PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(134ª parte)
Escudo dominico en Guimarães, presente tamén nos frescos da igrexa de Oia
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
'Heráldica Popular' não pratica partidismo algúm e manteve-se nos seus postulados, embora houvesse quem desabafasse sem fundamento. Além do mais, disponibilizou-se para resolver uma questão que se quer primordial e que, no entanto, disfarça aquilo que, com verdade, se está a passar em Oia. Conflito entre a heráldica "velha" e a "nova" vem de muito atrás, agudizando-se particularmente no século XIX e iniciado o XX, ao ponto de se ter cronificado em dois bandos: heráldica de linhagens e heráldica de apelidos. Não estará de mais colocar um ponto assente indiscutível que afirma a propria estatística: Ha mais brasões ligados às famílias e ofícios do que às linhagens. No entanto, isto não travou os ciúmes e a dor de cotovelo dos que se sentiam parte da nobreza militar, do estamento posto em causa. Na realidade, passou a ser mais um assunto sociológico na evolução das sociedades europeias já desde a época de finais do Medievo e a Moderna. Assim sendo, 'Heráldica Popular' diz o seguinte: "(…) rechazando expresamente las ideas restrictivas de aquellos que defienden falsamente que el uso de escudos heráldicos debe estar limitado a los descendientes del estamento nobiliario". "(…) el uso de los emblemas heráldicos tiene un interés propio, no subordinado a ninguna relación preestablecida por las teorías elitistas procedentes de sectores nobiliarios". Sumariamente, reclama-se a heráldica gentílica, aquela dos individuos e as suas famílias, tal qual.
Bartolo de Sassoferrato, reconhecido jurisconsulto do século XIV, já afirmava que qualquer pessoa podia utilizar escudos heráldicos como símbolo de identificação pessoal. Nesse século XIV, membros das camadas populares ligados aos ofícios debruçavam o focinho afirmando uma inicial valência como grupo social emergente. Era o início de algo. Mestres canteiros, especieiros, talhantes, impressores, zapateiros, barbeiros e muitos outros provocaram, paradoxalmente e em simultâneo, um movimento de reação nobiliária apartir do século XV. Na origem dessas corporações de ofícios (chamadas 'guildas' ou 'mesteirais') estavam umas agrupações iniciais de comerciantes, artesãos, mestres de obra, etc.. prestes a se tornarem segmento social reclamante. De facto, a Biblioteca Nacional de Espanha, hoje em día, promove "a falsidade histórica de que a heráldica esteja circunscrita aos que têm o direito a utilizar um escudo de armas, geralmente como consequência do outorgamento dum título". Muitas entidades ainda associam heráldica ou genealogia ao nobiliário, alargando mais o divórcio entre os disputantes, como querendo transmitir que tratar-se-á de um simples oxímoro. 'Heráldica Popular' trabalha desde o ano de 2019, às vezes contra vento e maré, por ganhar terreno ao que denominam elitismos preconceituosos. Têm trabalhado para municípios de diferente signo partidário (sendo justo dizer que de alguns deles levaram "tareia"). Ora bem, também não será justo deixar de parte nesse futuro escudo e bandeira municipais o que de mais representativo tem Oia, as referências bernardinas mais prístinas.
(Continuará)
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