31 de xan. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(127ª parte)   

 

                                        Mosteiro beneditino de Tibães (Braga)

 

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia    

 Não  será  a  primeira  vez  que  a  intromissão  política  queira  se  apresentar  na  gestão  local  de  um  determinado  concelho.  Em  todo  o  lado  ponteiam  atitudes  tele-comandadas  por  agentes  políticos  externos.  Duvidamos  que  a  senhora  Dona  Cristina  Correa  Pombal  esteja  a  desenvolver  um  trabalho  realmente  isento  a  frente  de  uma  câmara  municipal  de  todos.  Oia  transita  entre  a  sua  própria  impotência  como  município  e  a  enormidade  de  um  projeto  urbanizador-turistificador  de  grande  envergadura,  de  corte  incomportável,  coincidindo  a  cor  política  do  governo  autonómico  com  a  da  edil  que  chefia  este  concelho.  Trocadilho  normativo  (aplicação  de  normas  setoriais)  está  a  fazer  confusão  nas  pessoas  propositadamente  e  será  álibi  suficiente  para  criar  uma  'roda  viva'  de  interesses  bem  exponenciais  protagonizados,  muito  em  primeiro  lugar,  pelos  atores  que  temos  definido  de  contratuais  (grande  parte  dos  representantes  políticos  hoje  presentes  nesta  câmara  oiense)  com  evidentes  mandados  das  diretivas  distritais  de  Pontevedra  ou  diretamente  de  Compostela.  Ainda  há  quem  pense  que  existe  a  autonomia  local,  aquando  manifesta-se  sobejamente  (antes  de  mais  nada,  na  área  da  gestão  do  património  cultural)  a  servidão  existente  relativamente  a  instâncias  políticas  superiores  ('Conto  da  China'  de  inclusão  na  Área  Metropolitana  de  Vigo  é  exemplo  que  baste,  revelando  a  supremacia  do  bipartidismo  na  constante  chicana  política  galega;  referem-se  além  do  mais  as  "vantagens",  mas  nunca  os  inconvenientes  da  tal  inclusão  nos  domínios  do  Abel  Caballero).  Dá-se  uma  insustentabilidade  no  projeto  urbanizador  que  nos  obriga  a  divorciar  monumento  da  obra  de  nova  feitura  (ilegal  a  todo  tamanho).  É  premente  recuperar  o  binômio  Arrabalde/ Território  monacal  até  serem  uma  só  coisa.  Tratar  ao  conjunto  de  Oia  como  aberrante  'MONÔMIO  PAISAGISTA  URBANIZÁVEL'  constitui  um  erro  vindo  de  Vigo.    

  


 

 Neutralidade  da  Xunta  poderá  ser  posta  em  causa  dado  existirem  fortes  componentes  discricionárias  na  tomada  de  decisões  relativamente  ao  futuro  geral  de  Oia.  Grandes  transformações  no  meio  físico  da  paisagem  envolvem  quase  sempre  estranhas  operações  que  escapam  à  apreciação  das  pessoas  correntes.  Afinal,  admite-se  também    a  visão  deturpada  dessa  "obra  feita  é  que  conta".  A  corruptibilidade  atinge  todas  as  camadas  sociais,  com  certeza.  As  constantes  reticências  expostas  direta  ou  indiretamente  desde  a  Xunta,  revelam  uma  tímida,  falsa  e  demorada  atitude  face  à  paisagem;  confiram  isto  nas  palavras  da  conselheira  Ánxeles  Vázquez,  que  se  apressa  sempre  em  ser  vanguarda  de  tudo  e  mais  alguma  coisa.  Paisagisticamente,  somos   maus  alunos,  reagimos  tarde  e  mal,  damos  prevalência  ao  'fala  barato'  e  mentimos  com  quantos  dentes  temos  na  boca,  garantidamente.  Com  estas  precedências  é  normal  desconfiarmos  de  que  haja  algúm  tipo  de  solução  patuada  à  hora  de  dar  um  'ok'  à  urbanização;  em  simultâneo,  participação  cidadã  passou  à  história  graças  ao  estado  de  coisas  em  que  nos  encontramos.    

 Assim  sendo,   a  capacidade  de  absorção  visual  das  ditas  'vilas  turísticas'  viraram  puro  contrasenso,  mais  ainda  numa  posição  altimétrica  ostensível.  Análise  de  bacia  visual  na  envolvente  não  protegida  do  mosteiro  põe  ao  nu  todas  as  contradições  da  "RMO",  uma  atrás  de  outra.  As  análises  geográficas  com  formato  GIS,  conhecidas  como   tramas  ou  'raster',  estruturas  de  dados  formada  por  uma  matriz  dos  ditos  píxeles,  organizam-se  em  colunas  e  fileiras  e  enforman   as  quadrículas  de  celas,  as  quais  apresentam  o  valor  que  representa  a  informação  efetivada.  Isto  quer  dizer  que  se  faz  um  estudo  apurado  da  imagem  focalizada  (podendo  se  projetar  através  desses  'raster'  ou  trama,  conferindo-se  todo  o  tipo  de  incidências,  boas  e  más).  Portanto,  com  um  'raster'  geram-se  imagens  apartir  das  quadrículas  rectangulares  de  píxeles;  cada  píxel  tem  asignado  um  valor  de  cor  e  uma  posição.  Os  âmbitos  espaciais  rasterizados  conhecem-se  como  'bitsmap'  ou  mapa  de  bits,  e  a  sua  qualidade  mede-se  pela  profundeza  da  cor,  a  largura  e  a  altura.  Estes  'raster'  armazenam  os  dados  representando  fenómenos  reais  que  podem  fazer  alusão  a  dados  discretos  ou  temáticos  (informação  sobre  o  uso  da  terra)  ou  dados  continuos  (a  temperatura). Esta  informação  técnica  complementar  deteta  partes  visíveis  e  partes  invisibilizadas  ao  mesmo  tempo  de  molde  a  avaliar  um  território  concreto  e  fazer  vir  ao  de  cima  irregularidades  que  logo  são  constituintes  de  impacto  na  paisagem.  A  terminologia  empregue  nestas  análises,  embora  complicada,  faz  aos  poucos  e  poucos  compreender  a  importância  destas  operações  que  já  atingiram  uma  frequência  assinalável  em  todo  o  mundo.  Nomenclatura  baseada  na  análise  vertical  ('offset'  A  e  B,  'vert'  1  e  2),  tracejado  dos  'rádios'  ('radius'  1  e  2),  diferença  e  limite  de  alturas  de  observação  ('Spot'),  projeção  dos  chamados  'azimuth'  ('azimuth'  1  e  2) reflectem  projeções  circulares  (com  diferentes  graus  desde  0°  a  360°)  onde  tudo  fica  conferido,  aliás,  desde  pontos  de  observação  vários.  Movimentos  verticalistas,  lineares,  circulares  concretizam  estudos  da  paisagem  fiáveis.  

 Artigo precedente.

Ningún comentario:

Publicar un comentario