PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(232ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Vamos falar nestas datas de Manuel - Reyes Mate Rupérez, filósofo e ensaísta nascido em Pedrajas de San Esteban (Valladolid), em 1942. Em simultâneo, lembrar os atos organizados no Rosal pela 'Comissão pela Recuperação da Memória Histórica do Baixo Minho, Condado e Lourinhã', os dias 27 e 28 de Agosto no local de Portecelo. Também, salientar o estreito acompanhamento do I.E.M -Instituto de Estudos Miñorans nestas jornadas comemorativas. Na temática do mosteiro de Oia, no entanto, andamos na discordância.
Manuel - Reyes Mate Rupérez é um filósofo espanhol dedicado à investigação da dimensão política da razão, da história e da religião, e mais concretamente, da memória, os vencidos e o rol da filosofía depois do Holocausto e Auschwitz. As suas obras são exponenciais, além da sua atividade conferencista:
● 'A razão dos vencidos (1991)
● 'Heidegger e o judaísmo e sobre a tolerância compassiva (1998)
● 'Pensar em espanhol (2001)
● 'Memória de Auschwitz' (2003)
● 'Pelos campos de extermínio' (2003)
● 'O judaísmo em Iberoamérica' (2007)
● 'A herança do esquecimento' (2008)
● 'Justiça das vítimas' (2008)
● 'Tratado da injustiça' (2011)
● 'A pedra rejeitada' (2013)
● 'O tempo, tribunal da história' (2018)
Numa recente intervenção pública do palestrante, disse frases como as que se seguem: 'Não se pode confundir a paz com o esquecimento', 'A memória é o advogado das vítimas', 'A Lei de Memória Democrática fica curta'. Prêmio Nacional de Ensaio em 2008, com 'A herança do esquecimento', Manuel- Reyes Mate Rupérez colmata um dos pensamentos mais celebrados na atual filosofia espanhola. Diz ele assim: 'Na Antiguidade a memória era um sentimento menor, mudando radicalmente na Idade Média onde o passado converte-se em norma, perdendo-se o interesse na investigação. Uma outra mudança radical se produz com a Modernidade, onde só interessa o presente. A Modernidade é amnésica'.
'A memória na atualidade nasce nos campos de extermínio da Segunda Guerra Mundial. Essa solução final que propunham os nazistas era um 'projeto de esquecimento', sendo nesse ponto no que a memória é a resposta a tal desafío. E muito embora reconheça que nos últimos trinta anos existe um maior interesse no conceito de memória, pergunta-se ele próprio se temos conseguido interromper a barbárie. Indo mais longe e reflectindo sobre estas questões apura assim: Se lembramos a barbárie e esta, no entanto, repete-se, de que serve a nossa memória? Lamenta, aliás, que esta barbárie tem continuado e goza presentemente de muito boa saúde'.
Segundo Reyes Mate há três tipos de memória: a MEMÓRIA PERVERSA, utilizando o passado em proveito do presente. Posteriormente, A MEMÓRIA JUSTA, na que esta identifica-se com a justiça baseando-se no seguinte: Sem a lembrança da injustiça não haveria interesse na justiça. É esta a conceição mais comum no mundo hoje em dia. O terceiro tipo de memória será o DEVER DE MEMÓRIA, quer dizer uma nova forma de conhecimento cuja base gravita em repensar a memória a partir da barbárie para que a primeira não torne a repetir-se. Isto implicaria uma reformulação de todas as formas de organização social (política, ética, direito ou moral). Exemplifica tal paradigma salientando que este DEVER DE MEMÓRIA questionaria o progresso, já comparado com o fascismo. Fascismo e progresso convergem à hora de sacrificar uma parte da sociedade de molde a cumprir os seus objectivos.
(Continuará)
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