6 de ago. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(162ª parte) 

 

Mosteiro de Santa María de Oia
Pozaslalo fotografías
   

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia     

 Rotas  jacobeias  vindas  de  Portugal  não  podem  ser  simplificadas  ou  instrumentalizadas  para  fins  espúrios.  Proximidade  do  país  ibérico  é  determinante  no  caso  que  nos  ocupa  e,  aliás,  complementar.  Será  ponto  de  honra  separar  o  trigo  do  joio  nesta  questão  ressalvando  tais  rotas  e  elencando-as:  1)  Caminho  Central  Lisboa - Tui.  2)  Caminho  Central  Faro - Almodóvar.  3)  Caminho  Português  da  Costa.  4)  Caminho  Tavira - Quintanilha.  5)  Via  da  Prata  Portuguesa.  6)  Rota  Vicentina.  7)  Trilho  das  Aréas.  8)  Caminho  Português  do  Interior.  9)  Outros  caminhos. 

 


  

 Versatilidade  é  atributo  próprio  destes  roteiros,  como  se  pode  conferir.  Extremo  septentrional  português  dista  linearmente  86  quilómetros  de  Compostela,  isto  é  um  dado  a  ter  em  conta.  Não  acontece  com  outras  rotas  (Caminho  do  Norte,  Caminho  Primitivo,  Caminho  Francês,  Caminho  de  Inverno).  Portugal  tem  essa  'chance'  de  ser  o  único  país  europeu  que  oferece  uma  fronteira  tão  alargada,  tão  antiga  e  estável.  Já  agora,  por  forma  a  não  fazer  cedência  nenhuma  e  sim  fazer  citação  de  inúmeros  'caminhos  monacais'  em  Portugal  (vamos  ver  se  'RMO'  abre  o  olho  de  vez  e  abandona  esse  recorrente  pré-cálculo  que  tanto  lhe  carateriza)  enumeraremos  os  pontos-chave  do  Císter  luso:    

 Dos  36  imóveis  analisados  no  passado  pelo  IPPAR/  IGESPAR,  ligados  ao  Císter,  temos  elencado  os  seguintes:  Santa  Maria  de  Fiães /  Santa  Maria  de  Ermelo /  Santa  Maria  do  Bouro /  Santa  Maria   das  Júnias /  São  Pedro  das  Águias  (velho) /  São  Pedro  das  Águias  (novo) /  Santa  Maria  de  Salzedas /  São  João  de  Tarouca /  São  Cristovão  de  Lafões /  Santa  Maria  de  Maceira  Dão /  Santa  Maria   de  Aguiar /  Santa  Maria  de  Estrela /  São  Paulo  de  Almaziva /  Santa  Maria  de  Seiça  e  Santa  Maria  de  Alcobaça,  entre  os   masculinos.  No  tocante  aos  femininos,  estão  estes:  São  Pedro  e  São  Paulo  de  Arouca /  Nossa  Senhora  da  Assunção  de  Tabosa /  São  Mamede  de  Lorvão /  Santa  Maria  de  Celas /  Santa  Maria  de  Cós /  São  Dinis  de  Odivelas /  Nossa  Senhora  de  Nazaré  de  Mocambo /  Santa  Maria  de  Almoster /  São  Bernardo  de  Portalegre  e  São  Bento  de  Cástris.  Estes,  por  força,  criam  novos  caminhos  monacais  (no  enformado  de  um  'Portugal deitado'  ou  aquele  que  costumamos  manusear).  Acontece  que  grande  parte  dos  mosteiros  e  conventos  do  Císter  luso,  e  não  só,  estão  por  perto  de  pontos  nodais  de  passagem/ paragem,  de  confluências  (poucos  sentir-se-ão  afastados,  muito  embora  regra  do  Císter  o  promova).  LAFÕES  está  em  São  Pedro  do  Sul,  sendo  imperdível;  ALMAZIVA,  em  Coimbra;  SEIÇA,  em  Figueira  da  Foz.  ALMOSTER,  da  sua  vez,  em  Santarém;  CELAS  e  LORVÃO,  em  Coimbra  e  em  Lisboa  temos  o  CONVENTO  DE  NAZARÉ  DE  MOCAMBO  ou  SÃO  DINIS  DE  ODIVELAS.  No  caminho  peregrino  que  passa  por  BATALHA  vão  incluídos  primeiramente  ALCOBAÇA  e  SANTA  MARIA  DE  CÓS.  Menção  aparte  figuram  SÁO  BENTO  DE  CÁSTRIS  em  Évora,  bem  como  SÃO  BERNARDO  em  Portalegre.  Estamos  portanto  a  falarmos  de  'caminhos  monacais'  reais  e  tangíveis,  não  inventados.  Se  a  isso  acrescentarmos  que  o  monacato  é  um  fenómeno  europeu  que  não  admite  reducionismos  chamados  'regionais',  estaremos  mais  perto  do  esclarecimento  de  coisas  que  uns  poucos  estão  a  ocultar.  

  


 Mais  exemplos:  no  'Caminho  de  Torres'  está  Sernancelhe  com  o  Mosteiro  de  NOSSA  ASSUNÇÃO  DE  TABOSA  e  mais  ao  norte  SANTA  MARIA  DE  SALZEDAS  ou  SÃO  JOÃO  DE  TAROUCA  (mais  um  caminho  monacal...).  No  'Caminho  Português  por  Terras  de  Basto',  cujo  tracejado  oferece  uma  via  principal  desde  Vila  Real  passando  por  Mondim  de  Basto  ou  Cabeceiras  de  Basto  até  Tourém,  conferimos  mais  um  caminho  português  e  monacal  (vejam  o  mosteiro  beneditino  de  SÃO  MIGUEL  DE  REFOJOS  ou  aquel  cisterciense  de  PITÕES  DAS  JÚNIAS).  Inclusivemente,  os  caminhos  portugueses  mais  bem  conceituados  admitem  inocentes  trocadilhos:  'Caminho  Minhoto  Ribeiro'  pode  ser  excusado  se  orientasse  o  seu  percurso  para  Valença  (ganhando  assim  duas  praças  poliorcéticas  de  vulto  e  três  mosteiros:  San  Fins,  Mosteiró  e  Ganfei)  e  unindo-se  ao  'Caminho  Português  Central'.  Contudo,  estamos  de  parabens  pela  implementação  do  conjunto  poliorcético  de  Bragandelo / Pereira  Mourisca  no  Extremo,  ajudando  a  compreender  as  escaramuças  que  lá  se  deram  entre  os  anos  de  1658  e  1662.  Parte  final  das  'Considerações  paisagistas  em  Oia'  fará  uma  abordagem  do  descuramento  feito  pela  'RMO'  no  relativo  às  caraterísticas  poliorcéticas  oienses,  bem  como  relativamente  à  história  comúm  de  igrejas  e  estruturas  defensivas,  quer  em  Portugal,  quer  na  Península  Ibérica.  

(Continuará)  

Artigo precedente.

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