PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(177ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Arquiteturas que encobrem um projeto urbano absorvente no rural, MUTUALISTAS ou COMENSALISTAS, são moeda de troca comum nas sociedades de hoje. Precisamente por isso, aquilo que se pretende concretizar em Oia é típico da CIDADE ou do PERIURBANO. Tem-se falado mesmo de ARQUITETURA PARASITA nalguns casos, como algo próprio dessa cidade e como virtude congênita dela; aberta aliás às mais variadas soluções, aos mais variados preconceitos e à mais plural das simpatias; tem-se falado com frequência de ARQUITETURA FRÍVOLA, frivolidade da arquitetura atual em boca de Guillermo Giráldez Dávila, conhecido arquiteto que disse em 2009 o seguinte: 'La arquitectura que se hace ahora es frívola, de escaparate' . Continuando assim: 'Se ha perdido el norte. Tarde o temprano se volverá a cierta sobriedad y racionalidad' ou também 'Se busca antes que nada el escaparate, salir en las revistas y que hablen de uno'. Giráldez remata com outras máximas como esta: 'Se ha perdido la idea de que la arquitectura es un arte cuyo objeto es hacer lugares habitables, y lo que se hace ahora son esculturas con la posibilidad de albergar personas, pero lo que interesa es la escultura'. Finalmente sublinha: 'Se hacen obras que exigen unas estructuras complicadísimas absolutamente innecesarias que suponen un encarecimiento brutal'. Quem formara parte do 'Movimento Moderno', do grupo de Xabier Subías Fagés e Pedro López-Iñigo (representantes destacados do resurgimento da arquitetura contemporânea em Catalunha e Espanha) ou do 'Grupo R', incidia na eficácia da corrente arquitetónica moderna com basamentos racionais.
Problema em Oia é assim explicitado: TRANSIÇÃO PARA UM ÂMBITO NETAMENTE URBANO SERÁ O PROBLEMA BASILAR, INCLUINDO A ABSORÇÃO PROPOSITADA DE 'ÁREAS ANEXAS' QUE SERVEM COMO PRETEXTO PARA ESSE CONDUTO 'INTRA- EXTRA' GERAL NAS PARTES "PROTEGIDAS" DE: 1) UM MOSTEIRO ENCURRALADO POR ACRÉSCIMOS, 2) FALSO CORREDOR ECOLÓGICO E 3) URBANIZAÇÃO ADJACENTE.
Outros entendimentos do processo urbano dar-se-ão, logicamente, mas não serão do foro dum meio rural ainda entendível como tal.
Eis o miolo da questão: Aplicam-se soluções típicas de grandes urbes internacionais onde o experimento e a engenhoca são permitidos por constituirem uma novidade em si, ou um desafio. JUSTAPOSIÇÃO + ARQUITETURA MUTUALISTA são sinónimo de NOVAS VIAS + NOVOS ACRÉSCIMOS que multiplicam as hipóteses da cidade. A base preexistente nutre à futura urbe de inovações e saídas, mas nesses meios urbanos. O rural, ou no caso de Oia o 'Rural Turistificado', é procurado a todo o custo como "prémio" e como passe consentido. Somos forçados a ver uma paisagem nova, urbanizada, onde antes somente havia um espaço 'Tal & Qual', não violado, bem como um território 'per se' que agora condena-se a não existência (razão de ser do dito "Corredor Ecológico", indicado bem entre aspas). Dir-se-á que tais afirmações pertencem ao foro da ignorância, mas existem indícios suficientes para acreditar que se quer CRIAR CIDADE E EQUIPAMENTO CITADINO COM BASE NA TURISTIFICAÇÃO E NA NOVA CENTRALIZAÇÃO DE UM MOSTEIRO. Ninguém pensa na junção de dois conceitos que são opostos.
(Continuará)
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