PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(53ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
SOS Mosteiro, como plataforma vizinhal, deve continuar a dar o mote no contencioso oiense. Isenção perante hesitações ou deserções será digna de nota e pauta de atuação. RMO está empenhada na derrota do discurso paisagista e no avanço definitivo das suas inconsistências. Dá-se uma ausência reveladora de quaisquer considerações relativamente a essa paisagem, delatando-se a sí própria na totalidade das vertentes. RMO não atua com neutralidade ou equidistância, visto que o faz desde uma posição de "ordeno e mando", brincando aliás com a inteligência das pessoas, pondo na panela recursos publicitários oportunistas, de chamariz. Velha política faz resto do trabalho. Onde pois se encontra o primado da lei em matéria paisagista? Se políticas contratuais não constituem a melhor solução para proteger as paisagens, unilateralidade da RMO revela ser a melhor prova de que rejeitam qualquer debate que possa evidenciar as suas querências.
Justamente pelo facto do mosteiro estar na posse de privados acontece o que está a acontecer. Existe uma LACUNA, um vazío legal no mosteiro que está a tornar-se AUSÊNCIA DE LEGALIDADE PATRIMONIALISTA. Como ponto de partida, ineludivelmente, é preciso pedir a exclusão de quaisquer projetos urbanísticos nas Zonas de Proteção e Amortecimento que todo BIC ou Monumento possuem. Faz-se bem urgente uma CORRELATIVA BLINDAGEM DA PAISAGEM OIENSE COMO CIRURGIA PREVIDENTE. Nem a proprietária do mosteiro, nem Xunta galega podem "fugir aos encontros", como têm feito com aquele assunto da Lista Vermelha (com verdade, poder-se-ia qualificar tal listado com uma outra cor, que não a verde atual; isso sería dar-lhes um desconto que não merecem). Menosprezo das organizações cidadãs ou vizinhais que acorreram ao auxílio de "Hispania Nostra" reforça sobejamente uma unilateralidade que eliminou pela vía do dissimulo o respeito pelas normativas realmente paisagistas. Oia tem carência de mínimos supostos paisagistas; eis a verdade que incomoda. "PATOS BRAVOS" IMPÕEM-SE À LEI DO PATRIMÓNIO CULTURAL DE GALIZA DESDE UMA SITUAÇÃO FUTURÍVEL E INFELIZMENTE PREVISÍVEL.
Dispomos de um DOCUMENTO, já apresentado no ICOMOS, que quer pôr freio aos planos de turistificação de um ambiente, de um espaço e de uma clara paisagem cultural. Antes de ser fundamentalista ou reducionista, se quer minimalista e queixoso perante diretrizes estabelecidas por ateliês citadinos, cujo único desejo seria ERGUER COMO FOSSE UMA OUTRA UNIDADE LIGADA À GENTRIFICAÇÃO E AO AQUATURISMO. Este produto MIX ameaça muita coisa. DESCONTEXTUALIZAÇÃO de um conjunto monacal será primeira consequência nos campos paisagista, cultural e arquitetónico; some-se a isso uma ARTIFICIALIZAÇÃO DOS ESPAÇOS VERDES, verdadeiro amadorismo jardineiro de "banlieues" periurbanas, típica receita novorriquista implantada em preexistências de paisagem tangível e real. Aí, sentadinhos, é que têm um lugar os guarda-redes socialistas e outros amigos da "Kaleido". Autênticos conseguidores, vindos da cidade olívica, prestes a secundarizar, a deformar esse nosso cordal paisagista único. Vale a pena lutar pelas causas patrimonialistas quanto mais não seja a bem de Oia e o Baixo Minho, a bem da nossa própria auto-estima. Boa receita será a nossa tentativa de INTERNACIONALIZAR ESTE PROBLEMA, visto que Xunta galega fez com que "a coisa não é com ela".
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