PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(191ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Uma frase pode dizer tudo: 'Tinha sido determinada uma sondagem arqueológica 'em vala' (escavação de três metros por um) e face aos vestígios descobertos foi decidido fazer uma sondagem em toda a área da obra'. Assim começa a atribulada história de toda pesquisa arqueológica, designadamente quando tem à frente um projeto de natureza urbanizadora. Os problemas e incómodos gerados por este facto multiplicam os recuos e as dúvidas, pondo em causa algo que antecede a qualquer obra nova qual é a pesquisa arqueológica. Hesitações, um olhar para outro lado, acompanham atitudes mais ou menos próximas do agente privado que é quem, em definitivo, estabelece as suas próprias regras. Há razões para pensar que no mosteiro de Oia não se tem feito todo o trabalho arqueológico visto não se fazer menção em momento nenhum de prospeções ou escavações apuradas e de caráter público. Deixem que mantenhamos um mínimo interrogante sobre o assunto porque um mosteiro cisterciense pede o tratamento atempado do seu sistema hídrico, quer superior quer inferior.
Para isso, trataremos de um outro mosteiro o de 'São Dinis de Odivelas', na área da grande Lisboa, feminino e do Císter, explicando fundamentalmente as suas componentes organizativas quanto às canalizações inferiores. Captação: o mosteiro era alimentado de água potável proveniente de duas nascentes, uma, no Casal Ventoso, e outra na Ramada, confluindo ambas na mãe d' água do Calçado. Adução: A água potável era conduzida por gravidade, em canalização subterrânea, até ao claustro primitivo do mosteiro. No abastecimento de água para as necessidades da comunidade maior, era utilizada a água da ribeira de Caneças, conduzida através de uma levada captada nessa ribeira, na localidade de Ramada. Distribuição: Por sismos, ou por ampliações, não existem vestígios inequívocos de reservatórios ou outras instalações coevas para a distribuição de água potável, no entanto tal como nos outros mosteiros cistercienses a água era conduzida racionalmente para as diferentes zonas húmidas do edifício, sendo aduzida em canalização subterrânea até ao lavabo e posteriormente repartida para a cozinha e outras dependências necessitadas. Evacuação: A água não potável, conduzida pela levada, entrava no mosteiro do lado norte e passava pelas latrinas da enfermaria e dos dormitórios, descarregando os efluentes na ribeira de Caneças. ESTA É A SISTEMÁTICA A SEGUIR EM TODO MOSTEIRO DO CÍSTER.
Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) procedeu no seu momento a restauros que modificaram ou substituiram elementos do aludido sistema hidraúlico. No 'mosteiro de Santa Maria de Celas', em Santo António dos Olivais, Coimbra, resulta exponencial este dado: 1933-1943, obras de consolidação e restauro, com recuperação de telhados. Na anualidade 1945-46 registam-se mais obras de reparação e beneficiação. De 1950 a 1951 houve uma reparação de telhados da Sala do Capítulo. Em 1959 dá-se uma recuperação de coberturas, sendo que no ano de 1966 acomete-se a limpeza de telhados e caleiras. Já em 1986 há obras de beneficiação no Claustro e em 1988 também tiveram lugar obras de beneficiação e limpeza com a reparação de telhados e substituição de rebocos no Claustro. CONCLUSIVAMENTE, AS OBRAS FEITAS ATÉ O MOMENTO NO MOSTEIRO DE OIA PODERIAM NÃO PASSAR DE REMENDOS, DE CORREÇÕES ARTIFICIOSAS APLICADAS À SUA HIDRAÚLICA SUPERIOR. ESTAMOS PERANTE UMA HISTÓRIA MUITO MAL CONTADA.
(Continuará)
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