10 de feb. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia   

(129ª parte) 


 

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia      

 Comissão  de  Heráldica  da  Xunta  respondia  ao  concelho  de  Oia,  com  Registo  de  15  de  janeiro  de  2019  e  Entrada  n°  146,  expondo  a  sua  proposta  de  outro  escudo  e  bandeira  municipais.  Com  alguma  ínfula,  ou  soberbia,  faz  destaque  sobre  a  importância  do  mosteiro  cisterciense,  querendo  com  isso  manter  alguma  equidistância  de  ocasião  que  assente  expressões  talvez  infelizes  como  as  que  se  seguem:  "(…)  Esta  Comisión  de  Heráldica  considera  mas  que  conveniente  - si  no  necesario -  proponer  un  completo  replanteamiento  del  escudo  municipal  actualmente  en  uso  (…)".  Torna  então  a  ensaboar  ao  mosteiro  para  assim  legitimar  o  relato  substituidor,  reconhecendo  no  entanto    as  ligações  inegáveis  entre  o  Císter  e  a  conformação  da  vila  e  termo  municipal  de  Oia.  Pois  é!  Em  que  ficamos,  os  seus  sabichões?.  Com  a  derradeira  palavra  na  sua  posse  acaba  assim:  "(…)  Permite  contemplar  la  alusión  debida  al  ya  dicho  monasterio  cisterciense  sin  necesidad  de  hacer  uso  de  su  propio  enblema  heráldico,  opción  siempre  rechazable".  Pelos  vistos  na  Xunta  deve  ser  normalérrimo  escrever  estes  textos  excluintes.  Vejam  então:  "La  opción  de  incorporar  unas  olas  blancas  y  azules,  como  alusión  evidente  al  agua  oceánica,  no  mejora  la  composición  -  la  complica  un  tanto  en  realidad  -,  pero  si  permite  completar  la  representación  del  escudo  municipal  y  alejarlo  de  forma  coherente  de  la  inoportuna  composición  que  se  trata  de  substituir".  

 

Opción 1                                     Opción 2

 A  seguir,  propõem-se  as  seguintes  opções  de  escudo:    

 ●  "Opción  1:  De   azur,  dos  ramas  de  higuera  (amarillo),  dispuestas  en  aspa  y  acompañadas  en  jefe  de  sendas  lises  de  lo  mismo;  brochante,  sobre  el  todo,  un  báculo  de  su  color  con  su  velo  abacial  de  lo  mismo.  Al  timbre,  la  corona  real  cerrada". 

 ●  "Opción  2:  De  azur  y  sobre  ondas  de  plata  (blanco),  dos  ramas  de  higuera  de  oro  (amarillo),  dispuestas  en  aspa  y  acompañadas  en  jefe  de  sendas  lises  de  lo mismo;  brochante,  sobre  el  todo,  un  báculo  de  su  color  con  su  velo  abacial  de  lo  mismo.  Al  timbre,  la  corona  real  cerrada". 


Opción 1                                     Opción 2

 

Igualmente,  para  a  bandeira  municipal  propõem-se:  

 ● "Opción  1:  El  paño  de  azul,  y  al  centro,  las  dos  ramas  de  higuera  dispuestas  en  aspa,  acompañadas  en  lo  alto  de  sendas  lises  y  resaltadas  del  báculo  con  su  velo  abacial". 

 ● "Opción  2:  El  paño  de  azul  y  las  dos  ramas  de  higuera  dispuestas  en  aspa,  acompañadas  en  lo  alto  de  sendas  lises  y  resaltadas  del  báculo  con  su  velo  abacial.  Al  batiente,  tres  franjas  verticales,  ondadas  y  blancas".       

