8 de abr. de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(197ª parte)  

  

Mosteiro de Alcobaça (Portugal) 

Foto: Vítor Oliveira

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 Resulta  oportuno  fazer  uma  consideração  da  carta  que  me  remitiu  Jorge  Virgolino  Ferreira,  por  quanto  resume  à  perfeição  interesses  encontrados  no  âmbito  da  história  monástica,  designadamente  a  cisterciense.  Diz  assim: 'Caro  Sr.  José  Buiza,  muito  obrigado  pelo  seu  e-mail!  Dada  a  forma  de  vida  em  autarcia  dos  antigos  monges  cistercienses,  a  água  desempenhou  um  papel  crucial,  indispensável  para  o  florescimento  dos  sítios  de  implantação  bem  como  para  a  prosperidade  dos  seus  mosteiros.  Por  isso,  a  leitura  de  um  mosteiro  cisterciense  histórico  FICARÁ  NECESSARIAMENTE  INCOMPLETA  SEM  O  CONHECIMENTO  DA  SUA  INFRAESTRUTURA  HIDRAÚLICA.  Para  mais  esclarecimentos  sobre  a  hidraúlica  dos  cistercienses,  matéria  que  estudo  há  mais  de  três  décadas,  permito-me  sugerir-lhe  a  leitura  de  alguns  textos  meus  disponíveis  em  'https ://  universityofevora.academia.edu/ virgolinojorge'.  Para  o  caso  de  lhe  interessar,  envio-lhe  a  informação  anexa  do  'IV  Encontro  Internacional  de  Abadias  Cistercienses'  a  realizar  nos  próximos  dias  8  e  9  de  Abril,  no  mosteiro  de  Alcobaça.  Haverá  uma  comunicação  sobre  o  mosteiro  de  Oia.  Não  hesite  em  contactar-me,  para  outros  esclarecimentos  pontuais.  Desejo-lhe  muita  saúde e  bem-estar  e  êxitos  para  as  suas  pesquisas.  Saudações  cordiais.  Virgolino  Jorge.' 

 


 

 Dia  8  de  abril, pelas  16,15  horas  portuguesas,  começará  o  Painel  2  titulado  'ADVERSIDADE,  RESILIÊNCIA  E  OPORTUNIDADES  EM  TEMPO  DE  PANDEMIA:  ESTUDOS  DE  CASO'.  Xoán  Martínez  Reboredo,  homem  de  negócios,  tentará  escoar  o  seu  produto  empresarial  e  turístico  junto  de  comunicações  várias  que  fazem  menção  ao  mosteiro  de  São  Cristóvão  de  Lafões,  à  abadia  de  Villers-la-Ville,  à  abadia  de  Clairvaux,  situação  atual  dos  mosteiros  cistercienses  na  Suécia  e  caso  do  mosteiro  de  Odivelas.  São  comunicações  aparentemente  uniformes  que,  à  socapa  de  tudo,  escondem  um  projeto  urbanizador  neto  que  arrastará  consigo  um  mosteiro  do  Císter,  privando-o  de  maior  trabalho  arqueológico,  utilizando  aditamentos  de  3.200  metros  quadrados  e  condenando  à  subserviência  espacial  ao  próprio  cenóbio.  Tal  é  o  propósito  da  dita  comunicação:  substanciar  o  disparate.  'The  monastery  of  Oia,  the  challenge  of  sustainability  applied  to  heritage'  é  o  afectado  título  de  uma  das  comunicações.    

 Às  14,30  horas  do  dia  seguinte,  Jorge  Virgolino  Ferreira,  da  Universidade  de  Evora,  ministrará  no  ciclo  de  Conferências  'O  saber  hidraúlico  dos  Cistercienses'.  Mais  tarde,  D.  Lluc  Torcal,  Procurador  Geral  da  Ordem  do  Císter,  incidirá  na  palestra  'A  criação  da  paisagem  cisterciense:  elementos  simbólicos  e  espirituais  encarnados'.  Às  17,00  horas,  Ana  Pagará,  da  Direção  Geral  do  Património  Cultural  portuguesa  falará  de   "Le  Rêve  Cistercien":  o  contributo  dos  sítios  cistercienses  para  a  disseminação  dos  valores  da  UNESCO'.  A  comparativa  entre  palestras  diz  tudo,  é  exponencial.  

 Um  mosteiro  escolhido  para  concretizar  uma  variante  do  'Caminho  Português  da  Costa'  (histórico  e  legítimo)  através  da  desenvolvista  e  neo-liberal  LPCG  de  2016,  concita  vontades  entre  personagens  mediucos  e  secundários  e  põe  em  evidência  as  ligações  de  grupos  privados  com  castas  políticas.    

(Continuará) 

 Artigo precedente. 

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