PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(153ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Vamos referir situações caricatas em locais patrimoniais da geografia galega que estão em perigo. A começar por San Paio de Albeos (Crecente- Pontevedra), na Lista Vermelha de 'Hispania Nostra' desde o 17 de dezembro de 2007. Este antigo convento de freiras beneditinas está em mãos privadas, deixado ao Deus dará, cujo dono é um irresponsável pondo à solta um cão mastim aquando há visitas no local (visitas ainda por cima convidativas). Presentar-se-á naturalmente a oportuna denúncia administrativa.
Outro tanto aconteceu em Santa Uxía de Lobás, mosteiro-convento de freiras beneditino, na Lista Vermelha do Património desde o 6 de março de 2020, que recebeu a visitinha de Román Rodríguez, com as promessas de sempre, ficando afinal em nada, em népias de pitiribí. Outra peripécia acontecida no mosteiro de San Pedro de Ramirás, perto de Celanova, mosteiro feminino beneditino também, fala-nos de uma burrice exponencial quando é edificado um lar de idosos colado à igreja, como uma aderência sistematicamente proibida pelas diversas normativas sobre património. Não se importou uma Xunta desleixada, não se importou a edilidade de Ramirás em tempos, visto que aquilo se tornou conformismo visual.
Todavia, para maior surpresa de todos, em San Pedro de Rocas (Esgos-Ourense), primitiva manifestação de eremitismo e arte rupestre, se produz aquilo que só pode ser qualificado de alegado atentado ao património da parte da Xunta galega. Vejam bem que os denunciantes eram privados e a denunciada a Xunta. Esquisito, não é? Os primeiros criaram uma fundação de defesa da arte rupestre até! Vamos então aos factos: Direção Geral de Património Cultural licitou por 13.558, 05 €, em contrato menor, logo após tarefas de limpeza e desbaste abusivos da Deputação de Ourense nos locais de acesso, o que não era mais do que a lavagem selvagem da rocha, ou seja um jato de água a pressão com micro-esferas de areia, pormenor expressamente proibido no restauro patrimonial. Esse incumprimento levou por diante até 26 leis e decretos espanhóis, bem como 8 cartas e recomendações internacionais (falar deste pormenor em Oia é assaz necessário). Houve assim: desprendimentos, desplacamentos, arenização, ampolas, desagregação, meteorização, perdas de suporte, perdas de pátina e mudança cromática. Isto afetou basicamente túmulos, sineiro, fontes, cemitério e santuário rupestre.
Caso do mosteiro de Santa María de San Lourenzo de Penamaior (Lugo), entre Baralla e Becerreá, é sintomático de algumas coisas altamente chamativas. Conjunto monacal de 40.000 m2 quadrados pôs-se a venda, ou quase venda: consta de duas plantas, claustro, uma parte de vivenda e horta. Há uma casa familiar de 248 m2 quadrados (res-do-chão e duas alturas), palheiro, moinho de água com escudo real e quatro hectares de terreno. O templo paroquial está separado na titularidade do resto (Bispado de Lugo) e recolhe xistos em alvenaria, revocos e granito à mistura, o qual lhe confere uma composição dupla e bícroma bem interessante. Sendo que templo e mosteiro estão na chamada Vía Küning, colocamos estas perguntas à 'ACIGAL': Comprador ao desbarato será por acaso um "vizinho de Lugo" e mais nada, ou um testa de ferro, uma figura de proa desta 'ACIGAL'? Pode ser que nos enganemos (ainda não foi feita a compra-venda por esses miseráveis 200.000 - 250.000 €), mas o facto desse "vizinho de Lugo" se adiantar resulta um bocado estranho.
Decreto 2723/ 1982, de 27 de agosto, fez este mosteiro BIC com categoria de monumento histórico- artístico. A dita declaração era anterior à LPHE de 1985 e à Lei 8/1995, de 30 de outubro, de Património Cultural de Galiza, atuando-se conforme esta última lei (são textos bem mais garantistas do que a LPCG de 2016). Assim, Decreto 46/1998, de 30 de janeiro, pelo qual declarava-se a delimitação do entorno de proteção deste mosteiro era algo assumível. No entanto, coletivo 'Patrimonio dos Ancares' solicitava à Xunta e Bispado de Lugo que evitassem o deterioro da igreja (queda de salpico, chapisco ou emboço na fachada principal; humidades; queda de uma prancha metálica entre os sinos e uma janela; publicidade agressiva de festejos à porta). Moral da história: esta é uma história mal contada. Embora Xunta executasse nos anos 90 do século passado e em 2002 algúm trabalho de consolidação, restam por tratar uns 250 edifícios religiosos na zona, visto somente haver 2 bens de interesse cultural.
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