14 de dec. de 2019

OIA

PATRIMÓNIO 

Considerações paisagistas em Oia

(72ª parte) 
 


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia   

 Cartaz da "RMO" bem poderia ser qualificado de publicidade enganosa, aquele que fala de "Trabalhos de Manutenção" e mostra um desenho do mosteiro singelo,  porém afastado da própria ideia da proprietária de fechar os Laranjais. Contrasensos jogam um rol publicitário e estratégico baseado no fabrico da confusão. Há pessoas, residentes, que não podem expressar o seu desgosto pelos planos espúrios destes novos arrumadores do que, com certeza, concretizar-se-á numa nova desfeita para o mosteiro e a sua paisagem cultural. HÁ UMA CONTESTAÇÃO LATENTE À QUAL LHE FALTA CANALIZAÇÃO E VOZ.  (VAMOS SOLETRAR DE VEZ AQUILO QUE SE PASSA NESTAS BANDAS DA PENÍNSULA, A COMEÇAR PELA LETRA "C" E FINALIZANDO EM "O". Uma realidade em quadrissílabo que esmaga toda e qualquer recuperação paisagista. Trata-se disso, de recuperar paisagens e não de suplantá-las. Paisagem não é decorrente de maniqueismos nem de imposições artificiais. 



 Calar vozes disconformes, gerar silêncios gritantes, ditar novas maneiras e comportamentos, tudo em confusa catadupa, na badalada contracenação feita "moda" em Oia, traduziu-se em "felicidade à carta",  em subserviências, en fazer barulho "cultural" e em pôr de parte assuntos fulcrais, de honra identitária. Por trás disto tudo está um negócio e, antes de mais nada, uma estratégia concreta:  Erodir qualidades naturais da costa e a paisagem de entre Baiona e A Guarda;  e ainda mais, dar sequência futura a outros projetos especulativos com a mesma ou distinta assinatura, por forma a descaraterizar e fazer inviável uma inventariação sossegada e cabal das potencialidades turísticas associadas à paisagem. Falta tanta coisa por definir, por assentar legislativamente, que até os próprios regulamentos de leis pretensamente ambientais ficam presos das suas próprias contradições. 

 Um vizinho de Oia dizia-nos há pouco que em tempos nem se podia falar destas coisas. Hoje, tudo simpatizado, conta a miragem, os chamarizes vários que estonteem à população. Obradoiros de Teatro Vizinhal deviam era criar uma consciência local de pertença a um lugar; mas aquilo que se passa é justamente o contrário, ou  seja, abonar a ideia de privados para impor a descura paisagista geral (por ativa ou passiva, tanto faz). O que não  tem assunto é alargar essa "panoplia cultural" aos públicos mais novos (crianças) com linguagens de experimentação calculista que somente visam obtenção de resultados à vista e rápida fidelização de famílias inteiras ao projeto da "RMO". Política de unanimidades revela ausência de debate sobre coisas tão elementais como paisagem e património. Deseducação das camadas mais novas, relativamente a isto, advém puro nojo. Em Oia todo o mundo se conhece e talvez  seja esse o problema. Estratégia externalizante do problema será eventual solução para os demónios familiares que, entretanto, estejam a surgir no imaginário local. Quem terá propiciado qualquer ambiente negativo em redor do mosteiro? Certamente, a população local não; e os defensores da vía legal patrimonial, também não.  Faz-se premente o protagonismo de "S.O.S. Mosteiro" a todos os efeitos.

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