PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(127ª parte)
Mosteiro beneditino de Tibães (Braga)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Não será a primeira vez que a intromissão política queira se apresentar na gestão local de um determinado concelho. Em todo o lado ponteiam atitudes tele-comandadas por agentes políticos externos. Duvidamos que a senhora Dona Cristina Correa Pombal esteja a desenvolver um trabalho realmente isento a frente de uma câmara municipal de todos. Oia transita entre a sua própria impotência como município e a enormidade de um projeto urbanizador-turistificador de grande envergadura, de corte incomportável, coincidindo a cor política do governo autonómico com a da edil que chefia este concelho. Trocadilho normativo (aplicação de normas setoriais) está a fazer confusão nas pessoas propositadamente e será álibi suficiente para criar uma 'roda viva' de interesses bem exponenciais protagonizados, muito em primeiro lugar, pelos atores que temos definido de contratuais (grande parte dos representantes políticos hoje presentes nesta câmara oiense) com evidentes mandados das diretivas distritais de Pontevedra ou diretamente de Compostela. Ainda há quem pense que existe a autonomia local, aquando manifesta-se sobejamente (antes de mais nada, na área da gestão do património cultural) a servidão existente relativamente a instâncias políticas superiores ('Conto da China' de inclusão na Área Metropolitana de Vigo é exemplo que baste, revelando a supremacia do bipartidismo na constante chicana política galega; referem-se além do mais as "vantagens", mas nunca os inconvenientes da tal inclusão nos domínios do Abel Caballero). Dá-se uma insustentabilidade no projeto urbanizador que nos obriga a divorciar monumento da obra de nova feitura (ilegal a todo tamanho). É premente recuperar o binômio Arrabalde/ Território monacal até serem uma só coisa. Tratar ao conjunto de Oia como aberrante 'MONÔMIO PAISAGISTA URBANIZÁVEL' constitui um erro vindo de Vigo.
Neutralidade da Xunta poderá ser posta em causa dado existirem fortes componentes discricionárias na tomada de decisões relativamente ao futuro geral de Oia. Grandes transformações no meio físico da paisagem envolvem quase sempre estranhas operações que escapam à apreciação das pessoas correntes. Afinal, admite-se também a visão deturpada dessa "obra feita é que conta". A corruptibilidade atinge todas as camadas sociais, com certeza. As constantes reticências expostas direta ou indiretamente desde a Xunta, revelam uma tímida, falsa e demorada atitude face à paisagem; confiram isto nas palavras da conselheira Ánxeles Vázquez, que se apressa sempre em ser vanguarda de tudo e mais alguma coisa. Paisagisticamente, somos maus alunos, reagimos tarde e mal, damos prevalência ao 'fala barato' e mentimos com quantos dentes temos na boca, garantidamente. Com estas precedências é normal desconfiarmos de que haja algúm tipo de solução patuada à hora de dar um 'ok' à urbanização; em simultâneo, participação cidadã passou à história graças ao estado de coisas em que nos encontramos.
Assim sendo, a capacidade de absorção visual das ditas 'vilas turísticas' viraram puro contrasenso, mais ainda numa posição altimétrica ostensível. Análise de bacia visual na envolvente não protegida do mosteiro põe ao nu todas as contradições da "RMO", uma atrás de outra. As análises geográficas com formato GIS, conhecidas como tramas ou 'raster', estruturas de dados formada por uma matriz dos ditos píxeles, organizam-se em colunas e fileiras e enforman as quadrículas de celas, as quais apresentam o valor que representa a informação efetivada. Isto quer dizer que se faz um estudo apurado da imagem focalizada (podendo se projetar através desses 'raster' ou trama, conferindo-se todo o tipo de incidências, boas e más). Portanto, com um 'raster' geram-se imagens apartir das quadrículas rectangulares de píxeles; cada píxel tem asignado um valor de cor e uma posição. Os âmbitos espaciais rasterizados conhecem-se como 'bitsmap' ou mapa de bits, e a sua qualidade mede-se pela profundeza da cor, a largura e a altura. Estes 'raster' armazenam os dados representando fenómenos reais que podem fazer alusão a dados discretos ou temáticos (informação sobre o uso da terra) ou dados continuos (a temperatura). Esta informação técnica complementar deteta partes visíveis e partes invisibilizadas ao mesmo tempo de molde a avaliar um território concreto e fazer vir ao de cima irregularidades que logo são constituintes de impacto na paisagem. A terminologia empregue nestas análises, embora complicada, faz aos poucos e poucos compreender a importância destas operações que já atingiram uma frequência assinalável em todo o mundo. Nomenclatura baseada na análise vertical ('offset' A e B, 'vert' 1 e 2), tracejado dos 'rádios' ('radius' 1 e 2), diferença e limite de alturas de observação ('Spot'), projeção dos chamados 'azimuth' ('azimuth' 1 e 2) reflectem projeções circulares (com diferentes graus desde 0° a 360°) onde tudo fica conferido, aliás, desde pontos de observação vários. Movimentos verticalistas, lineares, circulares concretizam estudos da paisagem fiáveis.
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