7 de feb. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia

(128ª parte) 

 


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia    

   No  absurdo  jogo  de  posições  entre  PP  e  PS  de  G  em  redor  da  simbologia  oiense  (escudo  e  bandeira  locais)  andam  também  trançados  os  interesses  do  bipartidismo  mais  desfasado.  Abase  de  comentários  sesgados,  enviesados  cria-se  um  clima  propício  à  promoção  dos  dois  bandos  ( é  rentável  para  ambas  as  partes).  Todavia,  a  disponibilidade  de  ambas  formações  para  a  transformação  física  traumática  de  uma  paisagem  desdiz  qualquer  alegato  pretensamente  sério;  antes  pelo  contrário,  tiram-nos  do  sério.  Portavoz  dos  socialistas  oienses,  Sr.  Refoxos,  alega  o  seguinte:  

 ●    Procedimento  iniciou-se  em  2018  com  um  oficio  firmado  pela  presidente  da  câmara,  mas  sem  conhecimento  do  plenário  camarário,  endereçado  à  Comissão  de  Heráldica  da  Xunta  galega. 

 ●    Em  2019,  Dona  Cristina  Correa  Pombal  propõe  e  tenta  concretizar  um  referendum  sobre  esta  temática.  Esta  tentativa  foi  travada  pelos  orgãos  de  intervenção  do  próprio  concelho. 

 ●    No  pleno  de  28  de  janeiro  deste  ano  a  oposição  transmitiu  à  primeira  edil  que  este  não  era  o  momento  certo  (Covid-19)  e  que  adiasse  o  assunto. 

 ●    Alusão  à  'Heráldica  Popular'  cria  ainda  mais  confusão  trazendo  à  ribalta  a  legitimidade  de  autores  de  vulto  (Paul  Adam-Even,  Lucien  Fourez  ou  Remi  Mathieu)  que  defendem  e  postulam  uma  heráldica  mais  alargada  entre  as  diferentes  camadas  sociais.  O  debate  não  é  pacífico.  


 

 

 

 

 

 

 Atualmente  o  concelho  serve-se  de  um  símbolo  que  não  está  reconhecido  como  escudo  pela  Comissão  de  Heráldica,  com  competência  para  autorizar  estes  emblemas.  Este  concelho  solicitou  dessa  entidade  a  proposta  de  um  escudo  e  de  uma  bandeira  municipal  oficiais,  respeitando  os  símbolos  mais  representativos  de  Oia.  Uma  vez  recebida  a  proposta-informe  de  Comissão  de  Heráldica,  põem-se  em  conhecimento  do  concelho  estas  propostas:  

 ●    Atual  símbolo  não  é  um  escudo,  antes  bem  um  medalhão,  apenas  varia  do  escudo  de  armas  do  mosteiro  de  Oia  destacando-se  por:  um  CASTELO,  podendo  se  referir  a  uma  fortaleza  existente  em  Oia  (…);  um  RAMO  DE  FIGUEIRA,  com  figos  maduros,  lembrando  o  prodigio  ou  milagre  de  tê-los  produzido  em  tempo  e  estação  impróprias  de  tal  fruta,  árvore  que  estava  num  fosso  do  mosteiro;  um  BÁCULO  ABACIAL,  significando  a  união,  sujeição  e  pertença  ao  Císter;  NOVE  LETRAS  'A',  alusivas  aos  reis  Alfonso,  fundadores  e benfeitores  do  mosteiro.  Único  referente  anterior  que  existe  será  um  documento  da  câmara  de  Oia  do  século  XIX  guardado  no  Arquivo  Histórico  Nacional. 

 ●    Este  dito  medalhão,  com  coroa  real  aberta,  é  cópia  de  um  escudo  em  madeira,  de  perfil  circular,  esquartelado,  que  está  sobre  a  porta  norte  do  coro  alto  da  igreja  (autêntico  símbolo  do  mosteiro  de  Oia,  independente  do  da  Congregação  Cisterciense  de  Castela).  Inicialmente,  CCC  utilizava  a  banda  de  escaques  jaquetada  ou  lancetada  de  prata  e  sabre  sobre  campo  de  azur.  Confusão  instala-se  por  causa  de  um  outro  escudo  da  igreja  paroquial  de  S.  Mamede  de  Pedornes. Trata-se  de  um  escudo  encastrado,  em  pedra,  policromado  e  lindíssimo.  Está  timbrado  com  coroa  real  aberta,  esquartelado, constituindo-se  em  fusão  dos  escudos  do  mosteiro  de  Oia  e  da  CCC.  No  seu  primeiro  quartel  regista-se  um  brasão  do  tipo  4  ou  Completo  -  há  quatro  tipos  -  com  a  banda  de  escaques  obviamente  diagonalizada  mas  separadora  do  báculo,  braço  e  cogulla  á  sinistra  e  mitra  à  destra.  No  chefe  acrescenta-se  uma  flor  de  lys.  Resto  dos  quartéis  é  atributo  do  mosteiro.  Uma  solução  para  isto  é  apontada  por  José  Ignacio  Rodríguez  no  seu  trabalho  "El  Patrimonio  Heráldico  de  la  Congregación  Cisterciense  de  Castilla".  O  autor  pertence  à  'Real  Academia  Matritense  de  Heráldica  y  Genealogía´  e  o  livro  é  publicado  em  2017.  Sugere  que  este  escudo  de  Pedornes  podia  ter  sido  apresentado  como  escudo  partido,  sendo  uma  das  partes  para  a  CCC  e  a  outra  para  o  quartelado,  mantendo-se  a  isenção  de  cada  uma  delas,  tal  como  aconteceu  em  Armenteira,  Huerta,  Montederramo  ou  a  Santa  Espina.  

(Continuará).  

Artigo precedente. 

Ningún comentario:

Publicar un comentario