24 de feb. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia

(133ª parte) 

 

Espazo e território asegurados no mosteiro de Bustelo. Non acontece o mesmo en Oia
   

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia   

 No  fastígio  ou  pinhão  acima  do  arco  de  entrada  à  capela  maior  do  templo  do  mosteiro    regista-se  um  fresco  representando  a  águia  imperial  bicéfala  portando  numa  das  garras  um  quartelado  (castelo  e  leão)  e  na  outra  os  emblemas  heráldicos  do  Císter.  Atribuem-se  as  datas  de  finais  do  século  XVII  ou  inícios  do  XVIII  atendendo  às  roupas  das  personagens  que  cá  aparecem:  Alfonso  VII  e  Sancho  o  Desejado.  Escudo  da  CCC  é  do  tipo  4  ou  Completo,  com  3  flores  de  lys  e  banda  de  escaques  em  prata  e  sabre.  A  seguir,  passamos  a  descrever  as  pinturas  heráldicas  no  arco  de  entrada  à  capela  maior,  sendo  de  sublinhar  o  repositório  de  primeiras  abadías  francesas  (La  Ferté,  Morimond,  Pontigny  e  Claraval)  derivadas  de  Citoux  e  que  aparecem  pela  ordem  seguinte:   Temos  13  figuras,  cuja  chave  corresponde-se  com   o  escudo  da  ordem  do  Císter  (Citeaux),  daí  seguindo-se  para  o  lado  sul  estes  símbolos  fechados  por  círculo  (ordem  de  Avis-  Morimundo  ou  Morimond -  San  Mauricio  -  Christus -  Pontimiaco  ou  Pontigny  e  escudo  de  San  Bernardo).  São  6  figuras  acompanhadas  do  lado  norte  por  estas  outras: (ordem  de  Alcântara/  de  Calatrava /  escudo  dos  Dominicos  com  a  sua  característica  cruz /  Montesa/  La  Ferté / Claraval).  Note-se  que  se  designam  em  simultâneo  abadias  francesas  e  ordens  militares  peninsulares.  Reparem  que  o  símbolo  do  mosteiro  de  La  Ferté  é  o  utilizado  pela  associação  cultural  'A.C.A.M.O'  (isto  é  afirmado  pelo  heraldista  José  Ignacio  Rodriguez  González).  São  estas  pinturas  de  um  grande  valor  bernardino  e  europeista;  a  todos  os  efeitos,  a  ligação  à  casa-mãe  francesa  fica  patenteada  sobejamente.  Estamos  perante  um  aparato  heráldico  digno  de  ser  trazido  à  tona,  de  ser  relido.  

 


  Abadia  de  La  Ferté- sur - Grosne,  Saint  Ambreuil,  Borgonha,  foi  uma  das  quatro  fundações  derivadas  da  abadia  principal  de  Citeaux:  La  Ferté,  Morimond,  Pontigny  e  Claraval.  Traduzimos  do  francês  a  significância  do  mestre  Georges  Duby  e  a  sua  ligação  a  este  mosteiro  desde  1952:  "Abadia  de  La  Ferté-sur-Grosne,  primeira  filla  de  Citeaux,  foi  fundada  não  longe  da  abadia-mãe,  desde  1113,  quer  dizer,  mesmo  "ao  día  seguinte"  da  entrada  de  São  Bernardo  a  Citeaux  (1112).  A  fundação  de  La  Ferté  foi  seguida  ao  longo  do  século  XII  de  um  fluxo  de  donações  que  permitiram  à  abadia  de  se  dotar  de  um  importante  património  relativo  à  tenência  da  terra,  à  propriedade.  O  nome  científico  das  'Pancartes'  alude  a  mais  não  outra  coisa  do  que  às  cartas  e  notícias  dessas  donações,  reagrupadas  segundo  uma  formalização  diplomática  original.  Estas  'pancartes'  formam  o  objecto  da  edição  crítica  em  que  foi  sagrado  Georges  Duby  ao  título  da  sua  tese  complementar  de  doutoramento  (1952).  Publicadas  em  1953  num  número  bem  limitado  de  exemplares,  as  'Pancartes  de  la  Ferté'  vieram  rapidamente  a  constituir  um  'introuvable'  ('não  encontrado')  da  bibliografia  do  mestre  dos  estudos  medievais  franceses.  Precedido  por  um  luminoso  prefácio  de  uma  quarentena  de  páginas  a  obra  constitui  portanto  a  indispensável  componente  erudita  da  sua  grande tese  sobre  a  sociedade  'mâconnaise'  (de  Mâcon,  comuna  em  Saône- et - Loire,  Borgonha)  nos  séculos  X - XII.  A  'Bibliotheque  du  Moyen  Age'  está  feliz  de  tornar  de  novo  acessível  ao  público  este  dossiê  documentário  de  um  interesse  excecional  em  razão  mesmo  da  natureza  das  fontes,  da  sua  homogeneidade  e  da  qualidade  da  edição  crítica.  As  'Pancartes'  esclarecem  ao  mesmo  tempo  a  história  da  sociedade  feudal  e  o  rigor  exemplar  com  o  qual  Georges  Duby  sabía  tratar  as  fontes  medievais.  Georges  Michael  Claude  André  Duby  (1919 - 1996)  foi  um  historiador  francês,  especialista  em  Idade  Média.  Deu  início  a  sua carreira  universitária  em  Lyon,  no  ano  de  1949  onde  foi  aluno  e  logo  após  o  término  dos  seus  estudos  tornou-se  professor  assistente,  tendo  sido  posteriormente  professor  na  universidade  de  Bonançoso,  passando  também  por  Aix- en - Provence.  Membro  da  'Academia  Francesa'  e  professor  do  'Collège  de  France'  entre  os  anos  de  1970  e  1992.  Especialista  em  história  medieval,  lançou  mais  de  70  livros  e  coordenou  coleções  importantes,  como  a  conhecida  'História  da  Vida  Privada'.      

 (Continuará)

Artigo precedente.    

Ningún comentario:

Publicar un comentario