PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(181ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Uma muito boa notícia saiu nos 'mass media' de todo Portugal: 'Caminho Português da Costa' foi certificado. O governo certificou o milenar 'Caminho Português da Costa' que liga as cidades de Porto e Valença, reconhecendo a sua 'importância histórica e cultural'. Portaria foi assinada pelas secretárias de Estado do Turismo, Rita Marques, e Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira. Neste tipo de declarações abunda o procedimento rígido, as grandes frases e os lugares comuns; mas mesmo assim, é um momento ótimo para pôr as coisas no seu sítio e aos atores envolvidos no lugar que merecem. Neste caso dizer que o caminho por Oia é uma variante de livre escolha, sem a importância que se lhe atribui e sem o exagero que lhe concedem empresários e políticos deles dependentes. Monacais são os caminhos todos; porém, não por monacais terão de submeter-se ou sujeitar-se à mitomania oportuna e ainda menos a processos urbanizadores convencionais que antecedem uma turistificação tresloucada. A notícia é boa, visto questionar os argumentos dos olívicos, visto pôr em causa toda a tramoia desenhada desde Vigo. Encontro dos 'Caminho Português da Costa' e 'Caminho Central Português' verifica-se na praça militar valenciana, sem dúvida (Isto sempre foi defendido pelo insigne poliorcético Pereira de Castro e muitos outros nortenhos). Em simultâneo, a propaganda oficial da Xunta galega continua a ser impostada e ridícula até mais não. Falta um princípio do contraditório na temática de Oia; por isso, todas as partes envolvidas devem ser sempre ouvidas e confrontadas - e registada a sua perspectiva - a começar pelo 'S.O.S. Mosteiro' que agora, ao que tudo indica, tem recuado inexplicavelmente.
Com uma extensão de 138 quilómetros, atravessa os municípios do Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença. Este caminho, até que enfim autenticado, é o terceiro a ser certificado, depois do 'Caminho Interior' que liga Viseu a Chaves, com saída para Espanha por Vilarelho da Raia, é o 'Caminho Central Português', que sai da Sé de Lisboa e passa por Tomar-Coimbra até entrar no Porto e seguir depois para a Região Norte. Pedido de certificação 'tem a concordância dos municípios atravessados e apresenta condições de segurança, transitabilidade, equipamentos de apoio e informação', refere um comunicado conjunto das duas secretarias do Estado. O processo de certificação dos itinerários portugueses foi iniciado no ano de 2019, com o objetivo de 'salvaguardar, valorizar e promover' aquela rota milenar.
Entretanto, foi constituida uma Comissão de Certificação, composta por quatro membros, com competências técnicas na área da cultura ou do turismo, responsável pela análise das candidaturas e um Conselho Consultivo, onde estão representadas as áreas da administração pública central e regional com relevância neste processo, além de representantes da igreja católica e das associações de peregrinos. Tudo isto sintetiza-se num dispositivo avaliado, aliás, pela República Portuguesa, o que quer dizer o seguinte: Desautorização de duplas soluções, de duplos caminhos ou de alternativas tresandadas que favoreçam empreendimentos privados. Portugal, a grandes traços, tem dito que um caminho inventado não pode substituir de jeito nenhum um percurso medievo provado e constatável. Caminhos existentes e crescentemente investigados apuram o resto e são bem concludentes. A história está do lado da tradição, do que sempre foi.
Assim sendo, certificação do 'Caminho Português do Interior' é já um facto, com 214 quilómetros, oito municípios que cobrem Viseu, Castro Daire, Lamego, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves. No seu todo abrange 24 igrejas ou capelas com o orago de São Tiago e 5 albergues e hospitais históricos, sublinhando a importantíssima praça militar flaviense (Aquae Flavie-Chaves). Agora é a vez do 'Caminho Minhoto Ribeiro', garantidamente.
(Continuará)
Ningún comentario:
Publicar un comentario