PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(216ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Vamos expor o exemplo do Mosteiro cisterciense de Matallana (Villalba de los Alcores, Valladolid), propriedade da Deputação de Valladolid e atual Centro de Interpretação da Natureza. Matallana representa o apuramento exponencial da sua hidraúlica, tendo em conta que se parte de uma base de mínimos onde o que conta são os basamentos, as ossadas de um plano que ilustra um perfil daquilo que era o cenóbio todo. Erguido nas estribações septentrionais dos Montes Torozos, ocupa um espaço de transição entre páramo e planície, sendo atravessado pelos ribeiros 'Mijares' e 'Las Cárceles' , tributários do rio 'Sequillo'. No ano de 1931 é declarado Monumento Histórico- Artístico Nacional, sendo que entre 1993 e 2003 procedeu-se a campanhas arqueológicas que permitiram a documentação das cimentações, dos alicerces de algumas dependências monásticas (Claustro Regular, Igreja, Noviciado, Portaria Exterior, Pátio da Cozinha, Dependência das 'Necessárias'). Os sistemas de abastecimento hídrico são analisados, bem como os enterramentos. Ficam patenteados dois planos do lugar que evidenciam estes pormenores, um do século XVIII e outro do século XIX. Um conjunto abacial perfeitamente desmochado a mostrar dentro da sua nudez esse subsolo real, para além de estruturas murárias, pilares e muros perimetrais. Edifício orientado do Leste ao Oeste, com Claustros do lado da Epístola, cerca monástica e visível presença do aparelho hidraúlico. A igreja abacial, sobreposta a uma outra estrutura anterior, tem 5 capelas que, de norte ao sul, foram dedicadas a S. Martín, S. Juan, Sta. María, S. Bernardo e Sta. Marina, sendo a central composta de presbitério retangular e ábside destacado de forma heptagonal. Por fora advertem-se grandes contrafortes de reforço. Contudo, a vida deste cenóbio desenvolvia-se no Claustro Regular até os anos do banimento oitocentista. O tal banimento não impediu, porém, desvendar apartir de um esqueleto estrutural básico esse outro organigrama hidraúlico surpreendente. Essa desmontagem do elemento hídrico resistiu todas as provas: pilhagens dos populares e napoleónicas, novas funções e donos, o efeito próprio da Desamortização.
Em Oia pode acontecer o mesmo, com mais ou menos achados, com mais ou menos resultados. Não temos registado alusão alguma destes, de uma componente hidraúlica específica (designadamente do sistema inferior). Área a delimitar podeŕa ser necessariamente abrangente mas passível de se concretizar. Provavelmente, a Plataforma Estatal de Profissionais da Arqueologia (P.E.P.A.), uma vez redigidos os seus estatutos - fevereiro de 2021 - poderá esclarecer alguma coisa relativamente às equipas atuantes no mosteiro de Oia. Estamos perante um grupo privado, 'Fundação Mercantil Real Mosteiro de Oia' que parece ter dado ouvidos surdos à questão dos alicerces, das fundações do mosteiro todo.
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