Papel do conhecimento e dos animais de trabalho destacados na gestão e conservação das áreas de elevado valor natural
Jornadas focaram o cordão dunar e a Mata Nacional do Camarido
A égua Lola, protagonista dos trabalhos na parte da tarde e
já no exterior, atuando na demostração
prática
Imagem: C.M.C.
Infogauda / Caminha
A gestão e conservação de áreas de elevado valor natural, com o foco no cordão dunar e a na Mata Nacional do Camarido foi tema das Jornadas realizadas este sábado, por iniciativa conjunta da APTRAN - Associação Portuguesa de Tracção Animal, Município de Caminha e Amigos da Rede de Bibliotecas de Caminha.
O auditório da Biblioteca Municipal de Caminha acolheu os trabalhos no período da manhã. O presidente da Câmara Municipal de Caminha abriu as jornadas. Miguel Alves destacou que existem desde logo três formas de olhar para o território, qualquer delas pouco ou nada válida por si só. Por um lado, os fundamentalistas, que defendem que nada deve ser feito; e o seu oposto, quem pretende a exploração ao máximo dos recursos sem olhar à sustentabilidade. Por fim, “os especialistas” das redes sociais, que defendem tudo e o seu contrário. O verdadeiro debate tem de ser feito com especialistas a sério e foi isso que aconteceu. Hélia Marchante, numa palestra on-line, explicou e ilustrou profusamente o tema das “Plantas invasoras nos sistemas dunares: seus impactes e desafios para a conservação”.
A professora na Escola Superior Agrária de Coimbra e investigadora no Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra distinguiu os vários tipos de espécies e mostrou as que existem no concelho, acabando por concluir que, apesar de não existirem espécies más por natureza, as espécies exóticas invasoras são uma das principais causas da perda da biodiversidade a nível global.
A especialista também apresentou respostas, nomeadamente o controlo natural (por exemplo através dos insetos), o correto e profundo conhecimento das espécies e o ajustamento constante dos métodos de controlo. Além, disso, defendeu, é sempre necessário garantir a continuidade do controlo inicial, fazer uma gestão adaptativa, apostar nas espécies nativas, evitar a perturbação do meio e a facilitação, e finalmente destacou a importância da prevenção e da deteção precoce dos problemas, contando com todos, com os cidadãos, que podem e devem participar nesta defesa do ambiente, fornecendo informação do território, que pode ser captada através de um simples telemóvel. Hélia Marchante mostrou por diversas vezes o site https://invasoras.pt/, onde se encontra muita informação disponível.
“O potencial da tracção animal na gestão florestal sustentável” foi o tema seguinte, desenvolvido por João Brandão Rodrigues, presidente da Associação Portuguesa de Tracção Animal. O responsável utilizou dados oficiais, da FAO, para mostrar desde logo a importância atual dos animais neste âmbito. Por exemplo, segundo aquele organismo, existem 300 milhões de animais de trabalho no mundo, dos quais 112 milhões são equídeos (cavalos, burros e híbridos). Frisou também que 300 a 500 milhões de pessoas no mundo dependem dos animais de trabalho.
É todo um universo desconhecido para muitos, que João Brandão Rodrigues expôs e ilustrou profusamente, trazendo à Biblioteca de Caminha exemplos de todo o mundo. A égua Lola, que seria a protagonista dos trabalhos na parte da tarde e já no exterior, foi um exemplo apresentado também pelo especialista, enquanto “parceira” do trabalho da Associação, atuando na demostração prática.
Ainda durante o período da manhã realizou-se uma mesa redonda, com o tema “Desafios na gestão de áreas de alto valor natural., com Vilma Silva, da empresa Território XXI, como moderadora, com as intervenções dos dois palestrantes - Hélia Marchante e João Brandão Rodrigues, a que se juntaram Emanuel Oliveira (técnico consultor na área dos Fogos Florestais) e Rui Batista, do ICNF.
Na parte da tarde, na praia, houve uma demonstração focada no potencial uso da tração animal na gestão de áreas de elevado valor natural, como o cordão dunar.
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