PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(129ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Comissão de Heráldica da Xunta respondia ao concelho de Oia, com Registo de 15 de janeiro de 2019 e Entrada n° 146, expondo a sua proposta de outro escudo e bandeira municipais. Com alguma ínfula, ou soberbia, faz destaque sobre a importância do mosteiro cisterciense, querendo com isso manter alguma equidistância de ocasião que assente expressões talvez infelizes como as que se seguem: "(…) Esta Comisión de Heráldica considera mas que conveniente - si no necesario - proponer un completo replanteamiento del escudo municipal actualmente en uso (…)". Torna então a ensaboar ao mosteiro para assim legitimar o relato substituidor, reconhecendo no entanto as ligações inegáveis entre o Císter e a conformação da vila e termo municipal de Oia. Pois é! Em que ficamos, os seus sabichões?. Com a derradeira palavra na sua posse acaba assim: "(…) Permite contemplar la alusión debida al ya dicho monasterio cisterciense sin necesidad de hacer uso de su propio enblema heráldico, opción siempre rechazable". Pelos vistos na Xunta deve ser normalérrimo escrever estes textos excluintes. Vejam então: "La opción de incorporar unas olas blancas y azules, como alusión evidente al agua oceánica, no mejora la composición - la complica un tanto en realidad -, pero si permite completar la representación del escudo municipal y alejarlo de forma coherente de la inoportuna composición que se trata de substituir".
A seguir, propõem-se as seguintes opções de escudo:
● "Opción 1: De azur, dos ramas de higuera (amarillo), dispuestas en aspa y acompañadas en jefe de sendas lises de lo mismo; brochante, sobre el todo, un báculo de su color con su velo abacial de lo mismo. Al timbre, la corona real cerrada".
● "Opción 2: De azur y sobre ondas de plata (blanco), dos ramas de higuera de oro (amarillo), dispuestas en aspa y acompañadas en jefe de sendas lises de lo mismo; brochante, sobre el todo, un báculo de su color con su velo abacial de lo mismo. Al timbre, la corona real cerrada".
Igualmente, para a bandeira municipal propõem-se:
● "Opción 1: El paño de azul, y al centro, las dos ramas de higuera dispuestas en aspa, acompañadas en lo alto de sendas lises y resaltadas del báculo con su velo abacial".
● "Opción 2: El paño de azul y las dos ramas de higuera dispuestas en aspa, acompañadas en lo alto de sendas lises y resaltadas del báculo con su velo abacial. Al batiente, tres franjas verticales, ondadas y blancas".
Decreto 19/ 2010, de 11 de fevereiro, pelo qual se aprova o Regulamento de símbolos das Entidades Locais de Galiza assim estipula as coisas. 'HERÁLDICA POPULAR' E 'COMISSÃO DE HERÁLDICA' ANDAM A PROCURA DO MESMO, muito embora uns e outros argumentem razões quase que opostas. Socialistas e BNG não souberam mais do que cingir-se à uma estrategia "tradicionalista" e de "ser do contra" (a dita Oposição), o qual lhes compromete e lhes deixa no meio de nada. Na realidade, podem estar a ser subservientes da maneira de atuar de 'A.C.A.M.O.'. Mudar aquilo que mantém viva a memória de um âmbito territorial específico abacial não é aconselhável, falta igualmente tomar partido pela manutenção de uma paisagem na íntegra. Quem estará a reescrever o território municipal em redor do mosteiro, ou seja, a sua história?. Garantidamente, a "RMO". 'Heráldica Popular' possibilitou trazer ao de cima um debate do qual carece a Xunta e, ao mesmo tempo, evidenciar umas afirmações infelizes dos socialistas (interesses crematísticos e por aí fora...) que denegriram à heráldica em termos gerais. Estilo junteiro denota uns marujos colados à oficialidade e ao aparato, incapaces de dar um desconto à uma rama da ciência armorial que se abre passo aos poucos e poucos. Afinal de contas esse bipartidismo está a prejudicar claramente a imagem de Oia, assentando um discurso intransigente, de polarização (aquando o seu único pensamento está no tijolo e no desenvolvismo provinciano). Aquilo que estabelece diferendos entre a 'Comissão de Heráldica' e 'Heráldica Popular' é simplesmente o estilo. Nos primeiros aninha uma certa burrice e intolerância, nos segundos um trabalho progressivo de assentamento, de abertura da heráldica ao mundo corrente. Quantos ofícios "plebeus" estarão representados em brasões pertencentes à chamada 'Heráldica dos Apelidos', quantos ponteiam por todo o lado na Europa ocidental e central? É obvio que a análise politizada dos brasões, dos armoriais, é abertamente estéril e uma fantochada a todo tamanho. A política em maiúsculo está bem presente e viva em Oia, afastando tantas questões a que têm direito os oienses. Esta pequena vila e concelho merece ter uma paisagem e uma garantia de preservação dessa paisagem, não ligações à chicana política de sempre. Desde finais do século XIX, e bem entrado o XX, os conservaduristas enfrentaram-se aos aberturistas na questão que nos ocupa. Houve, e ainda há, sinais de manifesto incómodo por causa das linhagens ou da pertença ao estamento nobiliário, ferrenhos defensores do seu e de um estatuto "diferente" do burguês novo, alimentaram a intolerância "in extremis" perante os novos teóricos da heráldica cuja origem e prática teórica baseia-se precisamente nos velhos armorialistas. Aluno assume o professor, sem por isso renunciar ao avanço nesta tratadística dos brasões. Naturalmente, confere-se a necessidade de uma representação coletiva de um concelho (o que justificaria alguma negativa inicial), sendo compreensível essa unanimidade visceral em redor do velho medalhão. Por enquanto, a posição deve ser neutral dado existirem problemas e ameaças bem mais tangíveis para todo o âmbito territorial oiense (parques eólicos, promoções urbanas costeiras, intrusismo do Circulo de Empresarios de Vigo).
(Continuará).
Ningún comentario:
Publicar un comentario