24 de maio de 2023

OIA

Razões  bastantes  para  rejeitar  o  projeto  privado  de  Oia    


Claustro do Mosteiro de Santa María de Oia
Foto: Antonio José Uris
 


Considerações  paisagistas  em  Oia / Oia

 Sendo  a  motivação  de  natureza  privada,  mosteiro  e  envolvente  deste,  estamos  perante  uma  simples  negociata  que  anda  à  procura  de  ganhos.  Da  igreja  paroquial  passar-se-á,  naturalmente,  às  redondezas  do  próprio  mosteiro,  fundamentando  o  plano  urbano  pretendido.  Nunca  se  mudou  tal  esquema.  Se  a  isso  somarmos  o  encoberto  menosprezo  de  outras  questões  de  certeza  que  faremos  uma  linda  carambola.  A  igreja  hoje  guarda  uma  ficção  baseada  num  antigo  cenóbio  cisterciense  que  não  se  fez  valer,  visto  estar  abandonado  ou  carecer  de  reconhecimento  oficial  como  comunidade  monástica.  Daí  ao  esquecimento  da  O.C.S.O.   e  das  suas  regras  vai  um  pulo,  ponhamos esse  caso  na  tabela.  Qual  será  então  a  adscrição  do  mosteiro  de  Oia?  Certamente  nenhuma  visto  pertencer  à  nada  ou  à  uns  poucos  privados.  Essa  é  a  alma  do  negócio:  tal  será  o  proceder  dos  proprietários.     

 Qual  foi  a  rama  específica  do  mosteiro  de  Oia?  Sabe-se  a  sua  condição,  se  estava  ligado  à  uma  qualquer  Regular  Observância  ou  à  de  Estrita  Observância.  Bem  sabemos  que  na  altura  isto  era  um  impossível;  teríamos  de  esperar  ao  ano  de  1664  para  esclarecer  esta  questão.        

 Resumidamente  a  problemática  de  Oia  tem  traços  simples:  

Oia  no  seu  todo  não  representa  mais  do  que  um  centro  monástico  bipolar  -Castela  e  Portugal-  que  de  alguma  maneira  viu-se  obrigado  a  escolher,  por  forma  a  definir  posses  relativamente  à  âmbitos  geográficos.  Ficou  dentro  da  'Congregação  Cisterciense  de  Castela'. 

Falta  absoluta  de  consideração  e  atitude  suplantadora  quando  se  defende  um  roteiro  jacobeu  que  não  é  tal.  Facilitismo,  matreirice  e  outros  ismos  criaram  um  'Camiño  Olívico  da  Costa'  no  Baixo  Minho,  interrompido  aliás  em  Baiona  ou  Vigo.  Prima  a  razão  citadina. 

Desrespeito  pela  'Carta  de  Veneza'  de  1964  à  hora  de  reinterpretar  as  novas  arquiteturas  pela  via  da  'Declaração  de  Veneza'  de  2007.  Abençoa-se  essa  arquitetura  falsamente  integrada  numa  'unidade  de  estilo'  que  consegue  enterrar  o  enformado  original,  que  magnifica  a  sobreposição,  que  gera  outra  nova  volumetria  comensalista  e  que  destrói  o  mosteiro  tal  qual  era  no  início.  Um  álibi  oportuno  para  processos  turistificados  à  grande  e  pequena  escala.       

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