 Decreto  19/ 2010,  de  11  de  fevereiro,  pelo  qual  se  aprova  o  Regulamento  de  símbolos  das  Entidades  Locais  de  Galiza  assim  estipula  as  coisas.  'HERÁLDICA  POPULAR'  E  'COMISSÃO  DE  HERÁLDICA'  ANDAM  A  PROCURA  DO  MESMO,  muito  embora  uns  e  outros  argumentem  razões  quase  que  opostas.  Socialistas  e  BNG  não  souberam  mais  do  que  cingir-se  à  uma  estrategia  "tradicionalista"  e  de  "ser  do  contra"  (a  dita  Oposição),  o  qual  lhes  compromete  e  lhes  deixa  no  meio  de  nada.  Na  realidade,  podem  estar  a  ser  subservientes  da  maneira  de  atuar  de  'A.C.A.M.O.'.  Mudar  aquilo  que  mantém  viva  a  memória  de  um  âmbito  territorial  específico  abacial  não  é  aconselhável,  falta  igualmente  tomar  partido  pela  manutenção  de  uma  paisagem  na  íntegra.  Quem  estará  a  reescrever  o  território  municipal  em  redor  do  mosteiro,  ou  seja,  a  sua  história?.  Garantidamente,  a  "RMO".  'Heráldica  Popular'  possibilitou  trazer  ao  de  cima  um  debate  do  qual  carece  a  Xunta  e,  ao  mesmo  tempo,  evidenciar  umas  afirmações  infelizes  dos  socialistas  (interesses  crematísticos  e  por  aí  fora...)  que  denegriram  à  heráldica  em  termos  gerais.  Estilo  junteiro  denota  uns  marujos  colados  à  oficialidade  e  ao  aparato,  incapaces  de  dar  um  desconto  à  uma  rama  da  ciência  armorial  que  se  abre  passo  aos  poucos  e  poucos.  Afinal  de  contas  esse  bipartidismo  está  a  prejudicar  claramente  a  imagem  de  Oia,  assentando  um  discurso  intransigente,  de  polarização  (aquando  o  seu  único  pensamento  está  no  tijolo  e  no  desenvolvismo  provinciano).  Aquilo  que  estabelece  diferendos  entre  a  'Comissão  de  Heráldica'  e  'Heráldica  Popular'  é  simplesmente  o  estilo.  Nos  primeiros  aninha  uma  certa  burrice  e  intolerância,  nos  segundos  um  trabalho  progressivo  de  assentamento,  de  abertura  da  heráldica  ao  mundo  corrente.  Quantos  ofícios  "plebeus"  estarão  representados  em  brasões  pertencentes  à  chamada  'Heráldica  dos  Apelidos',  quantos  ponteiam  por  todo  o  lado  na  Europa  ocidental  e  central?  É  obvio  que  a  análise  politizada  dos  brasões,  dos  armoriais,  é  abertamente  estéril  e  uma  fantochada  a  todo  tamanho.  A  política  em  maiúsculo  está  bem  presente  e  viva  em  Oia,  afastando  tantas  questões  a  que  têm  direito  os  oienses.  Esta  pequena  vila  e  concelho  merece  ter  uma  paisagem  e  uma  garantia  de  preservação  dessa  paisagem,  não  ligações  à  chicana  política  de  sempre.  Desde  finais  do  século  XIX,  e  bem  entrado  o  XX,  os  conservaduristas  enfrentaram-se  aos  aberturistas  na  questão  que  nos  ocupa.  Houve,  e  ainda  há,  sinais  de  manifesto  incómodo  por  causa  das  linhagens  ou  da  pertença  ao  estamento  nobiliário,  ferrenhos  defensores  do  seu  e  de  um  estatuto  "diferente"  do  burguês  novo,  alimentaram  a  intolerância  "in  extremis"  perante  os  novos  teóricos  da  heráldica  cuja  origem  e  prática  teórica  baseia-se  precisamente  nos  velhos  armorialistas.  Aluno  assume  o  professor,  sem  por  isso  renunciar  ao  avanço  nesta  tratadística  dos  brasões.  Naturalmente,  confere-se  a  necessidade  de  uma  representação  coletiva  de  um  concelho  (o  que  justificaria  alguma  negativa  inicial),  sendo  compreensível  essa  unanimidade  visceral  em  redor  do  velho  medalhão.  Por  enquanto,  a  posição  deve  ser  neutral  dado  existirem  problemas  e  ameaças  bem  mais  tangíveis  para  todo  o  âmbito  territorial  oiense  (parques  eólicos,  promoções  urbanas  costeiras,  intrusismo  do  Circulo  de  Empresarios  de  Vigo).   

 (Continuará).

 Artigo precedente.   

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