PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(198ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
'Camiño Portugués pola Costa', oficializado pela Lei do Património Cultural de Galicia do ano de 2016, texto desenvolvista e neo-liberal da época Feijóo, sagra em definitivo a opção mais agressiva protagonizada pela classe política bipartidista relativamente aos caminhos para Santiago. Paralelismo entre este 'Camiño' e o mosteiro de Oia não é casual, antes bem é propositado e faz possível aquilo que em outros âmbitos seria um acto pouco refletido. A dita 'Lei Tijolo' não tem opositores, ainda que foi redigida numa ambiência caracterizada pela eclosão do PRIVADO em tudo quanto era sítio. Assim, a MANIFESTAÇÃO EÓLICA, nas alturas e no mar, faz parte de planos de concretização do que uma filósofa, escritora e política, Pilar Allegue Aguete, definia como 'política de extrema direita' do senhor Feijóo na Galiza. Urbanismo à carta, como no caso oiense, vai parelho a COLONIZAÇÃO, a DESRESPEITO PELA PAISAGEM, são figuras combinadas. Não se trata de exagero nenhum ou de casualidades encontradas ao acaso; políticas em terra têm muito a ver com leis misturadas onde, à conveniência, opta-se por uma oportuna lei setorial para dar cabo da paisagem toda. 'Laisser faire' é que conta -com efeito, traduzido a laxismo, a facilitismo- . Desta temática já fez referência o próprio 'Conselho da Cultura Galega'.
No mesmo pacote vão turistificação, novíssimo caminho e eólicas. Bipartidismo nestas bandas do sul da Galiza tem o seu próprio relato da mão do senhor Abel Caballero e Vicepresidente Rueda. Uns e outros tentam fazer rasteira permanente aquando toca assinalar esse "camiño por Vigo", sabendo sobejamente que tal ideia só é acarinhada por um grupo privado e a LPCG de 2016. Oponhamos a tais delírios mercantis a singeleza dos 25 anos da 'Fraternidade de Laicos Cistercienses' no mosteiro de Huerta. Citemos o encontro dos 'Laicos Cistercienses' de fevereiro de 2006 no mosteiro de São Clemente de Sevilla. Lembremos esse 'Encontro Internacional de Laicos associados a Mosteiros Cistercienses' celebrado em Lourdes entre o 14 e 21 de junho do ano 2014 (comemorando a VII edição, aliás). Façamos um histórico dos 'Encontros de Laicos', cada 3 anos, elencando as suas edições: Quilvo em 2000; Conyers em 2002; Clairvaux em 2005; Huerta em 2008; Dubuque em 2011; Lourdes em 2014; Ávila em 2017. Citemos as palavras de 'Dom Maur Cocheril': 'Quando os monges, durante séculos e séculos, impressionaram com a sua marca uma terra, ainda que não ficasse da moradia dos monges senão uma pedra que se desagrega, senão um grão de areia que se desmorona, a pedra, a areia falam dos monges. Mesmo que a pedra e o grão de areia desaparecessem, a terra, a velha e nobre terra, a terra sobre a qual os monges se debruçavam, o vale em que rezavam, as árvores que plantavam continuariam a falar deles. Porque, durante séculos e séculos os monges impressionaram com a sua marca uma terra'.
'Dom Maur Cocheril' (1914-1982) é referência fundamental na história do Cister português e europeu. Monge em Alcobaça, dedicou uma vida inteira ao estudo e publicação dos mosteiros da ordem.
(Continuará)
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