4 de feb. de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(181ª parte)    


Monção no 'Caminho Minhoto Ribeiro'

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 Uma  muito  boa  notícia  saiu  nos  'mass  media'  de  todo  Portugal:  'Caminho  Português  da  Costa'  foi  certificado.  O  governo  certificou  o  milenar  'Caminho  Português  da  Costa'  que  liga  as  cidades  de  Porto  e  Valença,  reconhecendo  a  sua  'importância  histórica  e  cultural'.  Portaria  foi  assinada  pelas  secretárias  de  Estado  do  Turismo,  Rita  Marques,  e  Adjunta  e  do  Património  Cultural,  Ângela  Ferreira.  Neste  tipo  de  declarações  abunda  o  procedimento  rígido,  as  grandes  frases  e  os  lugares  comuns;  mas  mesmo  assim,  é  um  momento  ótimo  para  pôr  as  coisas  no  seu  sítio  e  aos  atores  envolvidos  no  lugar  que  merecem.  Neste  caso  dizer  que  o  caminho  por  Oia  é  uma  variante  de  livre  escolha,  sem  a  importância  que  se  lhe  atribui  e  sem  o  exagero  que  lhe  concedem  empresários  e  políticos  deles  dependentes.  Monacais  são  os  caminhos  todos;  porém,  não  por  monacais  terão  de  submeter-se  ou  sujeitar-se  à  mitomania  oportuna  e  ainda  menos  a  processos  urbanizadores  convencionais  que  antecedem  uma  turistificação  tresloucada.  A  notícia  é  boa,  visto  questionar  os  argumentos  dos  olívicos,  visto  pôr  em  causa  toda  a  tramoia  desenhada  desde  Vigo.  Encontro  dos  'Caminho  Português  da  Costa'  e  'Caminho  Central  Português'  verifica-se  na  praça  militar  valenciana,  sem  dúvida  (Isto  sempre  foi  defendido  pelo  insigne  poliorcético  Pereira  de  Castro  e  muitos  outros  nortenhos).  Em  simultâneo,  a  propaganda  oficial  da  Xunta  galega  continua  a  ser  impostada  e  ridícula  até   mais  não.  Falta  um  princípio  do  contraditório  na  temática  de  Oia;  por  isso,  todas  as  partes  envolvidas  devem  ser  sempre  ouvidas  e  confrontadas  -  e  registada  a  sua  perspectiva  -  a  começar  pelo  'S.O.S.  Mosteiro'  que  agora,  ao  que  tudo  indica,  tem   recuado  inexplicavelmente.    




 Com  uma  extensão  de  138  quilómetros,  atravessa  os  municípios  do  Porto,  Matosinhos,  Maia,  Vila  do  Conde,  Póvoa  de  Varzim,  Esposende,  Viana  do  Castelo,  Caminha,  Vila  Nova  de  Cerveira  e  Valença.  Este  caminho,  até  que  enfim  autenticado,  é  o  terceiro  a  ser  certificado,  depois  do  'Caminho  Interior'  que  liga  Viseu  a  Chaves,  com  saída  para  Espanha  por  Vilarelho  da  Raia,  é  o  'Caminho  Central  Português',  que  sai  da   Sé  de  Lisboa  e  passa  por  Tomar-Coimbra  até  entrar  no  Porto  e  seguir  depois  para  a  Região  Norte.  Pedido  de  certificação  'tem  a  concordância  dos  municípios  atravessados  e  apresenta  condições  de  segurança,  transitabilidade,  equipamentos  de  apoio  e  informação',  refere  um  comunicado  conjunto  das  duas  secretarias  do  Estado.  O  processo  de  certificação  dos  itinerários  portugueses  foi  iniciado  no  ano  de  2019,  com  o  objetivo  de  'salvaguardar,  valorizar  e  promover'  aquela  rota  milenar.   

 Entretanto,  foi  constituida  uma  Comissão  de  Certificação,  composta  por  quatro  membros,  com  competências  técnicas  na  área  da  cultura  ou  do  turismo,  responsável  pela  análise  das  candidaturas  e  um  Conselho  Consultivo,  onde  estão  representadas  as  áreas  da  administração  pública  central  e  regional  com  relevância  neste  processo,  além  de  representantes  da  igreja  católica  e  das  associações  de  peregrinos.  Tudo  isto sintetiza-se  num  dispositivo  avaliado,  aliás,  pela  República  Portuguesa,  o  que  quer  dizer  o  seguinte:  Desautorização  de  duplas  soluções,  de  duplos  caminhos  ou  de  alternativas  tresandadas  que  favoreçam  empreendimentos  privados.  Portugal,  a  grandes  traços,  tem  dito  que  um  caminho  inventado  não  pode  substituir  de  jeito  nenhum  um  percurso  medievo  provado  e  constatável. Caminhos  existentes  e  crescentemente  investigados  apuram   o  resto  e  são  bem  concludentes.  A  história  está  do  lado  da  tradição,  do  que  sempre  foi.    

 Assim  sendo,  certificação  do  'Caminho  Português  do  Interior'  é  já  um  facto,  com  214  quilómetros,  oito  municípios  que  cobrem  Viseu,  Castro  Daire,  Lamego,  Peso  da  Régua,  Santa  Marta  de  Penaguião,  Vila  Real,  Vila  Pouca  de  Aguiar  e  Chaves. No  seu  todo  abrange  24  igrejas  ou  capelas  com  o  orago  de  São  Tiago  e  5  albergues  e  hospitais  históricos,  sublinhando  a  importantíssima  praça  militar  flaviense   (Aquae  Flavie-Chaves).  Agora  é  a  vez  do  'Caminho  Minhoto  Ribeiro',  garantidamente.  

(Continuará)  

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