13 de dec. de 2021

OIA

 PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(173ª parte)  

  


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia  

 Um  último  comentário  poderá  ser  exponencial  no  relativo  a  'substituições',  'reconstruções'  o  mesmo  'falsificações'  feitas  antes  do  primeiro  quartel  do  século  XX,  ou  durante  este  e  posteriormente.  'Andrés  Calzada  Echevarría'  (1892-1938),  arquiteto  espanhol  autor  do  'Diccionario  clásico  de  arquitectura  y  bellas  artes',  fala  sem  pejo  da  'anastilose'  ou  da  'falsificação'  como  fenómenos  contaminados  onde  a  esperteza  falou  mais  alto  do  que  outra  consideração  qualquer  na  cabecinha  do  atuante,  do  "restaurador".  Curiosamente,  a  crítica  destas  práticas  é  equacionada  de  forma  pacífica;  assim  refere-se  mencionando  a  'anastilose': 'Vocablo  moderno  con  que  se  designa  el  arte  de  .consolidar  y  conservar  las  ruinas,  y  monumentos.  Consiste  en  reforzar  las  fábricas  sin  destruir  su  aspecto  exterior,  por  medio  de  inyecciones  de  hormigón  y  de  elementos  de  hormigón  armado.  Así  se  han  reconstruido  en  la  posible  medida  las  ruinas  del  Partenón  por  el  arquitecto  Baleanos  y  los  restos  de  Agrigento  y  Selinonte,  por  Valenti,  así  como  otros  monumentos  en  Francia  e  Italia;  en  España,  la  Magistral  de  Alcalá  de  Henares  por  Cabello  Lapiedra'.  




 Esta  menção  é  honesta,  reflecte  um  estado  geral  de  coisas  que  suscita  um  inicial  espanto,  mas  também  um  reforço  da  base  teórica  dos  primeiros  restauradores.  Em  definitivo,  pôr  em  causa  a  atual  mistura  de  enformados  é  legítimo,  muito  embora  pareça  uma  "velharia  argumental"  aos  olhos  dos  arquitetos  globalizadores  do  momento,  aqueles  que  rapidamente  alinharam  com  a  'Declaração  de  Veneza  de  2007'  (Trata-se  de  uma  opção  mais  comodista  e  fácil.  Nessa  solução    tresloucada  andam  em  trança  os  tijoleiros  de  toda  laia,  a  legislação  neo-liberal  galega  -  aquela  que  nega  a  LPHE  de  1985  e  a  LPCG  de  1995 -  e  esta  arquitetura  dita  globalista  que  monta  'como  leão  à  fémea'  tudo,  como  se  nada  fosse.  Excesso  manifesta-se   não  somente  numa  propaganda  puramente  mercantilista,  empregue  com  recursos  em  nada  diferentes  dos  utilizados  pelas  grandes  superfícies  comerciais,  por  exemplo,  mas  na  tentativa  de  urbanizar  um  todo,  custe  o  que  custar.  Querem,  sim,  veiculizar  um  macro-plano  urbano  à  margem  da  democracia  municipal;  quere-se,  de  facto,  materializar  um  programa  que  abranja  "daquela  maneira"  as  decisões  soberanas  da  gente.  Resumidamente,  querem  criar  cidade  onde  não  é  chamada  a  cidade.  Contudo,  NÃO  É  ADMISSÍVEL  O  APRESSAMENTO  EXIBIDO  PELOS  SEGUIDORES  DESSA  ARQUITETURA  "GLOBALIZADA"  SE  FIZERMOS  UM  SOMATÓRIO  DE  ERROS  PASSADOS,  TÃO  RECENTE  NA  HISTÓRIA  DO  RESTAURO.  Esta  arquitetura,  que  chamamos  de  DESIMPEDIDA,  está  a  cometer  uma  diacronia  evidente  baseada  em  confundir  as  coisas,  fazer  um  'misto  de  alhos  com  bugalhos',  despersonalizar  a  própria  arte  e  enviá-la  diretamente  ao  esquecimento.    Querem  frivolamente,  acima  de  tudo,  afigurar  um  prémio  'AHI'  como  "inevitável"  e  "incontestável"  razão  de  ser  de  futuras  concretizações  urbanísticas.  'Architectural  Heritage  Intervention'  é  utilizada  em  Oia  como  "panaceia  garantista"  com  fraquíssimos  argumentos;  é  um  logro,  uma  empófia  ou  pretexto  para  se  apoderar  daquilo  que  subsiste  na  forma  legal.  Privatização  duma  envolvente  patrimonial  é  manobra  neste  caso  associada  à  urbanização,  adquirindo  natureza  de  intrujice,  acontecendo  contudo  que  a  relação  das  'precedências/ pré-existências'  serve  de  álibi  para  um  "melhoramento"  dito  geral  que,  a  muito  custo,  se  quer  assentar;  porém,  não  será  o  caso  de  Oia.  Palavras  como  ADENSAMENTO,  ALTIMETRIAS  INTRUSIVAS  ou  DESESCALA  são  atualidade  em  cheio;  também  ENTAIPAR  sorrateiramente  os  35  metros  do  lateral  dos  Laranjais  com  essa  falsa  frente  translúcida  de  muito  maior  comprimento,  cuja  simultânea  relação  'fecho/ tangente'  é  verificável.    

 Arquiteturas  de  hoje  estabelecem  um  matrimónio  de  conveniência  com  aquilo  que  se  alcunha  de  arqueologia  "inservível"  para  depois  sugarem  a  preceito  tudo,  cientes  do  proveito  que  lhes  traz  qualquer  concessão  atempada  de  prémios.  Cabe  lembrar  que  'Arquitectural  Heritage  Intervention'  constitui  algo  recente,  nutrido  de  'influencers'  ou  'leaderships',  com  indiscutíveis  aderências  e  aderentes,  mas  tida  por  alguns  como  rápida  teorizadora  de  improvisações  e  disparates  tais  como  aquele  da  'desnecessidade  de  associar  o  património  cultural  à  peça  arqueológica').  

 (Continuará) 

 Artigo precedente.

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