PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(197ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Resulta oportuno fazer uma consideração da carta que me remitiu Jorge Virgolino Ferreira, por quanto resume à perfeição interesses encontrados no âmbito da história monástica, designadamente a cisterciense. Diz assim: 'Caro Sr. José Buiza, muito obrigado pelo seu e-mail! Dada a forma de vida em autarcia dos antigos monges cistercienses, a água desempenhou um papel crucial, indispensável para o florescimento dos sítios de implantação bem como para a prosperidade dos seus mosteiros. Por isso, a leitura de um mosteiro cisterciense histórico FICARÁ NECESSARIAMENTE INCOMPLETA SEM O CONHECIMENTO DA SUA INFRAESTRUTURA HIDRAÚLICA. Para mais esclarecimentos sobre a hidraúlica dos cistercienses, matéria que estudo há mais de três décadas, permito-me sugerir-lhe a leitura de alguns textos meus disponíveis em 'https :// universityofevora.academia.edu/ virgolinojorge'. Para o caso de lhe interessar, envio-lhe a informação anexa do 'IV Encontro Internacional de Abadias Cistercienses' a realizar nos próximos dias 8 e 9 de Abril, no mosteiro de Alcobaça. Haverá uma comunicação sobre o mosteiro de Oia. Não hesite em contactar-me, para outros esclarecimentos pontuais. Desejo-lhe muita saúde e bem-estar e êxitos para as suas pesquisas. Saudações cordiais. Virgolino Jorge.'
Dia 8 de abril, pelas 16,15 horas portuguesas, começará o Painel 2 titulado 'ADVERSIDADE, RESILIÊNCIA E OPORTUNIDADES EM TEMPO DE PANDEMIA: ESTUDOS DE CASO'. Xoán Martínez Reboredo, homem de negócios, tentará escoar o seu produto empresarial e turístico junto de comunicações várias que fazem menção ao mosteiro de São Cristóvão de Lafões, à abadia de Villers-la-Ville, à abadia de Clairvaux, situação atual dos mosteiros cistercienses na Suécia e caso do mosteiro de Odivelas. São comunicações aparentemente uniformes que, à socapa de tudo, escondem um projeto urbanizador neto que arrastará consigo um mosteiro do Císter, privando-o de maior trabalho arqueológico, utilizando aditamentos de 3.200 metros quadrados e condenando à subserviência espacial ao próprio cenóbio. Tal é o propósito da dita comunicação: substanciar o disparate. 'The monastery of Oia, the challenge of sustainability applied to heritage' é o afectado título de uma das comunicações.
Às 14,30 horas do dia seguinte, Jorge Virgolino Ferreira, da Universidade de Evora, ministrará no ciclo de Conferências 'O saber hidraúlico dos Cistercienses'. Mais tarde, D. Lluc Torcal, Procurador Geral da Ordem do Císter, incidirá na palestra 'A criação da paisagem cisterciense: elementos simbólicos e espirituais encarnados'. Às 17,00 horas, Ana Pagará, da Direção Geral do Património Cultural portuguesa falará de "Le Rêve Cistercien": o contributo dos sítios cistercienses para a disseminação dos valores da UNESCO'. A comparativa entre palestras diz tudo, é exponencial.
Um mosteiro escolhido para concretizar uma variante do 'Caminho Português da Costa' (histórico e legítimo) através da desenvolvista e neo-liberal LPCG de 2016, concita vontades entre personagens mediucos e secundários e põe em evidência as ligações de grupos privados com castas políticas.
(Continuará)
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