PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(162ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Rotas jacobeias vindas de Portugal não podem ser simplificadas ou instrumentalizadas para fins espúrios. Proximidade do país ibérico é determinante no caso que nos ocupa e, aliás, complementar. Será ponto de honra separar o trigo do joio nesta questão ressalvando tais rotas e elencando-as: 1) Caminho Central Lisboa - Tui. 2) Caminho Central Faro - Almodóvar. 3) Caminho Português da Costa. 4) Caminho Tavira - Quintanilha. 5) Via da Prata Portuguesa. 6) Rota Vicentina. 7) Trilho das Aréas. 8) Caminho Português do Interior. 9) Outros caminhos.
Versatilidade é atributo próprio destes roteiros, como se pode conferir. Extremo septentrional português dista linearmente 86 quilómetros de Compostela, isto é um dado a ter em conta. Não acontece com outras rotas (Caminho do Norte, Caminho Primitivo, Caminho Francês, Caminho de Inverno). Portugal tem essa 'chance' de ser o único país europeu que oferece uma fronteira tão alargada, tão antiga e estável. Já agora, por forma a não fazer cedência nenhuma e sim fazer citação de inúmeros 'caminhos monacais' em Portugal (vamos ver se 'RMO' abre o olho de vez e abandona esse recorrente pré-cálculo que tanto lhe carateriza) enumeraremos os pontos-chave do Císter luso:
Dos 36 imóveis analisados no passado pelo IPPAR/ IGESPAR, ligados ao Císter, temos elencado os seguintes: Santa Maria de Fiães / Santa Maria de Ermelo / Santa Maria do Bouro / Santa Maria das Júnias / São Pedro das Águias (velho) / São Pedro das Águias (novo) / Santa Maria de Salzedas / São João de Tarouca / São Cristovão de Lafões / Santa Maria de Maceira Dão / Santa Maria de Aguiar / Santa Maria de Estrela / São Paulo de Almaziva / Santa Maria de Seiça e Santa Maria de Alcobaça, entre os masculinos. No tocante aos femininos, estão estes: São Pedro e São Paulo de Arouca / Nossa Senhora da Assunção de Tabosa / São Mamede de Lorvão / Santa Maria de Celas / Santa Maria de Cós / São Dinis de Odivelas / Nossa Senhora de Nazaré de Mocambo / Santa Maria de Almoster / São Bernardo de Portalegre e São Bento de Cástris. Estes, por força, criam novos caminhos monacais (no enformado de um 'Portugal deitado' ou aquele que costumamos manusear). Acontece que grande parte dos mosteiros e conventos do Císter luso, e não só, estão por perto de pontos nodais de passagem/ paragem, de confluências (poucos sentir-se-ão afastados, muito embora regra do Císter o promova). LAFÕES está em São Pedro do Sul, sendo imperdível; ALMAZIVA, em Coimbra; SEIÇA, em Figueira da Foz. ALMOSTER, da sua vez, em Santarém; CELAS e LORVÃO, em Coimbra e em Lisboa temos o CONVENTO DE NAZARÉ DE MOCAMBO ou SÃO DINIS DE ODIVELAS. No caminho peregrino que passa por BATALHA vão incluídos primeiramente ALCOBAÇA e SANTA MARIA DE CÓS. Menção aparte figuram SÁO BENTO DE CÁSTRIS em Évora, bem como SÃO BERNARDO em Portalegre. Estamos portanto a falarmos de 'caminhos monacais' reais e tangíveis, não inventados. Se a isso acrescentarmos que o monacato é um fenómeno europeu que não admite reducionismos chamados 'regionais', estaremos mais perto do esclarecimento de coisas que uns poucos estão a ocultar.
Mais exemplos: no 'Caminho de Torres' está Sernancelhe com o Mosteiro de NOSSA ASSUNÇÃO DE TABOSA e mais ao norte SANTA MARIA DE SALZEDAS ou SÃO JOÃO DE TAROUCA (mais um caminho monacal...). No 'Caminho Português por Terras de Basto', cujo tracejado oferece uma via principal desde Vila Real passando por Mondim de Basto ou Cabeceiras de Basto até Tourém, conferimos mais um caminho português e monacal (vejam o mosteiro beneditino de SÃO MIGUEL DE REFOJOS ou aquel cisterciense de PITÕES DAS JÚNIAS). Inclusivemente, os caminhos portugueses mais bem conceituados admitem inocentes trocadilhos: 'Caminho Minhoto Ribeiro' pode ser excusado se orientasse o seu percurso para Valença (ganhando assim duas praças poliorcéticas de vulto e três mosteiros: San Fins, Mosteiró e Ganfei) e unindo-se ao 'Caminho Português Central'. Contudo, estamos de parabens pela implementação do conjunto poliorcético de Bragandelo / Pereira Mourisca no Extremo, ajudando a compreender as escaramuças que lá se deram entre os anos de 1658 e 1662. Parte final das 'Considerações paisagistas em Oia' fará uma abordagem do descuramento feito pela 'RMO' no relativo às caraterísticas poliorcéticas oienses, bem como relativamente à história comúm de igrejas e estruturas defensivas, quer em Portugal, quer na Península Ibérica.
(Continuará)
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