PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(211ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Vamos falar de uma figura atual, contemporânea, ligada de todo à 'Carta de Veneza' e defensora ferrenha dos conteúdos desta. Carlos Flores Marini, mexicano, morre em 2015 aos 77 anos (1937- 2015), sendo um dos ponentes da dita 'Carta' que nos dias de hoje colmata os 58 anos de existência. Uma Carta de valor acrescentado por quanto é posta em causa, às vezes gratuitamente, da parte daqueles que antepõem a arquitetura DESIMPEDIDA a qualquer outra consideração formal. 'Carta de Veneza', com um Preâmbulo e 16 Artigos concludentes, tem servido estes anos todos para pôr preto no branco as falhas na conservação e restauro dos monumentos, os erros manifestos decorrentes da reconstrução indiscriminada de monumentos destruídos durante a Segunda Guerra Mundial. São boas premissas para uma crítica necessária e ajeitada das pressas existentes no mundo da arquitetura por renovar, por mudar de maneira pouco reflectida aquilo que não se pode mudar. 'Declaração de Veneza' do ano 2007, semelha um exabrupto, um devaneio no mundo fútil dos prêmios e dos premiados.
Quê melhor base para corrigir futuras tendências desta arquitetura BENGALA ou MULETA, que se serve dos monumentos para deturpá-los, que fazer citação de frases como a que se segue?: 'Carta de Veneza' da lineamientos generales, señala métodos a seguir, explica qué cosas se pueden hacer y donde frenar una restauración, y cada país se lo apropia y pone sus propios límites, pero ES MUY CLARO EN SUS ENUNCIADOS Y NO PERMITE DUDA ALGUNA' (este texto continua a ser PRECISO, INCISIVO E CLARO). Daí que Carlos Flores Marini afirme: 'El problema con la arqueología es que debe hurgar en el pasado sobre datos endebles…' (tirem ilações disto). E continua referindo: 'Aunque la Carta de Venecia será un viejo siempre joven, cada país debe actualizarla en la medida de sus posibilidades'. Aquando a sua morte, Olga Orive (del Comité Nacional Mexicano del ICOMOS) dizia assim dele: 'Lo vamos a extrañar mucho porque era un hombre que no dejaba de denunciar todas las afectaciones al patrimonio. Nunca olvidaremos su irrestricta forma de proteger el patrimonio y de no quedarse callado por nada ni por nadie'. Carlos Flores Marini insiste: 'La Carta de Venecia se mantiene vigente y sin pasar de moda'.
Aplica-se uma 'Explanada do Horizonte' em ambiências urbanas? É claro que não. A intenção radica na recuperação possível de espaços naturais onde essa natureza está presente. 'Explanada do Horizonte' é tentativa onde tudo eram casas espalhadas, desordeiras e entulho. Ainda hoje, as marcas deixadas pelo tal caos determinam o resultado final apetecido. Tal situação repete-se ao longo de um 'Camiño Portugués pola Costa' crivado de irregularidades paisagistas. Este percurso recente, abençoado desde Vigo, substantiva um rosário de despropósitos que incidem em cheio na qualidade visual e na necessidade de sua continuidade. 'Camiño Portugués pola Costa' expira, por força maior, na brutalizada paisagem urbana de Baiona, no desastre ambiental em S. Pedro de Ramallosa ou naquele 'campamento palestino' do 'Camping Baiona Praia', na turistificação caótica de Praia América, Nigrán ou Panxón, no disputado loteamento espacial de Monteferro, na vergonha supina resumida de Patos (Praia Urinol) e assim um longo etcétera até os arredores de Vigo. Com esta carta de presentação não vão muito longe os defensores deste 'Camiño Incerto'.
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