PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Se alguma coisa está a faltar em Oia, a todos os níveis, essa chama-se transparência. Além disso, deteta-se uma “caça às bruxas” pouco dissimulada da parte dos proprietários do mosteiro relativamente às associações que rejeitam o projeto construtivo anexo. Reabilitar, preservar, nada tem a ver com erguer, com construir. Muito menos com acrescentar corpos e volumes, com fazer estranhas “melanges” deturpadoras (sejam estas quais forem). Na linguagem preservativa NÃO HÁ CABIMENTO PARA ACRÉSCIMOS. É esta regra fundamental de toda ação recuperadora, mais ainda num enclave cenobial. Assim sendo, passo de Lista Vermelha a Lista Verde do Património revela num primeiro olhar uma iniciativa oportunista da Xunta no sentido de se antecipar e oferecer um possível produto decorrente da truculência. Presentemente, implementaram coberturas, falaram de cifras concretas, sim, mas isso advém duma denúncia oportuna perante “Hispania Nostra”, com a que já tinhamos contatado em Novembro do ano passado. De qualquer das maneiras, não seria correto abrir portas ao público recém colmatadas essas coberturas (teria toda a lógica colocar a pergunta sobre o estado dos interiores, de todos os espaços internos). Começaram a casa pelo telhado no intuito nada inocente de ganhar tempo.
“Kaleidos” optou por semear a ideia de que “Hispania Nostra” não tinha estabelecido contato nem com a Direção Geral do Património Cultural galega, nem com o Concelho de Oia, nem sequer com eles próprios. É credível tal afirmação? NÃO, DE TODO. “Hispania Nostra” não brinca em serviço, dado ser filial espanhola de “Europa Nostra”, entidade de sobejo prestígio internacional. Acontece, no entanto, que tendo cumprido o seu dever (Análise de danos e Previsão a curto prazo de patologias), não está no seu elenco de habilitações protocolárias fazer um estudo paisagista apurado. Eis o cerne da questão! Apartir desta premissa, poderiam começar os problemas para os proprietários do mosteiro no sentido de não terem respeitado o núcleo normativo internacional na questão paisagista (um variado leque de normas, recomendações, seminários, etc. como a Declaração de Newcastle, Convênio Europeu da Paisagem, Lei galega específica da Proteção da Paisagem, etc ). Dá-se início ao contencioso paisagista em Oia, sendo a verdadeira notícia e novidade a ponderar. Aliás, na estratégia dos perpetradores estava incluido o afastamento desta questão por receio de serem levantados interrogantes obvios sobre a oportunidade de suplantar paisagens imediatas, próximas; PALIMPSESTAR um território é crime paisagista, é contra-ordenação. Existem de facto três destes palimpsestos: 1) Jardins de Suplantação; 2) Volumes erguidos em Zona de Proteção e 3) Urbanização padronizada ao norte.
Aquilo que pode ter acontecido pertence mais ao mundo dumas administrações que se digladiam todos os días e às que custa encontrar sempre pontos de anuência. As questões de competência no seio delas entram em simultaneidade com a soberba atitude de grupos empresariais que julgam estar na posse da verdade. No caso da Xunta galega, setor turístico impõe na prática o seu ditado hegemónico, prejudicando claramente outros supostos bem importantes e até estratégicos. ICOMOS deve atuar sem condicionantes, de forma ilibada. ICOMOS é UNESCO e possui autonomía suficiente para mudar comportamentos. Atualmente, procede-se à prestidigitação e à meia verdade no relativo a planos e acabamentos na zona protegida do mosteiro.
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