instalações  terreiras  defensivas  em  San  Roque  de  Crespos  (concelho  de  Padrenda),  ou  Bangueses  no  concelho  de  Verea  (forte  de  Penafroufe,  este  mais  afastado),  entrariam  na  rota  do  'Caminho  Minhoto  Ribeiro'.   

 'Julián  García  Blanco'  foi  contactado  pelos  'EE.P.P.'  e  opina  assim:  'El  fuerte  (Bragandelo)  es  muy  interesante,  pero,  en  principio,  la  información  de  los  paneles  no  siempre  es  una  fuente  fiable.  La  verdad  es  que  ni  por  la  forma,  ni  por  la  posición  veo  el  hornabeque  u  obra  corna.  El  hornabeque  es  una  obra  exterior,  compuesta  por  dos  semibaluartes  unidos  por  una  cortina.  Es  habitual  que  contasen  con  alas  que   unían  el  hornabeque  con  el  camino  cubierto  de  la  plaza.  Dependiendo  del  diseño  de  las  alas  los  hornabeques  se  clasifican  en  tres  tipos:  

Cola  de  golondrina,  las  alas  se  estrechan  hacia  la  plaza. 

Contracola,  las  alas  del  hornabeque  se  ensanchan  hacia  la  plaza. 

De  alas  paralelas.    

 Algunos  ingenieros  consideran  que  las  coronas  eran  hornabeques  dobles,  pero  ese  es  otro  tema  que  nada  aporta  al  tema  del  fuerte  y  desdeluego  ninguno  de  los  elementos  del  fuerte  se  ajusta  a  los  tipos  mencionados.  La  obra  que  se  apunta  como  'protohornabeque'  es,  para  mi,  una  caponera,  conocida  en  Portugal  como  'cofre'.  Se  trata  de  una  comunicación  cubierta  entre  un  reducto  avanzado  y  la  plaza.  En  todo  caso,  sin  conocer  la  historia  de  la  fortificación  hay  que  ser  muy  prudente.  Sería  imprescindible  conocer  alguna  monografía  sobre  esta  fortificación  por  si  en  algún  momento  contó  con  algún  elemento  identificado  como  protohornabeque  que  ocupase  la  posición  marcada,  pero  que  no  aparece  en  el  dibujo.  Es  decir,  un  elemento  destruído  después  para  construir  la  caponera'.      

 'Julián  García  Blanco'  é  Licenciado  em  Geografia  e  História  pela  Universidade  de  Extremadura  (Seção  Pre-história  e  Arqueologia,  promoção  1981-1986).  

(Continuará) 

 Artigo precedente. 

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