PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(204ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Foi apurada toda a componente hidraúlica, superior e inferior, no mosteiro de Oia? Gostávamos de ouvir alguma mensagem da parte da 'RMO' e já expressamos por escrito esta questão, que não é menor. A pesquisa é constante ou faseada por etapas? As equipas arqueológicas de quém dependem, da Xunta galega, da 'RMO', ou de ambas? Qual é o histórico de campanhas arqueológicas realizadas no mosteiro? O quê é que vem ao de cima, razões interesseiras e imediatistas ou razões ajustadas à prática arqueológica comum? Estas são perguntas normais e correntes aquando a gente toma as rédeas de qualquer ação patrimonial de caráter público. Mas o assunto muda de figura se o proprietário for privado, garantidamente; não estamos a inventar nada de novo. Onde é que estará a impertinência se a houver?
Jorge Virgolino Ferreira apresenta 'Ana Margarida Martinho' como mais uma autora do alcobacense, incidindo no estado de incúria e abandono em que jazia aquele antigo espaço monástico. Refere assim: 'De facto, ao longo da segunda metade de Oitocentos e durante o primeiro terço da centúria seguinte, os "remendos" efectuados em Alcobaça foram esporádicos e pontuais, executados só em casos de acentuada urgência, por falta de dotação orçamental específica. Apenas a partir da década de 1930, graças ao dinamismo da recém-criada DGEMN - Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais - , esta igreja beneficiou de um programa de manutenção e de conservação sistemático, com afectação de recursos próprios. E o senhor Virgolino continua: 'O edifício encontrava-se esquecido, maltratado e bastante desfigurado no seu prospecto medieval, mormente na zona da cabeceira, pela profusão de obras e equipamentos adventícios, fabricados durante os séculos XVI a XVIII, em decorrência das orientações contra-reformistas tridentinas ou filiados no esplendor do decoro romano'.
'O planeamento das obras inclui a reintegração do complexo eclesial e da sacristia nova à sua harmonia formal e estilística originais, com a desobstrução dos edifícios anexados. O "regresso" à antiga sobriedade cisterciense foi considerado uma tarefa de fácil alcance pelo arquiteto 'Baltazar de Castro', menciona Virgolino Ferreira, que acrescenta: 'O estudo de 'Ana Margarida Martinho' expõe as realidades materiais do edifício, a necessidade das obras de conservação e o curso das atividades de restauro e salvaguarda da harmonia inicial do conjunto monástico alcobacense, afim de o libertar de todas as excrescências barrocas consideradas inestéticas ou inúteis pelos técnicos da DGEMN, campanha que se prolongou até ao redor de 1960. As ações efectuadas pela DGEMN obedeceram ao contexto sociocultural genericamente difundido pela Europa, em que o propósito nacionalista era "obrigar" o monumento a regressar à sua forma primigénia original'.
VEM MESMO A CALHAR ESTABELECERMOS UMA COMPARATIVA COM OIA NO SENTIDO DE VALORIZAR TODAS E CADA UMA DAS AÇÕES DE RESTAURO NA HISTÓRIA, VERDADEIRA ESCOLA TEMPORAL DE ACERTOS OU ERROS. O MOSTEIRO DE OIA CONSTITUI UM SOMATÓRIO PROVADO DE IMPROVISAÇÕES, CÂMBIOS DE MÃO E OPORTUNISMOS. O achado da 'tombstone', da lapide na padieira da casa de um particular foi uma boa notícia, mas também a constatação de outras coisas. Igualmente, a aplicação de armações em madeira ou madeiramentos, ao desbarato, nas coberturas evidencia desconhecimentos quanto à hidraúlica superior de um mosteiro. Trataram apuradamente do subsolo de todo o cenóbio ?
Em Portugal os estudos de hidraúlica cisterciense estão em voga, oferecem uma vantagem notória relativamente a trabalhos feitos em Espanha, constituindo um sério aviso a grupos privados especulativos empenhados em negar o contributo do Císter na implantação dos basamentos dos mosteiros, precisados de um apuramento bem mais exigente que deve condicionar qualquer PLANO URBANO ADERENTE. PORQUE DISSO SE TRATA, DE PÔR EM CAUSA A NATUREZA ADERENTE DE TODA URBANIZAÇÃO 'EX NOVO'.
(Continuará)
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