3 de feb. de 2016

PORTO

PATRIMONIO

Castelo do Queijo, umha forma de ser portuense


Castelo do Queijo


José Buiza Badás


 Local ao que acorrem centenas  e centenas de tripeiros, como lugar de culto, de lazer e de banhos, resulta umha simbiose perfeita entre populares e sítio militar. Cousa que nom acontece em Espanha, onde o divórcio entre civis e militares continua a se patentear. A história portuguesa comunga com o seu passado castrense como luva a man.

 Decorrente disso, no Estado Espanhol, é a afixaçom mental por desmilitarizar esses espaços museológicos, seringando neles argumentos pretensamente lúdicos e civilistas, ou convertendo-os em umha fraca argumentaçom de poucos para justificar o expediente. Umha mistura de simplismo e banalizaçom ocupa por força  o imaginário dos miúdos, tendo como resultado a deturpaçom de informaçom objectiva. Os nenos no som parvos; parvos som os relativistas. Denota-se umha autoexigência de mínimos, umha nula vontade de nobilitar os espaços castellológicos.

 Este forte já o era no século XV e, entretanto veu ruir no XVII e sobre ele levantou-se um  outro, entre 1661 e 1662. Foi testemunha das guerras liberais decimonónicas e presentemente tem sediado um museu histórico-militar, bem como programaçom de eventos culturais e de animaçom. Conjugam-se actividades para todos o  públicos, sem essa obsessiva focalizaçom polo infantil, pola “creche” e, em definitivo, pola posta de parte da ciência poliorcética, como vai-se verificar no nosso entorno. No nosso caso, nom há equilíbrio entre os públicos, nem entre as funcionalidades.

 Este reduto militar tem valor de IIP, por Decreto de 20 de Março de 1934 e a sua planta apresenta-se como de traço francês sob a inspiraçom de Miguel de L’école. A planta poderá eventualmente responder a 3 desenhos de polígono externo: Um hexagonal, se nos cingirmos aos paramentos. Outro pentagonal, se excluirmos a cortina frontal e um terceiro triangular, se projectássemos os meios baluartes para o  mar e formássemos um triângulo, somando ao plano a base do frontal. O perímetro murário real é de 175 metros.

 A axialidade define-se desde a porta até a barbeta, ainda que nom ofereça simetria, dado que o vértice dessa barbeta está deslocado. Esta tem 78 m. de comprimento, fracturada em três lados e duas angulaçons, com orientaçom Noroeste, Oeste e Suroeste. Temos, ademais, mediçons de 60 m. entre guaritas dos semibaluartes frontais e a constataçom de que estamos a estudar um espaço compresso,  comprimido  quanto às distâncias que separam a linha de bateria da cortina da entrada, de entre 15 e 20 m., conforme posiçons. Nom há portanto, linhas curvas de desafogo, como poda ocorrer nas baterias do Cao, do Paçô ou Areosa.

  A alvenaria aparece regularizada, bem concertada, de fiadas de largura variável, nom perfeitas, a se distinguirem de cunhais, ângulos de faces e flancos, guaritas e outros pontos com silharia. Nos parapeitos esse aparelho é mais miudinho e irregular. Assente sobre  rocha-mae, adapta os taludes a níveis vários, alojando no seu interior a casa do comando, quartéis da tropa, um paiol e a cisterna. Umha rampa dava acesso à bateria.

 Um conjunto de 7 troneiras de capialço, distribuídas em faces e flancos, vinham acompanhadas de 4 guaritas hexagonais com cupulins semiesféricos, com 3 vans de derrame. As bases levam  3  emolduramentos concêntricos e o  ordoma parece  bem visível a toda a volta.

 O  arco de entrada, de meio ponto, tem aduelagem de 9 peças, 2 impostas e mais 4 peças para a jambagem, tudo ele rusticado. Escudo de Portugal flanqueado por roleos; coroa avultada com bola. Os cadeados alí presentes erguiam o tabuleiro levadiço superador de um fosso hoje alterado por nova cimentaçom, traduzida numha  passerelle que arranca da Praça Gonçalves Zarco.

 A cena resultante fala-nos de umha comunhóm  admirável do  civil e o  ilitar. Esta cenografia de costumes, de descontraçom   nas  gentes a “trabalhar o bronze” ao pé do Castelo do Queijo, constitui por sí so umha verdadeira aprendizagem.

R.P.I. (Estes textos podem ser traduzidos perfeitamente a galego RAG e ao castelhano).

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