9 de xuño de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(153ª parte) 



   

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia    

 Vamos  referir  situações  caricatas  em  locais  patrimoniais  da  geografia  galega  que  estão  em  perigo.  A  começar  por  San  Paio  de  Albeos  (Crecente- Pontevedra),  na  Lista  Vermelha  de  'Hispania  Nostra'  desde  o  17  de  dezembro  de  2007.  Este  antigo  convento  de  freiras  beneditinas  está  em  mãos  privadas,  deixado  ao  Deus  dará,  cujo  dono  é  um  irresponsável  pondo  à  solta  um  cão  mastim  aquando  há  visitas  no  local  (visitas  ainda  por  cima  convidativas).  Presentar-se-á  naturalmente  a  oportuna  denúncia  administrativa.    

 Outro  tanto  aconteceu  em  Santa  Uxía  de  Lobás,  mosteiro-convento  de  freiras   beneditino,  na  Lista  Vermelha  do  Património  desde  o  6  de  março  de  2020,  que  recebeu  a  visitinha  de  Román  Rodríguez,  com  as  promessas  de  sempre,  ficando  afinal  em  nada,  em  népias  de  pitiribí.  Outra  peripécia  acontecida   no  mosteiro  de  San  Pedro  de  Ramirás,  perto  de  Celanova,  mosteiro  feminino  beneditino  também,  fala-nos  de  uma  burrice  exponencial  quando  é  edificado  um  lar  de  idosos  colado  à  igreja,  como  uma  aderência  sistematicamente  proibida  pelas  diversas  normativas  sobre  património.  Não  se  importou  uma  Xunta  desleixada,  não  se  importou  a  edilidade  de  Ramirás  em  tempos,  visto  que  aquilo  se  tornou  conformismo  visual.



 

 Todavia,  para  maior  surpresa  de  todos,  em  San  Pedro  de  Rocas  (Esgos-Ourense),  primitiva  manifestação  de  eremitismo  e  arte  rupestre,  se  produz  aquilo  que  só  pode  ser  qualificado  de  alegado  atentado  ao  património  da  parte  da  Xunta  galega.  Vejam  bem  que  os  denunciantes  eram  privados  e  a  denunciada  a  Xunta.  Esquisito,  não  é?  Os  primeiros  criaram  uma  fundação  de  defesa  da  arte  rupestre  até!  Vamos  então  aos  factos:  Direção  Geral  de  Património  Cultural  licitou  por  13.558, 05 €,  em  contrato  menor,  logo  após  tarefas  de  limpeza  e  desbaste  abusivos  da  Deputação  de  Ourense  nos  locais  de  acesso,  o  que  não  era  mais  do  que  a  lavagem  selvagem  da  rocha,  ou  seja  um  jato  de  água  a  pressão  com  micro-esferas  de  areia,  pormenor  expressamente  proibido  no  restauro  patrimonial.  Esse  incumprimento  levou  por diante  até  26  leis  e decretos  espanhóis,  bem  como  8  cartas  e  recomendações  internacionais  (falar  deste  pormenor  em  Oia  é  assaz    necessário).  Houve  assim:  desprendimentos,  desplacamentos, arenização,  ampolas,  desagregação,  meteorização,  perdas  de  suporte,  perdas  de  pátina  e  mudança  cromática.  Isto  afetou  basicamente  túmulos, sineiro,  fontes,  cemitério  e  santuário  rupestre.    




 Caso  do  mosteiro  de  Santa  María  de  San  Lourenzo  de  Penamaior  (Lugo),  entre  Baralla  e  Becerreá,  é  sintomático  de  algumas  coisas  altamente  chamativas.  Conjunto  monacal  de  40.000  m2  quadrados  pôs-se  a  venda,  ou  quase  venda:  consta  de  duas  plantas,  claustro,  uma  parte  de  vivenda  e  horta.  Há  uma  casa  familiar  de  248  m2  quadrados  (res-do-chão  e  duas  alturas),  palheiro,  moinho  de  água  com  escudo  real  e  quatro  hectares  de  terreno.  O  templo  paroquial  está  separado  na  titularidade  do  resto  (Bispado  de  Lugo)  e  recolhe  xistos  em  alvenaria,  revocos  e  granito  à  mistura,  o  qual  lhe  confere  uma  composição  dupla  e  bícroma  bem  interessante.  Sendo  que  templo  e  mosteiro  estão  na  chamada  Vía  Küning,  colocamos  estas  perguntas  à  'ACIGAL':  Comprador  ao  desbarato  será  por  acaso  um  "vizinho  de  Lugo"  e  mais  nada,  ou  um  testa  de  ferro,  uma  figura  de  proa  desta  'ACIGAL'?  Pode  ser  que  nos  enganemos   (ainda  não  foi  feita  a  compra-venda  por  esses  miseráveis  200.000 - 250.000  €),  mas  o  facto  desse  "vizinho  de  Lugo"  se  adiantar  resulta  um  bocado  estranho.     

 Decreto  2723/ 1982,  de  27  de  agosto,  fez  este  mosteiro  BIC  com  categoria  de  monumento  histórico- artístico.  A  dita  declaração  era  anterior  à  LPHE  de  1985  e  à  Lei  8/1995,  de  30  de  outubro,  de  Património  Cultural  de  Galiza,  atuando-se  conforme  esta  última  lei  (são  textos  bem  mais  garantistas  do  que  a  LPCG  de  2016).  Assim,  Decreto  46/1998,  de  30  de  janeiro,  pelo  qual  declarava-se  a  delimitação  do  entorno  de  proteção  deste  mosteiro  era  algo  assumível.  No  entanto,  coletivo  'Patrimonio  dos  Ancares'  solicitava  à  Xunta  e  Bispado  de  Lugo  que  evitassem  o  deterioro  da  igreja  (queda  de  salpico,  chapisco  ou  emboço  na  fachada  principal;  humidades; queda  de  uma  prancha  metálica  entre  os  sinos  e  uma  janela;  publicidade  agressiva  de  festejos  à  porta).  Moral  da  história:  esta  é  uma  história  mal  contada.  Embora  Xunta  executasse  nos  anos  90   do  século  passado  e  em  2002  algúm  trabalho  de  consolidação,  restam  por  tratar  uns  250  edifícios  religiosos  na  zona,  visto  somente  haver  2  bens  de  interesse  cultural.   

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