PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(108ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Com data de 22 de
fevereiro de 2020, "La Voz de Galicia" entrevistava ao diretor geral da "RMO", Xoán Martínez
Reboredo, conferindo-se más uma vez o
relato unidirecional de uma consignatária perante o que viria acontecer vinte días depois, muito embora se soubesse dos
pormenores com grande antecedência. Força dos factos criava aos poucos e poucos o advento dos piores presságios, tudo no meio de
um discurso empreendedorista que já não tinha cabimento face a ditadura do bichinho. Reformular pretensões e
objectivos seria um
salutar exercício da parte de uma
"RMO" que acorria impotente ao afundamento
de um projeto
convencional turistificador nas Rías Baixas. Era urgente fazer uma "nova maquete" da obra; porém, em
troca, oferecia-se mais economicismo, mais visão
de "resultados" e mais fechamento. Muito se tem
dito do mosteiro estes últimos anos; uns mantêm fidelidade às origens, preferindo
não se alinhar nesse "ser do contra". Outros, querem ir mais além,
invocando um contencioso
paisagista que, de ser
erguida a urbanização, despoletará a caixa de Pandora posterior. Ainda haverá quem invoque os benefícios
do emprego decorrentes
deste investimento citadino... Em resumo, temos atores do mais variado leque
(sim?) a darem a sua palavrinha
no assunto. Pra já, direta ou
indiretamente, puseram a andar a maquinaria dos calendários ("RMO" vaticina dois
ou dois anos e meio de
tramitação administrativa, mais outros dois ou três de reabilitação). Lembramos que esta entrevista foi realizada días antes de decretada uma
pandemia; obviamente, a
situação já não
é a mesma. Gratuitidade das afirmações
foi acompanhada da
imagem publicitária do
"ganhador"
Martínez Reboredo, um homem de sucesso
aos olhos dos
bajulados universais que
por Oia campeiam. Mas não se
trata disso, visto que quem perde somos todos nós face à perturbação
que se quer introduzir naquela ambiência
concreta monacal.
Definitivamente, esses vetores da "RMO" (logística/transporte, inovação e desenvolvimento do património) não batem certo se o que se pretende é afirmar o primado da lei e a paisagem. Dito de outra maneira: Xunta galega estabeleceu desde o ano 2016 umas disposições legais abertamente balançadas a favor dos grupos empresariais que sonham com o restabelecimento do tijolo na costa. As constantes paisagistas não são brincadeira nenhuma, dado tratar-se de SALVAR UMA ENVOLVENTE JÁ FERIDA. Passa-se de PAISAGEM JÁ FRAGILIZADA A PAISAGEM AINDA POR FRAGILIZAR MAIS: a ninguém se lhe escapa um pormenor qual é o holograma utilizado como reclame pela "RMO" onde somente focalizam interesseiramente um território projetado (vilas turísticas, pantalha vegetal urbanoide do Lavandeira e, ao fundo, o mosteiro). Da mesma maneira, na dita memória de sustentabilidade aparece a cores a futura transformação de um espaço propositadamente escolhido para varrer toda pré-existência territorial. Explicando mais em detalhe: se alguém necessitar dessa espacialidade primigénia do mosteiro serão os moradores próximos do cenóbio não incluidos no projeto dos Martínez. Daí estes falarem de "acoplamento físico às moradias das redondezas" (quando isso esconde muito em primeiro lugar uma EXCLUSÃO, para seguir com o consequente ADENSAMENTO, METÁSTASE e AFUNILAMENTO na zona da Riña). Esses adensamentos nunca acompanharam respeito pela paisagem original, nem próxima, nem geral. Em suma, efeito de CONSTRANGIMENTO urbano e de escolha propositada de cota altimétrica em paralelo. Fazem-se de sonsos sabendo sobejamente estas realidades:
Definitivamente, esses vetores da "RMO" (logística/transporte, inovação e desenvolvimento do património) não batem certo se o que se pretende é afirmar o primado da lei e a paisagem. Dito de outra maneira: Xunta galega estabeleceu desde o ano 2016 umas disposições legais abertamente balançadas a favor dos grupos empresariais que sonham com o restabelecimento do tijolo na costa. As constantes paisagistas não são brincadeira nenhuma, dado tratar-se de SALVAR UMA ENVOLVENTE JÁ FERIDA. Passa-se de PAISAGEM JÁ FRAGILIZADA A PAISAGEM AINDA POR FRAGILIZAR MAIS: a ninguém se lhe escapa um pormenor qual é o holograma utilizado como reclame pela "RMO" onde somente focalizam interesseiramente um território projetado (vilas turísticas, pantalha vegetal urbanoide do Lavandeira e, ao fundo, o mosteiro). Da mesma maneira, na dita memória de sustentabilidade aparece a cores a futura transformação de um espaço propositadamente escolhido para varrer toda pré-existência territorial. Explicando mais em detalhe: se alguém necessitar dessa espacialidade primigénia do mosteiro serão os moradores próximos do cenóbio não incluidos no projeto dos Martínez. Daí estes falarem de "acoplamento físico às moradias das redondezas" (quando isso esconde muito em primeiro lugar uma EXCLUSÃO, para seguir com o consequente ADENSAMENTO, METÁSTASE e AFUNILAMENTO na zona da Riña). Esses adensamentos nunca acompanharam respeito pela paisagem original, nem próxima, nem geral. Em suma, efeito de CONSTRANGIMENTO urbano e de escolha propositada de cota altimétrica em paralelo. Fazem-se de sonsos sabendo sobejamente estas realidades:
●
Que compraram
ao desbarato terrenos sabendo muito bem
o que faziam.
●
Que desde a linha de flutuação marinha
poder-se-á conferir um
empreendimento manifestamente ilegal desde
as constantes topográficas,
paisagistas e de
distância ao mosteiro.
●
Ausência de contrapontos, de um contradictório que envolva
atores legitimados. Não se dispõe, aliás,
de um historial, de fatores prévios,
de uma pré-análise
do caso.
● Está claro que o Conselho
Asessor da Paisagem (artigo 46
do Regulamento da
Lei de Proteção da Paisagem) é limitante e imprestável.
O comúm dos arquitetos sabe de cor que as promoções urbanas costeiras
deviam era desaparecer. Desenham-se, prévio pagamento,
memorias descritivas, de
sustentabilidade condicionadas todas pelo mesmo método cansativo,
pelo mesmo patrão. A cantiga é
muito velha e
faz falta uma nova AFERIÇÃO no caso de Oia. Apregoa-se alegremente uma linguagem mercantilista que protela a sustentabilidade paisagista de mínimos. Podemos referir termos como POLUIÇÃO URBANA, POLUIÇÃO CONTRATUAL DA PAISAGEM (atores políticos e sociais envolvidos) ou URBANISMO
SAZONAL DE COLONATO
ou METROPOLITANO. Mais ainda, é obvio que postular uma expropriação forçada de um mosteiro
sem lhe dar
uma continuidade e
argumentação tem sido um descuramento a todos os níveis. "SOS Mosteiro" tem de sair rapidamente da armadilha em
que pôde eventualmente envolver-se sem querê-lo,
reagindo atempadamente perante os falsos amigos do passado. Não tem assunto nenhum cacarejar
uma expropriação para
logo dar o
dito por não dito, como tem acontecido fora e dentro
do Concelho de
Oia.
Artigo precedente.
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