22 de xul. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(159ª parte)    


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia  

 'Associação  dos  Amigos  dos  Caminhos  Santiago  de  Viana  do  Castelo',  tal  como  reza  o  manchete,  acusou  ontem  Galiza  (ao  Consello  Xacobeo  21-22)  terça-feira  día  20  de  julho,  de  promover  um  percurso  do  intitulado  'Camiño  Portugués  pola  Costa',  pela  vila  de  A  Guarda,  que  não  tem  fundamento  histórico,  visando  apenas  interesses  turísticos.  Até  que,  enfim,  alguém  expor  uma  verdade  bombástica!  O  seu  porta-voz,  Alberto  Barbosa,  disse  que  Espanha  não  estava  a  pensar  no  Caminho  de  Santiago  na  globalidade,  como  caminho  europeu  e  sim  apenas  pensar  no  seu  território.  Não  são,  com  efeito,  afirmações  peregrinas  vindas  de  uma  qualquer  gratuitidade  ou  ganância,  mas  sim  da  denúncia  da  mais  clamorosa  das  deslealdades.  Assunto  vem  de  longe  e  tem  migalha;  nele  estão  envolvidos  pessoas  e  corporações  várias  unidas  em  redor  de  um  'corpus'  diferencial  que,  no  mínimo,  segrega  há  mais  de  70  anos  versões  históricas  díspares,  lusas  e  galegas,  no  assunto  que  nos  ocupa.  Debate  contém  ingredientes  encontrados;  particularmente,  será  digna  de  salientar  a  raspaneta  que  levou  algúm  interviniente  galego  naquele  'V  Congresso  Internacional  dos  Caminhos  de  Santiago',  celebrado  na  cidade  de  Penafiel  nos  días  26,  27  e  28  de  setembro  de  2008,  no  que  o  exímio  professor  D.  Carlos  Alberto  Brochado  de  Almeida  fez  revisão  de  desavenças  ainda  pendentes  na  definição  de  caminhos  medievais,  pontes  e  calçadas  romanas  para  Santiago  ou  nessa  direção.  Ao  que  parece,  nada  está  a  mudar  alguns  comportamentos. 

 



 Já  trataremos  dos  trabalhos  de  Humberto  Carlos  Baquero  Moreno,  dos  contributos  de  assinaláveis  autores  (e  descontributos,  descaso  de  outros)  que  citar-se-ão  em  futuros  artigos;  já  falar-se-á  de  uma  dissertação  basilar  e  histórica  do  professor  Carlos  Alberto  Ferreira  de  Almeida  na  FLUP  portuense  (1968),  sobre  'Vias  Medievais.  Entre  Douro  e  Minho'  e  da  absoluta  validez,  prematura  e  útil,  dos  caminhos  portugueses  para  Compostela.     




 Alberto  Barbosa  revela  que  o  ' Xacobeo  S.A.',  que  gere  esse  'Camino  Portugués  pola  Costa',  está  a  indicar  sem  mesura  que  o  percurso  entra  na  vila  de  A  Guarda  através  de  um  serviço  de  'ferryboat'  da  responsabilidade  dos  portugueses  (e  que  conta  com  a  impotência  e  desentendimento  de  todos  os  poderes  cá  presentes,  particularmente  na  questão  de  assoreamentos,  dragagens  e  drenagens,  sendo  assim  que  o  problema  dá  com  alguma  coisa  em  pantanas  desde  o  ano  de  1995).  Mesmo  certificado  o  caminho,  com  sinalética  e  carimbo  do  lado  português,  tem  que  se  provar  uma  realidade  anterior  a  esse  1995  de  infortúnio:  deixem-se  de  tretas,  o  nosso  caminho  costeiro  é  apontado  por  orla  marítima  a  partir  do  Porto,  passando  pelos  atuais  concelhos  de  Matosinhos,  Maia,  Vila  do  Conde,  Póvoa  de  Varzim,  Esposende,  Viana  do  Castelo,  Caminha,  Vila  Nova  de  Cerveira  e  Valença;  tem  todo  o  referendo  quer  da  Vía  da  Prata  espanhola  e  sulista  a  ligar  com  Portugal,  quer  toda  e  qualquer  ligação  com  roteiros  marinhos  internacionais  desde  Aveiro,  Porto  ou  Viana  do  Castelo.  Resolvam  esta  encrenca,  dado   serem  afetadas  muitas  pessoas  que  já  se  acostumaram  à  falsa  publicidade.  Se  calhar,  peregrinos  de  gema  e  essência  saberão  no  futuro  qualificar  a  operação  em  curso.  É  claro  que  esse  caminho  falso  gera  mais-valências  para  uns  poucos  e  confusão  para  todos.    

 Diz  também  o  Barbosa: "Não  conheço  nenhum  outro  ponto  do  caminho  em  que  aconteça  esta  ambiguidade.  Ou  é  num  lado,  ou  é  por  outro.  O  importante  é  definir  o  que  é  o  Caminho  Português  da  Costa  e  o  que  poderá  ser  uma  variante",  frisou.  "Através  de  A  Guarda  o  peregrino  leva  mais  um  día  para  chegar  a  Santiago  de  Compostela"  e  está  "a  retirar  da  rota  definitiva  como  Caminho  Português  da  Costa  cerca  do  70%  dos  peregrinos".  "Como  Espanha  indica  aquele  percurso,  os  responsáveis  internacionais  pela  elaboração  de  guias  turísticos  indicam  que  na  Galiza  o  caminho  começa  em A  Guarda",..., aumentou  um  erro.   

(Continuará)   

Artigo precedente.   

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