12 de abr. de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(198ª parte)  


San Clodio, Leiro. 'Caminho Minhoto Ribeiro'

ENCONTROS  POLIORCÉTICOS / Oia 

 'Camiño  Portugués  pola  Costa',  oficializado  pela  Lei  do  Património  Cultural  de  Galicia  do  ano  de  2016,  texto  desenvolvista  e  neo-liberal  da  época  Feijóo,  sagra  em  definitivo  a  opção  mais  agressiva  protagonizada  pela  classe  política  bipartidista  relativamente  aos  caminhos  para  Santiago.  Paralelismo  entre  este  'Camiño'  e  o  mosteiro  de  Oia  não  é  casual,  antes  bem  é  propositado  e  faz  possível  aquilo  que  em  outros  âmbitos  seria  um  acto  pouco  refletido.  A  dita  'Lei  Tijolo'  não  tem  opositores,  ainda  que  foi  redigida  numa  ambiência  caracterizada  pela  eclosão  do  PRIVADO  em  tudo  quanto  era  sítio.  Assim,  a  MANIFESTAÇÃO  EÓLICA,  nas  alturas  e  no  mar,  faz  parte  de  planos  de  concretização  do  que  uma  filósofa,  escritora  e  política,  Pilar  Allegue Aguete,  definia  como  'política  de  extrema  direita'  do  senhor  Feijóo  na  Galiza.  Urbanismo  à  carta,  como  no  caso  oiense,  vai  parelho  a  COLONIZAÇÃO,  a  DESRESPEITO  PELA  PAISAGEM,  são  figuras  combinadas.  Não  se  trata  de  exagero  nenhum  ou  de  casualidades  encontradas  ao  acaso;  políticas  em  terra  têm  muito  a  ver  com  leis  misturadas  onde,  à  conveniência,  opta-se  por  uma  oportuna  lei  setorial  para  dar  cabo  da  paisagem  toda.  'Laisser  faire'  é  que  conta   -com  efeito,  traduzido  a  laxismo,  a  facilitismo- .  Desta  temática  já  fez  referência  o  próprio  'Conselho  da  Cultura  Galega'.  

   

Templo da Veracruz (O Carballiño). 'Caminho Minhoto Ribeiro' 
 

 No  mesmo  pacote  vão  turistificação,  novíssimo  caminho  e  eólicas.  Bipartidismo  nestas  bandas  do  sul  da  Galiza  tem  o  seu  próprio  relato  da  mão  do  senhor  Abel  Caballero  e  Vicepresidente  Rueda.  Uns  e  outros  tentam  fazer  rasteira  permanente  aquando  toca  assinalar  esse  "camiño  por  Vigo",  sabendo  sobejamente  que  tal  ideia  só  é  acarinhada  por  um  grupo  privado  e  a  LPCG  de  2016.  Oponhamos  a  tais  delírios  mercantis  a  singeleza  dos  25  anos  da  'Fraternidade  de  Laicos  Cistercienses'  no  mosteiro  de  Huerta.  Citemos  o  encontro  dos  'Laicos  Cistercienses'  de  fevereiro  de  2006  no  mosteiro  de  São  Clemente  de  Sevilla.  Lembremos  esse  'Encontro  Internacional  de  Laicos  associados  a  Mosteiros  Cistercienses'  celebrado  em  Lourdes  entre  o  14  e  21  de  junho  do  ano  2014  (comemorando  a  VII  edição,  aliás).  Façamos  um  histórico  dos  'Encontros  de  Laicos',  cada  3  anos,  elencando  as  suas  edições:  Quilvo  em  2000;  Conyers  em  2002; Clairvaux  em  2005; Huerta  em  2008;  Dubuque  em  2011;  Lourdes  em  2014;  Ávila  em  2017.  Citemos  as  palavras  de  'Dom  Maur  Cocheril':  'Quando  os  monges,  durante  séculos  e  séculos,  impressionaram  com  a  sua  marca  uma  terra,  ainda  que  não  ficasse  da  moradia  dos  monges  senão  uma  pedra  que  se  desagrega,  senão  um  grão  de  areia   que  se  desmorona,  a  pedra,  a  areia  falam  dos  monges.  Mesmo  que  a  pedra  e  o  grão  de  areia  desaparecessem,  a  terra,  a  velha  e  nobre  terra,  a  terra  sobre  a  qual  os  monges  se  debruçavam,  o  vale  em  que  rezavam,  as  árvores  que  plantavam  continuariam  a  falar  deles.  Porque,  durante  séculos  e  séculos  os  monges  impressionaram  com  a  sua  marca  uma  terra'.  

 'Dom  Maur  Cocheril'   (1914-1982)  é  referência  fundamental  na  história  do  Cister  português  e  europeu.  Monge  em  Alcobaça,  dedicou  uma  vida  inteira  ao  estudo  e  publicação  dos  mosteiros  da  ordem.  

(Continuará)     

 Artigo precedente.

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