PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(132ª parte)
Escudo em Montederramo. Banda de escaques do Císter
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
"Císter provém do nome latino de Citeaux, local da França. No ano de 1098 neste lugar o duque de Borgonha e São Roberto de Molesmes fundaram o mosteiro de Citeaux como uma rama da ordem beneditina e, portanto, guardando a regra de São Bento, acrescentando a esta uns estatutos particulares ou Carta da Caridade. A São Roberto sucedeu-lhe São Alberico (1099-1109). Posteriormente, São Estevo Harding em 1119 a converteu numa ordem diferente, chamando-a Ordem do Císter ou Cistel. Estenderam-se pela França toda e o seu maior desenvolvimento foi da mão do abade São Bernardo de Claraval desde o ano de 1114 até 1153, ano em que morreu. Tinha nascido em 1090 muito perto de Dijon. A ordem religiosa foi estendendo-se na Europa primeiramente por Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Inglaterra, Polónia, etc.. Papa Benedicto XII foi quem efetivou a primeira reforma. No ano de 1134 estabeleceram-se em Navarra no mosteiro de Tulebras (é convento feminino); em 1140 fundaram o mosteiro de Las Huelgas, em Valladolid, hoje desaparecido, sendo que em 1187 instaura-se o mosteiro de Santa María de Las Huelgas de Burgos. Logo após, reformaram-se os estatutos da ordem, dividindo-se em duas ramas: Observância Comúm e os Estritos, chamados também Trapenses. Existem inúmeros mosteiros em todo o mundo. O mais moderno, não pela sua construção, foi reabilitado em 1940 pelos monges cistercienses, é o mosteiro de Poblet em Tarragona. Na Galiza, para além dos mencionados Santa María de Melón e Santa María de Sobrado dos Monxes, temos como os mais importantes românicos quanto a sua história e arquitetura (além da original estrutura prê-gótica de muitos deles, sem contar com os acabamentos barrocos finais): Santa María de Oseira, Santa María de Meira, Santa María de Montederramo, Santa María de Armenteira e Santa María de Oia. Todavia, destacam: Bóveda, Toxosoutos, Xunqueira de Espadanedo, Ferreira de Pantón, Monfero, Penamaior, A Franqueira, Aciveiro e San Clodio". (autor: José Manuel Jesús Hidalgo, 29 de maio de 2007). Este texto vem mesmo a calhar para continuar a argumentar uma história não deturpada do Císter hispano. Nada abonaria o suposto de pôr de parte uma simbologia real, tangível, orgânica como aquela que mostra sobejamente o apogeu do Císter nas áreas castelhana, galega e asturiana. 'Comissão de Heráldica' teceu um escudo e uma simbologia que nada diz da história veraz de Oia, antes bem de um báculo despido, solitário e falto de argumentação. 'Heráldica Popular' chama a preservar uma figueira e um castelo, chamando a consensos e pedindo transparência; mas esquece que a banda de escaques é parte fundamental do Císter galego. Tão simples quanto isso.
A Congregacão Cisterciense de Castela modificou a cor da banda de escaques: GULES POR SABRE, resultando um brasão como aquele que ainda se conserva policromado no mosteiro de Oia. A inscrição que tem esse escudo (São Bernardo) faz alusão quer ao santo, quer à CCC (ou de São Bernardo, reparem) que também foi conhecida como Observância de Espanha, Regular Observância de Espanha, Observância de Castela, Congregação de Montesión e os Bernardos Espanhóis. Conforme isto, o brasão da CCC teve o campo em azur, sendo a cor da Borgonha (e do Císter) e na dita banda de escaques utilizou o sabre, sendo a cor principal do brasão de São Bernardo. Vamos analisar as pinturas heráldicas do arco de entrada à capela maior da igreja do mosteiro de Oia: Isto facilitará a dimensão internacional (e francesa em simultâneo) deste nosso mosteiro, onde a alusão aos quatro mosteiros fundacionais fica expressa nos frescos absolutamente originais que desdizem basilarmente ligações às lendas (deve haver um ponto assente na dúvida) e sim à casa-mãe. Estas pinturas relembram a ligação à heráldica francesa e a Claraval, Citeaux e resto. De alguma maneira Oia mantém umas ligações hiper-puristas ao resto das casas fundacionais. Os frescos foram recuperados parcialmente por duas pessoas que convém citar, dado registarem meritoriamente este conjunto tão valioso (que expressa o inútil de serem excluidas as bandas de escaques do Císter internacional). São Fernando Carrera Ramírez e Enrique Echevarría, que com os seus desenhos fizeram mostra disto tudo. Esta poderá ser a melhor "rasteira" que lhe possamos fazer a uma "RMO" embriagada num projeto urbanizador que contravém claramente a 'Carta de Veneza', que literalmente É VIOLENTADA, É PRETERIDA (façamos alusão aos acréscimos e já ter-se-á dito tudo).
(Continuará)
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