17 de maio de 2018

VALENÇA DO MINHO

PATRIMÓNIO

Valença do Minho a Património da Unesco 

(7ª parte) 

Barbacane Sr. Pierre

 ENCONTROS  POLIORCÉTICOS / Valença do Minho

 Em tempos, a proposta de inscrição transfronteiriça e transnacional em série de Valença e Almeida advém dum acordo entre as partes envolvidas (França e Portugal). Tratava-se assim de expor a relação de dependência estilística e similitude que mostravam determinadas soluções arquitetónicas adotadas nos séculos XVII e XVIII, decorrentes do fenómeno pre-Vauban e Vauban em Portugal. A participação de engenheiros franceses na Guerra de Aclamação só referenda este suposto e o contributo principal deste país será a apresentação de exemplos construídos de vilas fortificadas perfeitamente conservadas, como em tantos outros países europeus, designadamente em  Bélgica, Holanda, Alemanha ou  Itália. Os  sítios erguidos por Vauban, ou inspirados por ele, têm sido em grande parte desmantelados ou são tardios (fim do XVIII ou XIX) ou ainda sem nenhuma relação comprovada com a Escola francesa de fortificação clássica (é o caso de alguns sítios da Europa central e oriental). Portugal, no entanto, oferece esta possibilidade.    

Mont Dauphin, no Departamento de Hautes-Alpes

  A construção da fronteira bastionada, “ex novo” e num intervalo de tempo reduzido confere resultados de grande coerência e constitui uma contribuição maior à arquitetura militar universal. Ao passo que na França a figura de Vauban é tutelar duma conceição global, em Portugal sucedem-se dezenas de autores ao longo de 1.300 quilómetros de linha de defesa, e inclusivemente de entre cada uma das fortificações podem-se registar diversos intervinientes bem qualificados. Como para a obra de Vauban, e em certos casos anticipando a implementação francesa, verifica-se a cristalização de teorías estratégicas anteriores num sistema de fortificação racional baseado numa relação concreta com o território. (Pode estar a referir a antecipação do chamado sistema ”Pre-carré” Alentejano). Assim sendo, as fortificações do programa de ereção  da nova fronteira de Portugal parecem-se muito com algumas das realizações de Vauban. Por causa das suas similitudes técnicas e estilísticas, Almeida e Valença podem evocar uma  familiaridade marcante com muitas das vilas-fortalezas construidas por Vauban, seja na montanha, seja na planície. 

Mont-Louis

 Ora  bem, à espera da crítica que se segue ter algúm bom acolhimento, será oportuno colocar algumas dúvidas ou correções relativamente à natureza e estado das praças e enclaves mais à frente mencionados. À  partida, indicam-se neste relatório Mont-Louis, Villefranche de Conflent e Longwy, estabelecendo aquilo que para ENCONTROS POLIORCÉTICOS poderá de facto ser uma apreciação generalista de casos de estudo. Não é comparável Valença do Minho com Mont-Louis (1.600 metros de altitude); a praça minhota levanta-se a 60 metros sobre a margem portuguesa do rio, afirmando-se eventualmente como grande outeiro. Quanto à planimetria, também não há semelhança. Da mesma maneira, Villefranche de Conflent (432 metros sobre o nível do mar), tem uma componente estratégica inegável  decorrente do  vigiante  Forte Libéria (bem como Prats-de-Molló-la-Prestre com o Fort Lagarde), numa envolvência tipicamente pirenaica ou “montagnarde”.  Novamente, cita-se a praça de Mont Dauphin, no Departamento de Hautes-Alpes, perto de Briançon. Este altiplano situa-se a 1.050 metros sobre o nível do mar. São três casos que não encaixam com Valença. 

(Continuará...) 

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