PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(202ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Coloca-se uma questão de plena atualidade: 'Santa Maria de Maceira Dão, poderá este mosteiro cisterciense em ruína, isolado, atualmente pouco valorizado e esquecido, tornar-se novamente num local de reflexão, introspeção para os dias de hoje? Os mosteiros cistercienses foram erguidos em vales, locais onde o solo é fértil, com acesso à água e isolados da agitação urbana tal como se encontra patente na Regra de São Bento. Para os cistercienses a depuração associada à simplicidade constitui o novo critério estético traduzindo-se pelo rigor das linhas, pureza das formas, luminosidade e o claro-escuro. A arquitetura e arte cisterciense eram o mais simples e depurado possível, pois os monges não se podiam distrair para poderem contemplar, de corpo e alma, a prática da devoção e meditação religiosa. O mosteiro de Santa Maria Maceira Dão é alvo de uma proposta de reabilitação, no âmbito do Mestrado Integrado em Arquitetura da Universidade da Beira Interior, com base nos ideais da Ordem do Císter à qual pertenceu'.
E continua assim: 'Foi entendido como um local de reencontro entre o Ser e a Natureza, um espaço dedicado à reflexão, à meditação, ao culto do corpo e da alma que é materializado através desta proposta de reabilitação em curso. O mosteiro de Santa Maria Maceira Dão fará parte de uma proposta de reabilitação que se aponta como um exemplo de sustentabilidade tendo por base os princípios de autarcia experimentados pela Ordem do Císter. Este mosteiro é assim dotado de novos espaços que se adaptam a novas situações e usos, mas sem perder os valores do passado como ponte para o futuro'. Tal era um propósito por todos desejado, muito embora ter ficado torto e nas mãos da família Hörster (privados), aliás precisado de sucessivas intervenções e inconcluso. Aquela proposta de Mariana Pinto da Rocha Ferreira ficou na tentativa, ao que tudo parece, dado não figurar em agendas nenhumas ou no calendário de políticos e privados. Mas, sem dúvida, nada terá a ver em sua quintessência, com "vilas turísticas" de nova implantação, 'ex-novo', com experimentos que fazem tábua rasa de uma paisagem. Em julho do ano 2019 assinam um protocolo a Câmara Municipal de Mangualde (João Azevedo), Proprietários (família Hörster) e Direção Regional de Cultura do Centro (Suzana Menezes) no que se dá saida às futuras intervenções que visam recuperar a cobertura da igreja basilarmente. Com orçamento comparticipado pelo 'Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional' (425.000 € de 500.000 €) começa o que será um rosário de ações reabilitadoras centradas no templo: intervenção estrutural com substituição do revestimento em telha; ações de conservação e restauro sobre elementos pétreos; recuperação e consolidação de alvenarias e abóbadas; instalação de caixilharias; travamento estrutural de arcadas no claustro e no tardoz da capela-mor.
Este Monumento Nacional (Decreto n° 5/ 2002, de 19 de fevereiro) com anterior proposta de classificação como Imóvel de Interesse Público em 1980, abre-se a outras intervenções e a "estímulos exteriores de investimento" o que trará interrogantes relativos à própria hidraúlica e à isenção dos agentes envolvidos. Porém, qualquer comparativa do que cá se faz nada terá a ver com aquele plano urbano-turístico expansivo de Oia ou com o limiar de rendibilidade.
(Continuará)
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