21 de feb. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia

(132ª parte)  

 

                       Escudo em Montederramo. Banda de escaques do Císter 

 

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia       

 "Císter  provém  do  nome  latino  de  Citeaux,  local  da  França.  No  ano  de  1098  neste  lugar  o  duque  de  Borgonha  e  São  Roberto  de  Molesmes  fundaram  o  mosteiro  de  Citeaux  como  uma  rama  da  ordem  beneditina  e,  portanto,  guardando  a  regra  de  São  Bento,  acrescentando  a  esta  uns  estatutos  particulares  ou  Carta  da  Caridade.  A  São  Roberto  sucedeu-lhe  São  Alberico  (1099-1109).  Posteriormente,  São  Estevo  Harding  em  1119  a  converteu  numa  ordem  diferente,  chamando-a  Ordem  do  Císter  ou  Cistel.  Estenderam-se  pela  França  toda  e  o  seu  maior  desenvolvimento  foi  da  mão  do  abade  São  Bernardo  de  Claraval  desde  o  ano  de  1114  até  1153,  ano  em  que  morreu.  Tinha  nascido  em  1090  muito  perto  de  Dijon.  A  ordem  religiosa  foi  estendendo-se  na  Europa   primeiramente  por  Espanha,  Portugal,  Itália,  Alemanha,  Inglaterra,  Polónia,  etc..  Papa  Benedicto  XII  foi  quem  efetivou  a  primeira  reforma.  No  ano  de  1134  estabeleceram-se  em  Navarra  no  mosteiro  de  Tulebras  (é  convento  feminino);  em  1140  fundaram  o  mosteiro  de  Las  Huelgas,  em  Valladolid,  hoje  desaparecido,  sendo  que  em  1187  instaura-se  o  mosteiro  de  Santa  María  de  Las  Huelgas  de  Burgos.  Logo  após,  reformaram-se  os  estatutos  da  ordem,  dividindo-se  em  duas  ramas:  Observância  Comúm  e  os  Estritos,  chamados  também  Trapenses.  Existem  inúmeros  mosteiros  em  todo  o  mundo.  O  mais  moderno,  não  pela  sua  construção,  foi  reabilitado  em  1940  pelos  monges  cistercienses,  é  o  mosteiro  de  Poblet  em  Tarragona.  Na  Galiza,  para  além  dos  mencionados  Santa  María  de  Melón  e  Santa  María  de  Sobrado  dos  Monxes,  temos  como  os  mais  importantes  românicos  quanto  a  sua  história  e  arquitetura  (além  da  original  estrutura  prê-gótica  de  muitos  deles,  sem  contar  com  os  acabamentos  barrocos  finais):  Santa  María  de  Oseira, Santa  María  de  Meira,  Santa María  de  Montederramo,  Santa  María  de  Armenteira  e  Santa   María  de  Oia.  Todavia,  destacam:  Bóveda,  Toxosoutos,  Xunqueira  de  Espadanedo,  Ferreira  de  Pantón,  Monfero,  Penamaior,  A  Franqueira,  Aciveiro  e  San  Clodio".  (autor:  José  Manuel  Jesús  Hidalgo,  29  de  maio  de  2007).  Este  texto  vem  mesmo  a  calhar  para  continuar  a  argumentar  uma  história  não  deturpada  do  Císter  hispano.  Nada  abonaria  o  suposto  de  pôr  de  parte  uma  simbologia  real,  tangível,  orgânica  como  aquela  que  mostra  sobejamente  o  apogeu  do  Císter  nas  áreas  castelhana,  galega  e  asturiana.  'Comissão  de  Heráldica'  teceu  um  escudo  e  uma  simbologia  que  nada  diz  da  história  veraz  de  Oia,  antes  bem  de  um  báculo  despido,  solitário  e  falto  de  argumentação.  'Heráldica  Popular'  chama  a  preservar  uma  figueira  e  um  castelo,  chamando  a  consensos  e  pedindo  transparência;  mas  esquece  que  a  banda  de  escaques  é  parte  fundamental  do  Císter  galego.  Tão  simples  quanto  isso. 

 


    

 A  Congregacão  Cisterciense  de  Castela  modificou  a  cor  da  banda  de  escaques:  GULES  POR  SABRE,  resultando  um  brasão  como  aquele  que  ainda  se  conserva  policromado  no  mosteiro  de  Oia.  A  inscrição  que  tem  esse  escudo  (São  Bernardo)  faz  alusão  quer  ao  santo,  quer  à  CCC  (ou  de  São  Bernardo,  reparem)  que  também  foi  conhecida  como  Observância  de  Espanha,  Regular  Observância  de  Espanha,  Observância  de  Castela,  Congregação  de  Montesión  e  os  Bernardos  Espanhóis.  Conforme  isto,  o  brasão  da  CCC  teve  o  campo  em  azur,  sendo  a  cor  da  Borgonha  (e  do  Císter)  e  na  dita  banda  de  escaques  utilizou  o  sabre,  sendo  a  cor  principal  do  brasão  de  São  Bernardo.  Vamos  analisar  as  pinturas  heráldicas  do  arco  de  entrada  à  capela  maior  da  igreja  do  mosteiro  de  Oia:  Isto  facilitará  a  dimensão  internacional  (e  francesa  em  simultâneo)  deste  nosso  mosteiro,  onde  a  alusão  aos  quatro  mosteiros  fundacionais  fica  expressa  nos  frescos  absolutamente  originais  que  desdizem  basilarmente  ligações  às  lendas  (deve  haver  um  ponto  assente  na  dúvida)  e  sim  à  casa-mãe.  Estas  pinturas  relembram  a  ligação  à  heráldica  francesa  e  a  Claraval,  Citeaux  e  resto.  De  alguma  maneira  Oia  mantém  umas  ligações  hiper-puristas  ao  resto  das  casas  fundacionais.  Os  frescos  foram  recuperados  parcialmente  por  duas  pessoas  que  convém  citar,  dado  registarem  meritoriamente  este  conjunto  tão  valioso  (que  expressa  o  inútil  de  serem  excluidas  as  bandas  de  escaques  do  Císter  internacional).  São  Fernando  Carrera  Ramírez  e  Enrique  Echevarría,  que  com  os  seus  desenhos  fizeram  mostra  disto  tudo.  Esta  poderá  ser  a  melhor  "rasteira"  que  lhe  possamos  fazer  a  uma  "RMO"  embriagada  num  projeto  urbanizador  que  contravém  claramente  a  'Carta  de  Veneza',  que  literalmente  É  VIOLENTADA,  É  PRETERIDA  (façamos  alusão  aos  acréscimos  e  já  ter-se-á  dito  tudo). 

 (Continuará)

 Artigo precedente.

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