27 de feb. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(134ª parte) 

 

      Escudo dominico en Guimarães, presente tamén nos frescos da igrexa de Oia

 

ENCONTROS  POLIORCÉTICOS / Oia

  'Heráldica  Popular'  não  pratica  partidismo  algúm  e  manteve-se  nos  seus  postulados,  embora  houvesse  quem  desabafasse  sem  fundamento.  Além  do  mais,  disponibilizou-se  para  resolver  uma  questão  que  se  quer  primordial  e  que,  no  entanto,  disfarça  aquilo  que,  com  verdade,  se  está  a  passar  em  Oia.  Conflito  entre  a  heráldica  "velha"  e  a  "nova"  vem  de  muito  atrás,  agudizando-se  particularmente  no  século  XIX  e  iniciado  o  XX,  ao  ponto  de  se  ter  cronificado  em  dois  bandos:  heráldica  de  linhagens  e  heráldica  de  apelidos.  Não  estará  de  mais  colocar  um  ponto  assente  indiscutível  que  afirma  a  propria  estatística:  Ha  mais  brasões  ligados  às  famílias  e  ofícios  do  que  às  linhagens.  No  entanto,  isto  não  travou  os  ciúmes  e  a  dor  de  cotovelo  dos  que  se  sentiam  parte  da  nobreza  militar,  do  estamento  posto  em  causa.  Na  realidade,  passou  a  ser  mais  um  assunto  sociológico  na  evolução  das  sociedades  europeias  já  desde  a  época  de  finais  do  Medievo  e  a  Moderna.  Assim  sendo,  'Heráldica  Popular'  diz  o  seguinte:  "(…)  rechazando  expresamente  las  ideas  restrictivas  de  aquellos  que  defienden  falsamente  que  el  uso  de  escudos  heráldicos  debe  estar  limitado  a  los  descendientes  del  estamento  nobiliario".  "(…)  el  uso  de  los  emblemas  heráldicos  tiene  un  interés  propio,  no  subordinado  a  ninguna  relación  preestablecida  por  las  teorías  elitistas  procedentes  de  sectores  nobiliarios".  Sumariamente,  reclama-se  a  heráldica  gentílica,  aquela  dos  individuos  e  as  suas  famílias,  tal  qual.  

   


 Bartolo  de  Sassoferrato,  reconhecido  jurisconsulto  do  século  XIV,  já  afirmava  que  qualquer  pessoa  podia  utilizar  escudos  heráldicos  como  símbolo  de  identificação  pessoal.  Nesse  século  XIV,  membros  das  camadas  populares  ligados  aos  ofícios  debruçavam  o  focinho  afirmando  uma  inicial  valência  como  grupo  social  emergente.  Era  o  início  de  algo.  Mestres  canteiros,  especieiros,  talhantes,  impressores,  zapateiros,  barbeiros  e  muitos  outros  provocaram,  paradoxalmente  e  em  simultâneo,  um  movimento  de  reação  nobiliária  apartir  do  século  XV.  Na  origem  dessas  corporações  de  ofícios  (chamadas  'guildas'  ou  'mesteirais')  estavam  umas  agrupações  iniciais  de  comerciantes,  artesãos,  mestres  de  obra,  etc..  prestes  a  se  tornarem  segmento  social  reclamante.  De  facto,  a  Biblioteca  Nacional  de  Espanha,  hoje  em  día,  promove  "a  falsidade  histórica  de  que  a  heráldica  esteja  circunscrita  aos  que  têm  o  direito  a  utilizar  um  escudo  de  armas,  geralmente  como  consequência  do  outorgamento  dum  título".  Muitas  entidades  ainda  associam  heráldica  ou  genealogia  ao  nobiliário,  alargando  mais  o  divórcio  entre  os  disputantes,  como  querendo  transmitir  que  tratar-se-á  de  um  simples  oxímoro.  'Heráldica  Popular'  trabalha  desde  o  ano  de  2019,  às  vezes  contra  vento  e  maré,  por  ganhar  terreno  ao  que  denominam  elitismos  preconceituosos.  Têm  trabalhado  para  municípios  de  diferente  signo  partidário  (sendo  justo  dizer  que  de  alguns  deles  levaram  "tareia").  Ora  bem,  também  não  será  justo  deixar  de  parte  nesse  futuro  escudo  e  bandeira  municipais  o  que  de  mais  representativo  tem  Oia,  as  referências  bernardinas  mais   prístinas.  

 (Continuará)

 Artigo precedente.   

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