14 de mar. de 2019

A GUARDA

PATRIMÓNIO

A importância da obra externa em Santa Cruz

 (E 24ª parte)


 
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / A Guarda

 Fortaleza de Santa Cruz não faz um enformado romboide, antes bem trapezoidal (já desde o seu recinto interno). À entrada do Centro Interpretativo uma informação faz alusão a um “rectângulo irregular”, sendo que não existem tais. Portanto, aquilo que determina em Santa Cruz umas curiosas projeções dos fogos são as bissetrizes não congruentes e as golas fora de qualquer medição adequada. A dita imperfeição em planta obrigou ao desenho de uma obra externa necessariamente aplicável. Recursos militares  que não foram opcionais, antes bem questão de vida ou morte. A escassa altura das cortinas e os bastiões também não ajudava.   


  Obra externa que registava revelins maiores no Socorro e em Tecla, assim como menores na Vila e Cividans. As longas cortinas entre o baluarte da Guía e o da Cruz, bem como entre o de Santa Tegra e San Sebastián, reclamavam  uma defesa mais abrangente. De facto, os maiores estavam mais afastados dessas cortinas longas. No entanto, os tiros de flanqueio erão possíveis (ainda que com alguma dificuldade) nestes revelins. A estrela decorrente deste plano tinha algumas singularidades: dentes de serra no exterior do baluarte da Guía; 7 lunetos ao total,  numa e outra face de cada revelim, e redente na antiga contraguarda de San Sebastián.    


 As distâncias entre as aristas ou cunhais dos baluartes e os extremos das contraguardas oscilavam entre os 30 metros, os 40 metros e aquele de 64 metros no baluarte de San Sebastián. Isto era a consequência de uma planta interna e externa trapezoidal  (não é trapezio) e de lados todos diferentes (dado este importantíssimo). A forma estrelada dessa obra externa aparece perante nós como se tivesse levado um murro, ficando assim achatada. Poder-se-ía dizer que essa disposição trapezoidal unida a golas e bissetrizes de desenho esquisito empurravam ao próprio formato de toda a obra de fora. Uma superfície não menor de 25.000 metros quadrados, muralhas afora, causava o espanto dos invasores lusos. Eles deram cabal registo deste dispositivo externo.    

 Ponhamos um exemplo, no momento presente, de visibilização de Santa Cruz: fazer-se-ía mais visível toda a face e flanco, leste e suleste, do baluarte de San Sebastián se houvesse uma libertação vegetal do eucaliptal alí presente, perfeitamente prescindível (terreno de mais de 8.000 metros quadrados). Só o contraste visual decorrente dessa pequena variação marcaria toda a diferença. Os caprichos dos particulares não podem constituir um entrave para a melhora  rogressiva do visual santacruzense.

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