PATRIMÓNIO
Almeida na encruzilhada dos vaubanianos
(5ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Almeida (Portugal)
Importa referir momentos cronológicos construtivos em Almeida. Uma quase que miríada de necessidades e reformas informava essas premências militares numa praça que sempre apresentava lagoas na execução das obras. Este local foi alvo de atuações constantes no tempo, faseadas, complementares ou corretoras, de molde a se coadunarem com os desenhos em voga existentes. A passagem do tempo indiciar-nos-á a oportunidade das soluções prevaubanianas, contemporâneas e ulteriores ao Mestre. Contudo, Vauban nunca esteve em Portugal, mas isso não fazía diferença no núcleo basilar da Escola Francesa de fortificação, vasto e complexo, transversalizado e em continua controversa com outras escolas europeias. A praxe portuguesa pôs a prova, “in loco”, tudo isso.
Se em Almeida estavam presentes Lassart, Garsin ou Gilles de Saint Paul, compondo ou inspirando nessa Porta Magistral de São Francisco o desenho alegórico do frontispício do Tratado “Les Fortifications” de Antoine de Ville, de 1628 (com as figuras do Engenheiro e do Operário, “ ingenio et labore”, acompanhado do seu retrato), já Errard-le-Duc tinha criado estruturas arquitetónicas de natureza precedente em Calais, Boulogne, Montreuil, Doullens e Verdun. Antoine de Ville morre, segundo uns, 51 anos antes que Vauban; segundo outros 33 anos.
Interessa salientar o Capítulo V desse Tratado que faz alusão às Qualidade do Terreno, onde vai elencar categorias edafológicas elementares dividindo os solos de apoio às substruções da fortificação em cinco apartados:
1.) Rochosos, bons para a cimentação, mas parcos em fornecimento de terra para as obras.
2.) Gravilhosos, com baixa coesão entre as pedras. A artilharia inimiga concretiza um efeito egativo nestes.
3.) Areosos, não sendo melhores que os anteriores.
4.) Pantanosos, de uma maior utilidade. Excavam-se em Verão e cimentam-se abase de pilotes. Aliás, possuem terra grossa para erguer a muralha.
5.) Argilosos, sendo o erreno mais favorável quanto à resistência e maleabilidade. Aumenta ainda mais a sua coesão com o uso de faginas e madeiras.
Allain Mannesson Mallet, contemporâneo de Vauban e partícipe do ”Pre-carré” Alentejano, sistematiza da sua vez 9 divisões de Solos nos seus ”Travaux de Mars” (1684):
Nível A (a dita Boa Terra, de entre 18 e 20 polegadas. Nível B (Terra Branca, com 5 ou 6 pés). Nível C (Caillouge Blanc, gravilhoso, de 2 pés). Nível D, Delits de sable ou areias. Nível E, Terra Grossa ou Marne, com 3 pés de altura, calcita e argilas. Nível F, Delits de pierre, de pedra, 15 polegadas. A seguir, Nível G, Bancos de marne ou marga dura. Nível H, a gravilha grossa, com 8 a 9 pés e, enfim, o Nível I, a Rocha.
Isto, junto de outros dados, será tratado en posteriores colaborações visando fazer um resumo do percurso construtivo e das aportações teórico-práticas dos intervinientes em Almeida nos séculos XVII e XVIII. Consolidar-se-á também um primeiro elo entre a praça-forte e os autores de origem francesa, indo e vindo, ao e do acontecer simultâneo nambas geografias e calendarizando autores e obras mais próprias da fase Postvauban.
(Continuará...)
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