PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(128ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
No absurdo jogo de posições entre PP e PS de G em redor da simbologia oiense (escudo e bandeira locais) andam também trançados os interesses do bipartidismo mais desfasado. Abase de comentários sesgados, enviesados cria-se um clima propício à promoção dos dois bandos ( é rentável para ambas as partes). Todavia, a disponibilidade de ambas formações para a transformação física traumática de uma paisagem desdiz qualquer alegato pretensamente sério; antes pelo contrário, tiram-nos do sério. Portavoz dos socialistas oienses, Sr. Refoxos, alega o seguinte:
● Procedimento iniciou-se em 2018 com um oficio firmado pela presidente da câmara, mas sem conhecimento do plenário camarário, endereçado à Comissão de Heráldica da Xunta galega.
● Em 2019, Dona Cristina Correa Pombal propõe e tenta concretizar um referendum sobre esta temática. Esta tentativa foi travada pelos orgãos de intervenção do próprio concelho.
● No pleno de 28 de janeiro deste ano a oposição transmitiu à primeira edil que este não era o momento certo (Covid-19) e que adiasse o assunto.
● Alusão à 'Heráldica Popular' cria ainda mais confusão trazendo à ribalta a legitimidade de autores de vulto (Paul Adam-Even, Lucien Fourez ou Remi Mathieu) que defendem e postulam uma heráldica mais alargada entre as diferentes camadas sociais. O debate não é pacífico.
Atualmente o concelho serve-se de um símbolo que não está reconhecido como escudo pela Comissão de Heráldica, com competência para autorizar estes emblemas. Este concelho solicitou dessa entidade a proposta de um escudo e de uma bandeira municipal oficiais, respeitando os símbolos mais representativos de Oia. Uma vez recebida a proposta-informe de Comissão de Heráldica, põem-se em conhecimento do concelho estas propostas:
● Atual símbolo não é um escudo, antes bem um medalhão, apenas varia do escudo de armas do mosteiro de Oia destacando-se por: um CASTELO, podendo se referir a uma fortaleza existente em Oia (…); um RAMO DE FIGUEIRA, com figos maduros, lembrando o prodigio ou milagre de tê-los produzido em tempo e estação impróprias de tal fruta, árvore que estava num fosso do mosteiro; um BÁCULO ABACIAL, significando a união, sujeição e pertença ao Císter; NOVE LETRAS 'A', alusivas aos reis Alfonso, fundadores e benfeitores do mosteiro. Único referente anterior que existe será um documento da câmara de Oia do século XIX guardado no Arquivo Histórico Nacional.
● Este dito medalhão, com coroa real aberta, é cópia de um escudo em madeira, de perfil circular, esquartelado, que está sobre a porta norte do coro alto da igreja (autêntico símbolo do mosteiro de Oia, independente do da Congregação Cisterciense de Castela). Inicialmente, CCC utilizava a banda de escaques jaquetada ou lancetada de prata e sabre sobre campo de azur. Confusão instala-se por causa de um outro escudo da igreja paroquial de S. Mamede de Pedornes. Trata-se de um escudo encastrado, em pedra, policromado e lindíssimo. Está timbrado com coroa real aberta, esquartelado, constituindo-se em fusão dos escudos do mosteiro de Oia e da CCC. No seu primeiro quartel regista-se um brasão do tipo 4 ou Completo - há quatro tipos - com a banda de escaques obviamente diagonalizada mas separadora do báculo, braço e cogulla á sinistra e mitra à destra. No chefe acrescenta-se uma flor de lys. Resto dos quartéis é atributo do mosteiro. Uma solução para isto é apontada por José Ignacio Rodríguez no seu trabalho "El Patrimonio Heráldico de la Congregación Cisterciense de Castilla". O autor pertence à 'Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogía´ e o livro é publicado em 2017. Sugere que este escudo de Pedornes podia ter sido apresentado como escudo partido, sendo uma das partes para a CCC e a outra para o quartelado, mantendo-se a isenção de cada uma delas, tal como aconteceu em Armenteira, Huerta, Montederramo ou a Santa Espina.
(Continuará).
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