16 de feb. de 2022

OIA

 PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(183ª parte) 



   

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia 

 O  tratamento  dado  á  hidraúlica  cisterciense  no  mosteiro  de  Oia  poderá  suscitar  suspeitas  ou  gerar  desconfianças  porquanto,  em  termos  gerais,  está  a  todos  os  níveis  numa  fase  inicial  de  estudo.  No  Estado  Espanhol  apenas  há  monografias  acerca  desta  temática,  não  se  mencionando  os  Dois  Sistemas  inerentes  a  todo  cenóbio  do  Císter  quanto  à  hidraúlica:  Superior  e  Inferior.  É  preciso  ser  muito  cauteloso  no  momento  de  verificar  Obras,  Reformas  ou  Melhoramentos  no  tempo.  Não  estamos  certos  do  que  se  tem  feito  no  cenóbio  oiense,  nem  sequer  se  houve  algum  tipo  de  comprovativo  cronológico  ajeitado  nas  coberturas  atuais  (sistema  hidraúlico  superior).  Aqui  podemos  visualizar  os  efeitos  negativos  das  águas  pluviais  quando  estes  sistemas  não  são  pensados  durante  as  obras  de  ampliação  ou  amelhoramento  dos  edifícios.  Mais  ainda  se  houver  obra  nova,  não  reabilitação.  Houve  em  Oia  sim,  adesivos  e  remendos  por  demais.    

 Relativamente  ao  expressado  pelos   arqueólogos  sobre  o  rio   ou  ribeiro  Lavandeira  há  qualquer  coisa  que  não  bate  certo.  Referem  o  seguinte: "Hay  dos  rios,  uno  natural  y  otro   canalizado.  Esto  provoca  la  falta  de  biodiversidad  en  el  área  de  los  cauces  y  el  límite  artificial  actual.  Por  eso,  el  instrumento  de  planeamiento  propone  una  pista  ecológica  que  permita  el  desarrollo  de  la  flora  del  cauce,  respetando  los  ameneiros  (alnus  aglutinosa)  y  helechos  (pterophyta)  existentes,  creando  un  sistema  de  espacio  abierto  que  aumente  la  permeabilidad  del  suelo  y  garantizando  la  integridad  del  sistema  natural  procurada  por  la  "conectividad  ecológica"  (!!??).  El  siguiente  paso  en  el  desarrollo  de  este  instrumento  sería  su  inicial  aprobación  para  acceso  público  y  la  recepción  de  informes  del  sector".  A  obsessão  pelo  chamado  'Parque  Central'  protela  questões  fundamentais,  se  dando  uma  inexplicável  preferência  pelos  fatores  ambientais.  O  ribeiro  Lavandeira  passa  por  donde  passa  por  razões  que  julgamos  evidentes,  forma  parte  de  uma  arquitetura  preliminar,  atempada,  pensada  em  comunhão  com  a  água.  Tal  é  o  legado  cisterciense,  sendo  uma  história  muito  mal  contada  a  que  referem  estes  arqueólogos  (o  que  se  está  a  tecer  neste  assunto  todo?) .  Tudo  anda  em  redor  da  NOVA  RECENTRALIZAÇÃO  DE  OIA.  

    


 

 Basicamente,  o  sistema  hídrico  cisterciense  resume-se  como  subsistema  da  organização  arquitetónica  geral  do  edifício:  coberturas,  caleiras  de  escoamento,  gárgulas,  roços  em  contrafortes (ou  arcobotantes),  canalizações  no  solo,  goteiras,  taças  em  ferro  e  outras.  Subdivide-se  em  Superior  e  Inferior,  ou  em  Altura  e  no  Chão.  Este  último  requer  elaborados  e  árduos  trabalhos  dentro  e  fora  do  mosteiro:  desvio  de  linhas  de  água/  regulação  de  caudais/  desassoreamento  de  rios/  construção  de  açudes/  abertura  de  levadas/  execução  de  sistemas  de  enxugo  e  drenagem/  abastecimento  e  evacuação  de  águas.  Será  que  em  Oia  obviou-se  tudo  isto?   A  especificidade  de  cada  mosteiro  (em  Oia  os  claustros  ficam  do  lado  do  Evangelho,  havendo  aliás  um  problema  de  altimetrias  assinalável)  não  desautoriza  o  nosso  raciocínio.  Fizeram  os  arqueólogos  todo  o  trabalho  relativo  a  esta  matéria  ou  aconteceu  o  que  nós  tememos?    

 Diz  o  seguinte  o  prestigioso  Jorge  Virgolino  Ferreira  na  'Revista  Portuguesa  de  História'  n°  43.  Coimbra- 2012: "Os  testemunhos  'aquosos'  apresentados,  nos  seus  traços  genéricos  mais  relevantes  e  uma  abordagem  necessariamente  exígua  do  nosso  passado  cisterciense  medieval,  certificam  um  repertório  diversificado  de  saberes  práticos  e  de  técnicas  construtivas  dos  incansáveis  "monges  brancos",  mas  caídos  em  desuso  ou  a  funcionar  modificados  por  novos  equipamentos  hidromecânicos.  Esta  variedade  de  experiências  e  de  aptidões  legadas,  acerca  da  conquista  e  do  uso  intensivo  da  água,  legitima  uma  porção  substancial  de  memória  identitária  bastante  ignorada  e  ameaçada,  que  ultrapassa  a  história  da  tecnologia  e  urge  recuperar  e  restabelecer  na  pluralidade  da  nossa  cultura.  É  uma  obrigação  ética  comum  evitar  o  colapso  destes  importantes  projetos  hidraúlicos  centenários  -  trabalhos  anónimos  e  visualmente  despercebidos,  mas  não  esquecidos -  atribuídos  à  ousadia  e  à  firmeza  de  espírito  dos  cistercienses.  Amiúde,  eles  são  vitimados  por   facilitações  mesquinhas  e  actos  abusivos  do  interesse  privado  económico- especulativo,  que  apagam  ou  ocultam  o  seu  valor  e  significado  histórico-patrimonial" .  

(Continuará) 

 Artigo precedente.

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