18 de xan. de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  
(178ª parte)  


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia 

 À  pergunta  sobre  se  fosse  preciso  um  qualquer  acompanhamento  urbano  para  reabilitar  um  mosteiro  (otro  eufemismo...)  responder-se-á  claramente  que  não.  Responsabilizar  de  favelismo  desordeiro  aos  'chalet'  de  agora  é    tática  que  permite  absorvê-los  sob  o  álibi  do  chamado  'Instrumento  de  Planeamento'  e  também,  já  agora,  uma  maneira  muito  subtil  de  ultrajar  um  território  monacal  que  não  era  somente  o  enformado  arquitetónico  convencional.  Mosteiro  anda  entre  a  MORAL  DE  SITUAÇÃO  e  a  desculpa  NEOLIBERAL  que  lhe  traz  'Padre  Feijóo'  -  o  primeiro  da  turma,  não  esqueçam  -.  Tudo  serve  de  pretexto  para  concretizar  A  AVENTURA  TURISTIFICADORA;  isto  já  foi  assegurado  pelos  portugueses  de  toda  condição,  sem  réstia  de  dúvida,  que  afirmaram  e  afirmam  calmamente  que  em  Oia  vai  se  concretizar  uma  mera  operação turística  e  mercantil.    
 
 Proprietária  privada  diz: 'Face  esse  'Instrumento  de  Planeamento'  uma  equipa  multidisciplinar  deu  forma  ao  documento  que  se  tem  tornado  no  trabalho  mais  avançado  para  a  melhora  do  Mosteiro'  (versión  de  la  empresa  totalmente  unidireccional).  'Real  Mosteiro  de  Oia  (o  sea,  'RMO'..,  o  Cuartos,  Añadidos  y  Urbanización)  é  o  edifício  mais  importante  e  de  maior  valor  patrimonial  cultural  da  vila  (era  lo  que  faltaba,  que  nos  recuerden  la  evidencia...);  porém,  mesmo  que  a   sua  melhora  tenha  consistido  maiormente  na  defesa  do  património  comum,  os  documentos  de  planeamento  atuais  não  permitem  uma  adequada  reabilitação  (¿ qué  es  según  la  propietaria  una  'adecuada  rehabilitación'?).  E  esta  cantiga  continúa:  'Isto  será  um  facto  25  anos  após  a  aprovação  do  atual  instrumento  de  planeamento,  visto  que  nenhuma  das  iniciativas  e  propostas  dos  diferentes  proprietários  que  tentaram  reabilitar  o  mosteiro  poderiam  ser  cumpridas'  (Hubo,  frente  a  este  nuevo  alegato  unidireccional,  una  propuesta  de  igual  tenor  del  Banco  Pastor,    directa  y  sin  pelos  en  la  lengua,  aunque  igual  de  devastadora.  Luego,  inmediatamente,  aparecieron  estos  aduladores  e  'troca-tintas'; porque  yendo  al  meollo  de  la  cuestión,  ¿para  qué  RENOVAR  un  espacio  -  obra  constructiva  nueva  -  si  la  obligación  es  la  de  REHABILITAR  COMO  SE  DEBE  UN  MONASTERIO  COMO  MANDAN  LAS  LEYES  INTERNACIONALES?).




    
 Nisto  anda  enfarinhada  até  o  pescoço  essa  'moral  de  situação'  atuante,  a  altíssima  margem  de  discricionariedade  política  da  administração  autonómica  (que  deve  ser  travada  já  desde  o  Estado)  e  o  discurso  exclusivo,  através  de  um  "prémio",  da  proprietária.  Reabilitar  não  significa  construir  Obra  Nova  ou  Aditamento;  o  'Enhancement'  constitui  por  si  só  uma  renovação  urbana  manifesta.  Nestes  âmbitos  monumentais  também  RENOVA-SE,  MAS  NÃO  REABILITA-SE.  Se  durante  anos  o  setor  da  construção  apenas,  e  só,  se  dedicou,  deliberadamente  à  obra  nova,  não  será  de  um  momento  para  o  outro  que  ficará  capacitado  de  intervir  em  áreas  tão  sensíveis  como  são  as  zonas  históricas  e  os  monumentos.  Favorecimento  e  impulso  do  sector  da  construção  é  a  bússola  utilizada  em  todo  o  momento  pela  Xunta  e  amigos  tijoleiros,  porque  estão  expressamente  para  isso   e  mais  nada.  LPCG  do  ano  2016  justifica  essas  práticas  e  o  dito  texto  vulnera  o  poder  legislativo  do  Estado.  Misturar  'alhos  com  bugalhos'  dá  nisso,  na  confusão  propositada.  Não  admira  que  esta  LPCG  acabe  por  não  prever  a  necessidade  de  colher  parecer  das  entidades  de  tutela  do  património  arquitetónico  e  arqueológico,  fazendo  um  trocadilho  com  os  concelhos,  com  leis  setoriais  ou  com  a  conveniente  'Declaração  de  Veneza'.  O  plano  está  bem  arquitetado.  
    
 Mas  vamos  falar  de  Carmen  Manso  Porto  e  do  seu  trabalho  sobre  o  mosteiro.  Sublinhar  a  alta  componente  desmistificadora  desses  dados  que  acompanharam  essa  recolha  valiosa  de  informação.  Em  primeiro  lugar,  fica  resumida  a  soberbia  de  'RMO'  na  protelação  de  todas  as  boas  ações  dos  seus  predecessores  ao  frente  do  mosteiro;  seguidamente,  revela-se  um  incompleto  na  pesquisa  geral  dessa  hidraúlica  cisterciense  em  Oia,  remetendo  o  assunto  a  uma  questão  simplória  de  plantas  e  animais,  como  se  os  caudais  laterais  não  fossem  propositados.  Digam  os  arqueólogos  o  que  é  que  acharam  no  subsolo  do  mosteiro  às  claras,  dado  poder  haver  surpresas  e  evidências.  Descobrir  não  será  Cobrir.  Assim  sendo,  é  devido  defender  a  herança  jesuita  face  os  desmandos  republicanos  que  efetivaram  tão  desastrosa  gestão.  Os  textos  de  Carmen  Manso  Porto  dizem  assim:  "(…) Por  herencia  de  los  descendientes  de  Joaquín  Alonso,  la  propiedad  pasó  a  manos  del  sacerdote  Javier  Bouso  Arias,  que  realizó  valiosas  obras  para  su  recuperación  (…), " (…)  Al  parecer  a   Javier  Bouso  《se  debe  la  restauración  de  la  antigua  portada  abacial,  en  parte;  el  hermoseamiento  de  dependencias  interiores;  el  retejado  de  sus  largas  techumbres;  (...) la  limpieza  de  tránsitos  y  salas; (...) el  adecentamiento  de  salas》  (…)".  Salienta  aliás  que:  "Por  entonces,  la  Orden  del  Císter  había  contactado   con  el  sacerdote  para  establecer  en  el  monasterio  una  comunidad  de  monjas  cistercienses,  pero  no  se  llegó  a  ningún  acuerdo".  Este  pormenor  é  prova  dada  de  querer  reabilitar  com  verdade,  espiritualmente,  um  âmbito  monacal.  O  resto  é  conversa.            
      
(Continuará) 

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