3 de ago. de 2020

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 
(104ª parte)  




ENCONTROS  POLIORCÉTICOS / Oia   

 Linha de flutuação na bocana da Cambôa revela a dimensão negativa do que tenciona erguer "RMO" a escassos metros do intocável Pátio dos Laranjais (qualquer alteração morfológica suporá agressão patrimonial). Aquilo que está fora de discussão será a desnecessidade de acréscimos e de volumes nessa envolvente monacal. É obvio que Carta Europeia do Císter, uma vez saiba da real natureza desta consignatária, aconselhará um outro rumo, uma outra solução para esse "land" cultural. Carta de Valores e Princípios do Císter até poderiam entrar em rota de colisão nesse ponto chamado de NÃO INGERÊNCIA nos assuntos próprios de cada membro. De facto, última crise no seu seio tem sido abanada pela presença de interesses espúrios e inesperados. Há uma corresponsabilidade certa a pairar sobre as organizações do Císter, muito em primeiro lugar da ACIGAL, visto que não está a respeitar a Carta de Valores da casa-mãe. Já fornecemos a Maulbronn, mosteiro alemão, plano do projeto urbanístico em Oia, visando criar consciência daquilo que realmente se pretende naquela paisagem toda. Se isto continuar na corda bamba, "RMO" poderia ser interpelada pela "Charte Européenne des Abbayes et Sites cisterciens", para além de ser interposta queixa perante ICOMOS-UNESCO ou no Ministerio espanhol de Cultura. Obviamente, organismos ligados à normativa paisagista terão conhecimento dos planos da "RMO" bem como de uma legislação ajustada a um novo desenvolvismo que está a preterir as zonas de proteção e a proteger aos tijoleiros (LPCG de 2016). Inclusivemente, está na cabeça de alguns propor a saída da "Charte" desta ACIGAL cujos estatutos dizem tanta e tão pouca coisa em simultâneo. Princípio de Não Ingerência diz textualmente: "L,association garantit a ses adherents sa parfaite neutralité dans les affaires des sites, à la reserve près que leurs pratiques soit en concordance éthique avec nos engagements, et qu,ils n  nuisent pas de manière directe ou indirecte à la Charte, ce qui evidemment pourrait remettre en cause leur adhésion ou du moins la suspendre". "RMO" se faz de desentendida aquando lembramos o estrito respeito pelo Artigo 1 da Carta de Valores: Compromisso de preservar e manter o património cisterciense material e imaterial: "As suas ações contribuem para a salvaguarda do património histórico edificado E DO SEU ESPAÇO, INDEPENDENTEMENTE DO SEU ESTADO". Também está previsto apresentar a pertinente queixa na DXPC (Dirección Xeral do Patrimonio Cultural), muito embora possa servir de pouco. Infelizmente, Feijóo olha para o lado. É notório que a Carta Europeia de Abadías Cistercienses cresceu rápido de mais, que abrangia muita coisa, despoletando uma crise sentida fora e dentro do seu Conselho de Administração (C.A.), a sua Assembleia Geral (A.G.) e o seu  Bureau. Mantêm-se personalidades como François Launay, Dominique Mangeot ou Michel Dubuisson, mas o dano já está feito. Do mosteiro de Piedra, em abril de 2018, sairam renovações ou continuidades, apresentação de contas, manutenção de cotizações e boas intenções (aprovação de um "Budget" provisório, isto é, uma orçamentação a ter em conta as receitas e despesas da organização toda). Crise do Coronavirus não facilitou o findar da inestabilidade, antes bem possibilitou um estagnamento na Carta Europeia do Císter. Este ano de 2020 foi cancelada a Assembleia Geral em Altenberg (Alemanha). Os leitores podem se dirigir a este e-mail: secretariat@arccis.org, caso queiram transmitir a sua opinião sobre aquilo que se pretende fazer em Oia. Não hesitem, dirijam-se à Abadía de Notre Dame de Citeaux-ARCCIS ou ao administrador de Maulbronn (Peter Braun. www.cister.net). É importante externalizar todo o fiasco e todo o tipo de contradições em que mergulha "RMO"; é essencial concitar vontades independentes em redor da problemática do mosteiro de Oia.  Qualquer patrimonialista rejeitaria projeto urbano sem hesitações; trata-se de um autêntico "rapport moral" para todas aquelas pessoas que sintam essa agressão sem precedentes na paisagem imediata desta vila. Será muito triste a presença de José Fariñas Tojo na palestra "Turismo, urbanismo e identidade". Realmente, constitui um completo contrasenso e a prova dada de até onde chega a lata dos senhores da "RMO". 

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