CINEMA
Boletim da Sessão nº 601 - “O Quarto Mandamento” de Orson Welles
Sexta-feira, 02 de agosto às 21:45 no Teatro Valadares
ATENÇÃO: Lotação Limitada. Entrada Gratuita.
Locus Cinemae / Caminha
“Logo a seguir ao filme mais aclamado de todos os tempos (obviamente estou-me a referir a “O Mundo a Seus Pés”), Orson Welles realizou um ainda melhor. Não há contradição nenhuma – no “meu mundo” é que O Quarto Mandamento se superioriza ao belíssimo filme que é o anterior referido, embora seja verdade não haver muitos “mundos” assim. A segunda longa-metragem de Welles é o prolongamento superior do apuradíssimo olho cinematográfico que já se havia evidenciado na primeira obra do atribulado realizador americano.
Orson Welles foi um cineasta muito infeliz na medida em que passou uma carreira recheadíssima de problemas com os estúdios para os quais trabalhou, sendo imensamente incompreendido por estes, e por sua vez, apresentando-se constantemente desprovido de liberdade criativa. Este seu O Quarto Mandamento não foge a essas atribulações artísticas, visto que muita metragem da versão que Welles pretendia apresentar foi destruída pelo estúdio, mas a verdade é que esta versão que ficou para a posterioridade não deixa de ser um portentoso drama familiar, digno do epíteto obra-prima. (…).
Dotado de uma fotografia mítica e muito clássica e de uma banda sonora igualmente a transparecer uma considerável carga mítica, O Quarto Mandamento é uma obra que irradia um certo teatralismo, mas tal conceito não é acompanhado dos males que várias vezes povoam esse estilo interpretativo, visto os intérpretes, quando necessário, espelharem sentidamente e nunca com selo irritativo as emoções que perderiam ao permanecerem contidas. Refira-se, portanto, a boa forma de todos eles, mas quem mais impressiona é Joseph Cotten, do alto da sua fascinante sobriedade que já lhe conhecera em Mentira, O Terceiro Homem, A Jornada do Medo, etc. E, para tal efeito, contribui muito um argumento com o nível deste, de uma inteligência admirável, proporcionando profundidade aos personagens e tratando o drama familiar com a complexidade anti-simplista necessária.
Com cenas marcantes, tal como acontece com uma boa gama de planos, O Quarto Mandamento, já na recta final, dá a impressão de poder assumir o desfecho em algumas ocasiões. Embora não o faça com a visão de Welles, o seu remate, que nunca saberemos se foi o mais acertado e na altura mais propícia, é estrondosamente satisfatório. Não obstante o autor máximo do filme não o ter manejado com a liberdade pretendida, este assume-se categoricamente como uma lição de cinema, mas também de vida.”
http://cine7.blogspot.pt/2006/07/o-quarto-mandamento.html
FICHA TÉCNICA:
Título original: “The Magnificent Ambersons”, EUA, 1942
Realização: Orson Welles, Freddie Fleck (assistente)
Produção: Orson Welles; Mercury Productions; RKO Radio Pictures
Argumento: Orson Welles, baseado no romance (The Magnificent Ambersons), de Booth Tarkington
Narração: Orson Welles
Música: Bernard Herrmann (não creditado)
Fotografia: Stanley Cortez
Montagem: Robert Wise
Distribuição: RKO Radio Pictures
Duração: 88 minutes
FICHA ARTÍSTICA:
Joseph Cotten: Eugene
Dolores Costello: Isabel
Anne Baxter: Lucy
Tim Holt: George
Agnes Moorehead: Fanny
Ray Collins: Jack
Erskine Sanford: Roger Bronson
Richard Bennett: Major Amberson
Orson Welles: Narrador
Ciclo Play it Again
02 de agosto, “O Quarto Mandamento”, Orson Welles, EUA , 1942, Sessão 601 (s/ classificação).
09 de agosto, “O Terceiro Homem”, Carol Reed, Reino Unido / EUA , 1949, Sessão 602 (M/12).
16 de agosto, “A Doce Vida“, Federico Fellini, Itália / França, 1960, Sessão 603 (M/12).
23 de agosto, “O Acossado”, Jean-Luc Godard, França, 1960, Sessão 604 (M/17).
30 de agosto, “O Leopardo”, Luchino Visconti, Itália / França, 1963, Sessão 605 (M/12).
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