PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(172ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Concretizando um direito de réplica e uma posição alternativa ao exposto na 'Declaração de Veneza de 2007' (fonte da que suga tardia e oportunamente 'Residencial Mosteiro de Oia' e os ditos premiados de 'Rodríguez+Pintos', dos que tratar-se-á convenientemente) vamos continuar analisando a parte final desta, que assim se expressa:
● Artigo Doze e o seu Contraditório:
Afirma que 'as substituições de partes desaparecidas devem se integrar com o conjunto harmoniosamente, mas ao mesmo tempo devem distinguir-se do original para que a restauração não falsifique a evidência histórica ou artística'. Em contraposição, alega-se o seguinte: 'No entanto, isto não deve interpretar-se como a proibição das substituições de estilo compatível. Somente se requer uma distinção honesta da nova obra, que pode ser identificável com ajuda da informação interpretativa'. (Substituições de partes desaparecidas devem ser sempre exceções e não regra, sem traduzir-se isto num alegato neo-ruskiniano. Esses 'distinção do original' e 'harmonia' são quase sempre termos de difícil entendimento. Falar de "substituições de estilo compatível" é pura brincadeira que parece querer remexer num passado que a seguir vamos expor: Ninguém está livre de culpa aquando se referem termos bem familiares para as populações de cidades históricas na Europa devastada logo após a Segunda Guerra Mundial. Aludir a 'substituições', 'anastilose urbana' ou simplesmente a 'falsificações' no restauro é tocar uma fibra sensível de obrigada cumplicidade e recorrência. Os cuidados finais acabam por ser pouco rigorosos nesse restauro, existindo obviamente uma atitude previdente e crítica da parte dos profissionais ligados à reconstrução. Fizeram-se muitas asneiras, vale a pena insistirmos nisto, para que agora venham dizer mal da 'Carta de Veneza de 1964', do excessivo rigor desta e por aí fora...Obviamente, está a deitar-se por terra a valiosa aportação dos pioneiros como John Ruskin, Viollet-le-Duc ou Camillo Boito com gratuitidade, sendo com efeito portadores de um ensino basilar e imprescindível SEM O QUAL AS ARQUITETURAS GLOBALIZADAS NÃO TERIAM PERNAS PARA ANDAR (Globalizadas !?... expressão um tanto absurda que indicia fusões e desmandos formais pouco entendíveis) . Tão confuso terá sido 'substituição' e 'reconstrução' como 'falsificação' ou 'anastilose', tudo cozinhado na mesma panela. Esses ANTES E DEPOIS são bem marcantes para poder hierarquizar o restauro desde o seu início cronológico. 'Declaração de Veneza de 2007' interrompe essa dinâmica histórica, tão curta aliás, dando passo a livres opções que visam de alguma maneira desnaturar ao próprio monumento. De facto, uma carta como a de 'NARA' (Japão) - 1994 - supunha um referendo inegável do 'espírito de 1964', que agora dava acolhimento a novas realidades extra-europeias. Tentar reescrever a história do restauro 'aos saltos' ou abase de SOBREPOSIÇÕES será um regresso, não um progresso).
Se nos for permitido, e lá chegaremos de certeza, terminaremos este comentário sobre a 'Declaração de Veneza de 2007' e sobre os planos urbanizadores de 'RMO' e 'Rodríguez+Pintos' em Oia.
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