31 de ago. de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(232ª parte) 

Manuel - Reyes  Mate  Rupérez,  filósofo  e  ensaísta

  
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia    

 Vamos  falar  nestas  datas  de  Manuel - Reyes  Mate  Rupérez,  filósofo  e  ensaísta  nascido  em  Pedrajas  de  San  Esteban  (Valladolid),  em  1942.  Em  simultâneo,  lembrar  os  atos  organizados  no  Rosal  pela  'Comissão  pela  Recuperação  da  Memória  Histórica  do  Baixo  Minho,  Condado  e  Lourinhã',  os  dias  27  e  28  de  Agosto  no  local  de  Portecelo.  Também,  salientar  o  estreito  acompanhamento  do  I.E.M  -Instituto  de  Estudos  Miñorans  nestas  jornadas  comemorativas.  Na  temática  do  mosteiro  de  Oia,  no  entanto,  andamos  na  discordância.     

 Manuel - Reyes Mate Rupérez  é  um  filósofo  espanhol  dedicado  à  investigação  da  dimensão  política  da  razão,  da  história  e  da  religião,  e  mais  concretamente,  da  memória,  os  vencidos  e  o  rol  da  filosofía  depois  do  Holocausto  e  Auschwitz.  As  suas  obras  são  exponenciais,  além  da  sua  atividade  conferencista:  

'A  razão  dos  vencidos  (1991) 

'Heidegger  e  o  judaísmo  e  sobre  a  tolerância  compassiva  (1998) 

'Pensar  em  espanhol  (2001) 

'Memória  de  Auschwitz'  (2003) 

'Pelos  campos  de  extermínio'  (2003) 

'O  judaísmo  em  Iberoamérica'  (2007) 

'A  herança  do  esquecimento'  (2008) 

'Justiça  das  vítimas'  (2008) 

'Tratado  da  injustiça'  (2011) 

'A  pedra  rejeitada'  (2013) 

'O  tempo,  tribunal  da  história'  (2018)    

 Numa  recente  intervenção  pública  do  palestrante,  disse  frases  como  as  que  se  seguem:  'Não  se  pode  confundir  a  paz  com  o  esquecimento''A  memória  é  o  advogado  das  vítimas',  'A  Lei  de  Memória  Democrática  fica  curta'.  Prêmio  Nacional  de  Ensaio  em  2008,  com  'A  herança  do  esquecimento', Manuel- Reyes Mate Rupérez  colmata  um  dos  pensamentos  mais  celebrados  na  atual  filosofia  espanhola.  Diz  ele  assim:  'Na  Antiguidade  a  memória  era  um  sentimento  menor,  mudando  radicalmente  na  Idade  Média  onde  o  passado  converte-se  em  norma,  perdendo-se  o  interesse  na  investigação.  Uma  outra  mudança  radical  se  produz  com  a  Modernidade,  onde  só  interessa  o  presente.  A  Modernidade  é  amnésica'.    





 'A  memória  na  atualidade  nasce  nos  campos  de  extermínio  da  Segunda  Guerra  Mundial.  Essa  solução  final  que  propunham   os  nazistas  era  um  'projeto  de  esquecimento',  sendo  nesse  ponto  no  que  a  memória  é  a  resposta  a  tal  desafío.  E  muito  embora  reconheça  que  nos  últimos  trinta  anos  existe  um  maior  interesse  no  conceito  de  memória,  pergunta-se  ele  próprio  se  temos  conseguido  interromper  a  barbárie.  Indo  mais  longe  e  reflectindo  sobre  estas  questões  apura  assim:  Se  lembramos  a  barbárie  e  esta,  no  entanto,  repete-se,  de  que  serve  a  nossa  memória?  Lamenta,  aliás,  que  esta  barbárie  tem  continuado  e  goza  presentemente  de  muito  boa  saúde'.    

 Segundo  Reyes  Mate  há  três  tipos  de  memória:  a  MEMÓRIA  PERVERSA,  utilizando  o  passado  em  proveito  do  presente.  Posteriormente,  A  MEMÓRIA  JUSTA,  na  que  esta  identifica-se  com  a  justiça  baseando-se  no  seguinte:  Sem  a  lembrança  da  injustiça  não  haveria  interesse  na  justiça.  É  esta  a  conceição  mais  comum  no  mundo  hoje  em  dia.  O  terceiro  tipo  de  memória  será  o  DEVER  DE  MEMÓRIA,  quer  dizer  uma  nova  forma  de  conhecimento  cuja  base  gravita  em  repensar  a  memória  a partir  da  barbárie  para  que  a  primeira  não  torne  a  repetir-se.  Isto  implicaria  uma  reformulação  de  todas  as  formas  de  organização  social  (política,  ética,  direito  ou  moral).  Exemplifica  tal  paradigma  salientando  que  este  DEVER  DE  MEMÓRIA  questionaria  o  progresso,  já  comparado  com  o  fascismo.  Fascismo  e  progresso  convergem  à  hora  de  sacrificar  uma  parte  da  sociedade  de  molde  a  cumprir  os  seus  objectivos. 

 (Continuará) 

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