PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(190ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Diz 'Ana Patrícia R. Alho' relativamente à arquitetura dos cistercienses: 'Não existe um regulamento formal dado, como se pode dizer que existe para outras ordens, como por exemplo os dominicanos e os franciscanos, no entanto a austeridade e a sobriedade dos edifícios, do seu equipamento artístico e decorativo AFIRMAM-SE COMO VALORES DE EXIGÊNCIA FORMAL, PROIBINDO-SE TODAS AS SUPERFLUIDADES QUE NÃO ESTEJAM DE ACORDO COM A MORFOLOGIA E A EXPRESSÃO ESTÉTICA CISTERCIENSE E O SEU ESTILO DE VIDA DESPOJADO E SUBLIME'. Constitui este outro claro aviso aos que, servindo-se do fator especulativo-privado trazem novos enformados arquitetónicos em conjuntos monumentais, preterindo pela via do despiste a nuclearidade e a essencialidade do próprio monumento. Primeira regra a seguir será, sem dúvida, afastar o novo (obra nova aderida) da pré-existência. Hoje em dia, a mistela arquitetónica é tida por normal, quando revela-se assim uma falta de bom senso que oculta outras premências ligadas a constantes alheias ao monumento. É lógico não ver com bons olhos aquilo que pretende fazer um grupo privado em Oia; deve ficar assente a ideia de que REABILITAR um mosteiro não implica RENOVAR URBANAMENTE UM TERRITÓRIO.
Desde o momento em que aparece em cena 'RMO' começam os mal entendidos. Vamos falar assim do 'Centro Interpretativo da Fortaleza de Santa Cruz', obra de 'Rodríguez + Pintos', e das suas falhas relativas a elementos construtivos e finalidades de uso. A altura deste centro excede o previsto, sendo que ninguém falou deste pormenor. Igualmente, a dita cafetaria acabou por não se concretizar. A escolha de cores frias e impessoais, metálicas, nas coberturas novas pouco ou nada tem a ver com a pedra alí existente, com o conjunto no seu todo. Na prestigiosa página web 'Archello' magnifica-se este empreendimento quando o resultado fica muito aquém do esperado. 'Archello' serve para projetos citadinos, urbanos, não como complemento forçado e aderente de um mosteiro ainda por cima cisterciense. O badalado espírito do lugar (silêncio, recolhimento, território e paisagem) é substituído pelo facilitismo oportuno de um passado conflito civil (Quantos mosteiros ou castelos foram centros de detenção pela Europa toda?). De tudo tiram fama e proveito, cientes da negociata que aí vem. No entanto, a palavra 'monge', do vocabulário grego 'monakhos' signifique 'solitário'. Como se isso não chegasse, todos os anos invadem com a sua ribalta musical de Vigo os espaços monacais ultrajados (um mosteiro não habitado por monges dá, pelos vistos, nisso). Não se pretende fazer um qualquer fundamentalismo, mas antes sublinhar o desrespeito que 'RMO' possa albergar pela 'Charte des Abbayes Cisterciennes' e a sua 'Carta de Valores'. Artigos 1° e 3° são na prática letra morta para este grupo privado. Esquecimento de um lugar monacal fica patenteado na própria urbanização, nos acréscimos, no falso 'parque ecológico' e no afastamento da constante 'GENIUS LOCI CISTERCIENS'. A "originalidade" da 'RMO' quebra todos os supostos; importa o barulho não a verdade.
(Continuará)
Ningún comentario:
Publicar un comentario