Boletim da Sessão nº 441 - "O Desprezo" de Jean-Luc Godard (1963)
Sexta-feira, 28 de agosto às 21:45 no Teatro Valadares
Uso de máscara obrigatório. Lotação Limitada. Entrada Gratuita
Locus Cinemae / Caminha
“Qualquer tipo de texto sobre um filme como O Desprezo (Le Mépris, 1963) só é cabível caso seja levada em consideração que tal texto é incapaz de existir verdadeiramente caso não seja ao menos ligeiramente didático.
Em outras palavras, falar de um filme como O Desprezo é ter que comentar sua ordenação de acontecimentos, de inspirações e, sobretudo, de imagens. Jean-Luc Godard foi até a Itália filmar a adaptação de um romance de Alberto Moravia (responsável por outro livro que rendeu outro grande filme, O Conformista [Il Conformista, 1970], de Bernardo Bertolucci), nos estúdios da Cinecittá e em locação em Capri. Brigitte Bardot protagoniza o filme, Fritz Lang faz uma participação como Fritz Lang. Em tela, uma espécie de adaptação da Odisséia, de Homero. Tudo em O Desprezo é sobre a imagem. E sua compreensão só é possível de forma contemplativa de tais imagens e de como elas constituem uma lógica própria na carreira de Godard – e no cinema como um todo.
Godard, antes de cineasta, era crítico da renomada Cahiers du Cinema (renomada hoje, principalmente por conta do próprio Godard, Truffaut, Rohmer, Resnais, Chabrol, que de ensaístas passaram à função de direção depois da revista), um grande entusiasta do cinema e do poder que este tem. Junto dos diretores supracitados, Godard foi responsável pelo resgate e pela melhor compreensão do cinema de muitos cineastas, como Hitchcock, Howard Hawks e Nicholas Ray, por exemplo, que para muitos eram tidos como artistas operários, diretores de meros entretimentos. O amor pelo cinema e pela força do cinema desses diretores e de tantos outros foi a motivação que impulsionou o cinema realizado por Godard. Acontece que o marco primeiro do seu cinema, Acossado (À Bout de Souffle, 1959), propunha uma quebra com certos paradigmas narrativos, com finalidade de compreender uma nova lógica narrativa possível que não necessariamente passasse pelo que já era tido como convenção. As quebras na linearidade, a montagem com jump cuts, os movimentos diretos, tudo em Acossado funcionou como uma nova inspiração para os caminhos futuros do cinema. Porém é em O Desprezo que Godard finalmente afina sua tentativa de invenção com a particularidade que o cinema tem de mais fascinante: o elogio à imagem e ao sonho.”
Thiago Macêdo Correia, http://www.cineplayers.com/critica.php?id=207
FICHA TÉCNICA:
Título original: Le Mépris, França / Itália (1963)
Realização: Jean-Luc Godard
Produção: Carlo Ponti (França/Itália)
Argumento: Jean-Luc Godard, baseado no romance homónimo de Alberto Moravia
Música: Georges Delerue
Fotografia: Raoul Coutard
Guarda-roupa: Tanine Autré
Montagem: Agnès Guillemot
Duração:102 minutos
FICHA ARTÍSTICA:
Brigitte Bardot (Camille Javal)
Michel Piccoli (Paul Javal)
Jack Palance (Jeremy Prokosch)
Giorgia Moll (Francesca Vanini)
Fritz Lang (O próprio)
Jean-Luc Godard (Assistente de Fritz Lang)
Raoul Coutard (Cameraman)
Linda Veras (Siren)
Programação
Ciclo Play it Again 5 Filmes, 5 Géneros: Comédia, Drama, Thriller, Western, Nouvelle Vague
28 de agosto, “O Desprezo”, Jean-Luc Godard, França / Itália , 1963, Sessão 441 (M/12)
Ciclo Outras Cinematografias
04 de setembro, “O Gosto do Saké”, Yasujirô Ozu, Japão, 1962, Sessão 442 (M/12)
11 de setembro, “Rapsódia em Agosto”, Akira Kurosawa, Japão, 1991, Sessão 443 (M/12)
18 de setembro, “Gato Preto, Gato Branco”, Emir Kusturica, Jugoslávia / França / Alemanha / Áustria / Grécia , 1998, Sessão 444 (M/12)
25 de setembro, “Uzak – Longínquo”, Nuri Bilge Ceylan, Turquia , 2002, Sessão 445 (s/ classificação)
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