22 de abr. de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(201ª parte)    


Mosteiro cisterciense de Santa Maria de Maceira Dão (Mangualde - Portugal)
Foto: HAP

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 Na  Universidade  da  Beira  Interior,  em  Covilhã,  celebrou-se  nos  dias  8  e  9  de  março  do  ano  de  2012  o  '1°  Simpósio  Internacional  Espaços  de  Císter:  Arquitetura  e  Memória'  fazendo  uma  abordagem  ajeitada  de  casos  de  estudo  da  parte  também  de  ponentes  espanhóis.  De  salientar,  entre  outras,  a  proposta  de  reabilitação  do  mosteiro  de  Santa  Maria  de  Maceira  Dão,  cisterciense  e  masculino,  ministrada  por  Dona  Mariana  Pinto  da  Rocha  Ferreira:  

  'O  mosteiro  cisterciense  de  Santa  Maria  de  Maceira  Dão  é  um  conjunto  edificado  de  reconhecido  valor  e  assume-se  como  um  exemplo  singular  do  nosso  património,  carenciado  de  investigação  e  de  ação  a  vários  níveis.  Este   mosteiro  tem  a  sua  origem  numa  primitiva  comunidade  regular  instalada  perto  da  igreja  de  Santa  Maria  de  Moimenta  que  é  transferida,  em  determinada  altura,  para  o  sítio  de  Maceira  Dão,  sensívelmente  a  5  quilómetros  para  o  oeste  da  cidade  de  Mangualde,  no  distrito  de  Viseu.  O  antigo  edifício  monástico  está  implantado  em  situação  de  pequeno  declive,  num  vale  protegido  a  norte  pela  Serra  de  Fagilde,  na  margem  direita  da  chamada  ribeira  dos  Frades,  que  é  afluente  do  rio  Dão.  Encontra-se,  ainda  hoje,  integrado  em  meio  rural  e  isolado,  numa  propriedade  agrícola  a  que  se  chama  localmente  Quinta  do  Convento.  Na  sua  envolvente  próxima encontramos,  por  um  lado,  os  factores  naturais  determinantes  à  escolha  do  local  de  implantação  do  mosteiro  como:  

 ● a  presença  de  água. 

 ● a  existência  de  condições  para  a  prática  agrícola. 

 ● os  recursos  de  madeira,  pedra  e  outros  materiais  nas  proximidades.    

 Por  outro  lado,  são  evidentes  vários  testemunhos  das  intervenções  realizadas  pela  comunidade  monástica  na  propriedade,  nomeadamente: 

 ● a  modelação  de  terrenos. 

 ● diversos  elementos  ligados  à  hidraúlica. 

 ● várias  construções  de  apoio  ao  mosteiro  e  às  suas  atividades  como,  por  exemplo,  a  Capela  de  Nossa  Senhora  da  Cabeça,  o  pombal  e  a  eira,  o  lagar,  a  casa  da  quinta  da  Granja  e  os  moinhos  da  Silveira,  entre  outros.  

 Por  todas  as  razões  podemos  afirmar  que  a  localização  de  Maceira  Dão  corresponde  à  desejável  situação  de  implantação  dos  mosteiros  cistercienses  masculinos  sendo,  neste  aspecto,  verdadeiramente  exemplar.  Entendendo,  assim,  que  a  importância  do  mosteiro  não  reside  apenas  no  edifício  monástico  mas  também  na  sua  envolvente  e  na  teia  de  relações  que  se  gera  em  torno  da  atividade  agrícola,  procuramos,  então,  desenvolver  uma  aproximação  mais  exaustiva  à  situação  e  ao  sítio  do  mosteiro  de  Maceira  Dão,  contextualizando  a  implantação  do  edifício  e  referenciando-o  a  uma  determinada  envolvente.  É  nosso  objectivo  contribuir,  deste  modo,  para  um  conhecimento  mais  profundo  do  conjunto  e,  enfim,  para  a  sua  conservação  e  valorização'.    




 O  estilo  é  bem  diferente,  as  maneiras  são  outras.  O  Císter  está  presente  e  não  se  desdobra  em  aventuras  urbanizadoras  nem  em  escusas  de  corte  banal.  Via  de  regra  em  Oia:  concretizar  uma  paisagem  urbana  servindo-se  de  um  mosteiro  da  Ordem  do  Císter.  Tal  é  o  oxímoro.    

(Continuará) 

 Artigo precedente. 

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