PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(178ª parte)
À pergunta sobre se fosse preciso um qualquer acompanhamento urbano para reabilitar um mosteiro (otro eufemismo...) responder-se-á claramente que não. Responsabilizar de favelismo desordeiro aos 'chalet' de agora é tática que permite absorvê-los sob o álibi do chamado 'Instrumento de Planeamento' e também, já agora, uma maneira muito subtil de ultrajar um território monacal que não era somente o enformado arquitetónico convencional. Mosteiro anda entre a MORAL DE SITUAÇÃO e a desculpa NEOLIBERAL que lhe traz 'Padre Feijóo' - o primeiro da turma, não esqueçam -. Tudo serve de pretexto para concretizar A AVENTURA TURISTIFICADORA; isto já foi assegurado pelos portugueses de toda condição, sem réstia de dúvida, que afirmaram e afirmam calmamente que em Oia vai se concretizar uma mera operação turística e mercantil.
Proprietária privada diz: 'Face esse 'Instrumento de Planeamento' uma equipa multidisciplinar deu forma ao documento que se tem tornado no trabalho mais avançado para a melhora do Mosteiro' (versión de la empresa totalmente unidireccional). 'Real Mosteiro de Oia (o sea, 'RMO'.., o Cuartos, Añadidos y Urbanización) é o edifício mais importante e de maior valor patrimonial cultural da vila (era lo que faltaba, que nos recuerden la evidencia...); porém, mesmo que a sua melhora tenha consistido maiormente na defesa do património comum, os documentos de planeamento atuais não permitem uma adequada reabilitação (¿ qué es según la propietaria una 'adecuada rehabilitación'?). E esta cantiga continúa: 'Isto será um facto 25 anos após a aprovação do atual instrumento de planeamento, visto que nenhuma das iniciativas e propostas dos diferentes proprietários que tentaram reabilitar o mosteiro poderiam ser cumpridas' (Hubo, frente a este nuevo alegato unidireccional, una propuesta de igual tenor del Banco Pastor, directa y sin pelos en la lengua, aunque igual de devastadora. Luego, inmediatamente, aparecieron estos aduladores e 'troca-tintas'; porque yendo al meollo de la cuestión, ¿para qué RENOVAR un espacio - obra constructiva nueva - si la obligación es la de REHABILITAR COMO SE DEBE UN MONASTERIO COMO MANDAN LAS LEYES INTERNACIONALES?).
Nisto anda enfarinhada até o pescoço essa 'moral de situação' atuante, a altíssima margem de discricionariedade política da administração autonómica (que deve ser travada já desde o Estado) e o discurso exclusivo, através de um "prémio", da proprietária. Reabilitar não significa construir Obra Nova ou Aditamento; o 'Enhancement' constitui por si só uma renovação urbana manifesta. Nestes âmbitos monumentais também RENOVA-SE, MAS NÃO REABILITA-SE. Se durante anos o setor da construção apenas, e só, se dedicou, deliberadamente à obra nova, não será de um momento para o outro que ficará capacitado de intervir em áreas tão sensíveis como são as zonas históricas e os monumentos. Favorecimento e impulso do sector da construção é a bússola utilizada em todo o momento pela Xunta e amigos tijoleiros, porque estão expressamente para isso e mais nada. LPCG do ano 2016 justifica essas práticas e o dito texto vulnera o poder legislativo do Estado. Misturar 'alhos com bugalhos' dá nisso, na confusão propositada. Não admira que esta LPCG acabe por não prever a necessidade de colher parecer das entidades de tutela do património arquitetónico e arqueológico, fazendo um trocadilho com os concelhos, com leis setoriais ou com a conveniente 'Declaração de Veneza'. O plano está bem arquitetado.
Mas vamos falar de Carmen Manso Porto e do seu trabalho sobre o mosteiro. Sublinhar a alta componente desmistificadora desses dados que acompanharam essa recolha valiosa de informação. Em primeiro lugar, fica resumida a soberbia de 'RMO' na protelação de todas as boas ações dos seus predecessores ao frente do mosteiro; seguidamente, revela-se um incompleto na pesquisa geral dessa hidraúlica cisterciense em Oia, remetendo o assunto a uma questão simplória de plantas e animais, como se os caudais laterais não fossem propositados. Digam os arqueólogos o que é que acharam no subsolo do mosteiro às claras, dado poder haver surpresas e evidências. Descobrir não será Cobrir. Assim sendo, é devido defender a herança jesuita face os desmandos republicanos que efetivaram tão desastrosa gestão. Os textos de Carmen Manso Porto dizem assim: "(…) Por herencia de los descendientes de Joaquín Alonso, la propiedad pasó a manos del sacerdote Javier Bouso Arias, que realizó valiosas obras para su recuperación (…), " (…) Al parecer a Javier Bouso 《se debe la restauración de la antigua portada abacial, en parte; el hermoseamiento de dependencias interiores; el retejado de sus largas techumbres; (...) la limpieza de tránsitos y salas; (...) el adecentamiento de salas》 (…)". Salienta aliás que: "Por entonces, la Orden del Císter había contactado con el sacerdote para establecer en el monasterio una comunidad de monjas cistercienses, pero no se llegó a ningún acuerdo". Este pormenor é prova dada de querer reabilitar com verdade, espiritualmente, um âmbito monacal. O resto é conversa.
(Continuará)
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