PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(183ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
O tratamento dado á hidraúlica cisterciense no mosteiro de Oia poderá suscitar suspeitas ou gerar desconfianças porquanto, em termos gerais, está a todos os níveis numa fase inicial de estudo. No Estado Espanhol apenas há monografias acerca desta temática, não se mencionando os Dois Sistemas inerentes a todo cenóbio do Císter quanto à hidraúlica: Superior e Inferior. É preciso ser muito cauteloso no momento de verificar Obras, Reformas ou Melhoramentos no tempo. Não estamos certos do que se tem feito no cenóbio oiense, nem sequer se houve algum tipo de comprovativo cronológico ajeitado nas coberturas atuais (sistema hidraúlico superior). Aqui podemos visualizar os efeitos negativos das águas pluviais quando estes sistemas não são pensados durante as obras de ampliação ou amelhoramento dos edifícios. Mais ainda se houver obra nova, não reabilitação. Houve em Oia sim, adesivos e remendos por demais.
Relativamente ao expressado pelos arqueólogos sobre o rio ou ribeiro Lavandeira há qualquer coisa que não bate certo. Referem o seguinte: "Hay dos rios, uno natural y otro canalizado. Esto provoca la falta de biodiversidad en el área de los cauces y el límite artificial actual. Por eso, el instrumento de planeamiento propone una pista ecológica que permita el desarrollo de la flora del cauce, respetando los ameneiros (alnus aglutinosa) y helechos (pterophyta) existentes, creando un sistema de espacio abierto que aumente la permeabilidad del suelo y garantizando la integridad del sistema natural procurada por la "conectividad ecológica" (!!??). El siguiente paso en el desarrollo de este instrumento sería su inicial aprobación para acceso público y la recepción de informes del sector". A obsessão pelo chamado 'Parque Central' protela questões fundamentais, se dando uma inexplicável preferência pelos fatores ambientais. O ribeiro Lavandeira passa por donde passa por razões que julgamos evidentes, forma parte de uma arquitetura preliminar, atempada, pensada em comunhão com a água. Tal é o legado cisterciense, sendo uma história muito mal contada a que referem estes arqueólogos (o que se está a tecer neste assunto todo?) . Tudo anda em redor da NOVA RECENTRALIZAÇÃO DE OIA.
Basicamente, o sistema hídrico cisterciense resume-se como subsistema da organização arquitetónica geral do edifício: coberturas, caleiras de escoamento, gárgulas, roços em contrafortes (ou arcobotantes), canalizações no solo, goteiras, taças em ferro e outras. Subdivide-se em Superior e Inferior, ou em Altura e no Chão. Este último requer elaborados e árduos trabalhos dentro e fora do mosteiro: desvio de linhas de água/ regulação de caudais/ desassoreamento de rios/ construção de açudes/ abertura de levadas/ execução de sistemas de enxugo e drenagem/ abastecimento e evacuação de águas. Será que em Oia obviou-se tudo isto? A especificidade de cada mosteiro (em Oia os claustros ficam do lado do Evangelho, havendo aliás um problema de altimetrias assinalável) não desautoriza o nosso raciocínio. Fizeram os arqueólogos todo o trabalho relativo a esta matéria ou aconteceu o que nós tememos?
Diz o seguinte o prestigioso Jorge Virgolino Ferreira na 'Revista Portuguesa de História' n° 43. Coimbra- 2012: "Os testemunhos 'aquosos' apresentados, nos seus traços genéricos mais relevantes e uma abordagem necessariamente exígua do nosso passado cisterciense medieval, certificam um repertório diversificado de saberes práticos e de técnicas construtivas dos incansáveis "monges brancos", mas caídos em desuso ou a funcionar modificados por novos equipamentos hidromecânicos. Esta variedade de experiências e de aptidões legadas, acerca da conquista e do uso intensivo da água, legitima uma porção substancial de memória identitária bastante ignorada e ameaçada, que ultrapassa a história da tecnologia e urge recuperar e restabelecer na pluralidade da nossa cultura. É uma obrigação ética comum evitar o colapso destes importantes projetos hidraúlicos centenários - trabalhos anónimos e visualmente despercebidos, mas não esquecidos - atribuídos à ousadia e à firmeza de espírito dos cistercienses. Amiúde, eles são vitimados por facilitações mesquinhas e actos abusivos do interesse privado económico- especulativo, que apagam ou ocultam o seu valor e significado histórico-patrimonial" .
(Continuará)
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