1 de dec. de 2021

OIA

 PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(172ª parte) 



   

ENCONTROS POLIORCÉTICOS  / Oia

 Concretizando  um  direito  de  réplica  e  uma  posição  alternativa  ao  exposto  na  'Declaração  de  Veneza  de  2007'  (fonte  da  que  suga  tardia  e  oportunamente  'Residencial  Mosteiro  de  Oia'  e  os  ditos  premiados  de  'Rodríguez+Pintos',  dos  que  tratar-se-á  convenientemente)  vamos  continuar  analisando  a  parte  final  desta,  que  assim  se  expressa:  

Artigo  Doze  e  o  seu  Contraditório:    

 Afirma  que  'as  substituições  de  partes  desaparecidas  devem  se  integrar  com  o  conjunto  harmoniosamente,  mas  ao  mesmo  tempo  devem  distinguir-se  do  original  para  que  a  restauração  não  falsifique  a  evidência  histórica  ou  artística'.  Em  contraposição,  alega-se  o  seguinte:  'No  entanto,  isto  não  deve  interpretar-se  como  a   proibição  das  substituições  de  estilo   compatível.  Somente  se  requer  uma  distinção  honesta  da  nova  obra,  que  pode  ser  identificável  com  ajuda  da  informação  interpretativa'.  (Substituições  de  partes  desaparecidas  devem  ser  sempre  exceções  e  não  regra,  sem  traduzir-se  isto  num  alegato  neo-ruskiniano.  Esses  'distinção  do  original'  e  'harmonia'  são  quase  sempre  termos  de  difícil  entendimento.  Falar  de  "substituições  de  estilo  compatível"  é  pura  brincadeira  que  parece  querer  remexer  num  passado  que  a  seguir  vamos  expor:  Ninguém  está  livre  de  culpa  aquando  se  referem  termos  bem  familiares  para  as  populações  de  cidades  históricas  na  Europa  devastada  logo  após  a  Segunda  Guerra  Mundial.  Aludir   a  'substituições',  'anastilose  urbana'  ou  simplesmente  a  'falsificações'  no  restauro  é  tocar  uma  fibra  sensível  de  obrigada  cumplicidade  e  recorrência.  Os  cuidados  finais  acabam  por  ser  pouco  rigorosos  nesse  restauro,  existindo  obviamente  uma  atitude  previdente  e  crítica  da  parte  dos  profissionais  ligados  à  reconstrução.  Fizeram-se  muitas  asneiras,  vale  a  pena  insistirmos  nisto,  para  que  agora  venham  dizer  mal  da  'Carta  de  Veneza  de  1964',  do  excessivo  rigor  desta  e  por  aí  fora...Obviamente,  está  a  deitar-se  por  terra  a  valiosa  aportação  dos  pioneiros  como  John  Ruskin,  Viollet-le-Duc  ou  Camillo  Boito  com  gratuitidade,  sendo  com  efeito  portadores  de  um  ensino  basilar  e  imprescindível  SEM  O  QUAL  AS  ARQUITETURAS  GLOBALIZADAS  NÃO  TERIAM  PERNAS  PARA  ANDAR  (Globalizadas  !?...  expressão  um  tanto  absurda  que  indicia  fusões  e  desmandos  formais  pouco  entendíveis)  .  Tão  confuso  terá  sido  'substituição'  e  'reconstrução'  como  'falsificação'  ou  'anastilose',  tudo  cozinhado  na  mesma  panela.  Esses  ANTES  E  DEPOIS  são  bem  marcantes  para  poder  hierarquizar  o  restauro  desde  o  seu  início  cronológico.  'Declaração  de  Veneza  de  2007'  interrompe  essa  dinâmica  histórica,  tão  curta  aliás,  dando  passo  a  livres  opções  que  visam  de  alguma  maneira  desnaturar  ao  próprio  monumento.  De  facto,  uma  carta  como  a  de  'NARA'  (Japão) -  1994  -  supunha  um  referendo  inegável  do  'espírito  de  1964',  que  agora  dava  acolhimento  a  novas  realidades  extra-europeias.  Tentar  reescrever  a  história  do  restauro  'aos  saltos'  ou  abase  de  SOBREPOSIÇÕES  será  um  regresso,  não  um  progresso).     

 Se  nos  for  permitido,  e  lá  chegaremos  de  certeza,  terminaremos  este  comentário  sobre  a  'Declaração  de  Veneza  de  2007'   e  sobre  os  planos  urbanizadores  de  'RMO'  e  'Rodríguez+Pintos'  em  Oia.    

Artigo precedente.  

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