16 de feb. de 2024

VILA NOVA DE CERVEIRA

15ª ‘Lampreia do Rio Minho – Um Prato de Excelência’: Tradição, inovação e os desafios atuais do rio Minho   


Rui Teixeira, falou durante a sessão de abertura da apresentação da XV ‘Lampreia do Rio Minho – Um Prato de Excelência’, que decorreu esta quinta-feira, em Vila Nova de Cerveira

Fotos: C.M. V. de C.

 

Irene Pinheiro / Vila Nova de Cerveira

 O Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira defendeu uma “persistente e consolidada promoção da lampreia do rio Minho como uma mais-valia para a estratégia turística dos seis municípios do Vale do Minho, mas também para a dinâmica da atividade piscatória”. Rui Teixeira, que falava durante a sessão de abertura da apresentação da XV ‘Lampreia do Rio Minho – Um Prato de Excelência’, que decorreu esta quinta-feira, em Vila Nova de Cerveira, assumiu ainda a existência de alguns problemas que afetam a biodiversidade daquele troço internacional de água, “que devem ser encarados e mitigados, com os jovens a serem chamados a intervir”.      

 Tendo 1914 como o ano de referência para o início dos registos da pesca, a lampreia do rio Minho foi, durante décadas, a única espécie migradora com tendência crescente. No entanto, e após a captura de 56.000 em 2009, assiste-se a uma diminuição contínua e acentuada desde 2018, contabilizando-se, em 2023, a safra de 5.000 lampreias, “provavelmente, o valor mais baixo dos últimos 80 anos”.     

 Os dados foram lançados pelo diretor do Aquamuseu do Rio Minho, Carlos Antunes que explicou ainda que, apesar da lampreia ter uma história evolutiva de 300 milhões de anos, “nos últimos 100 anos sofreu com a transformação provocada pelo Homem”. “Enfrentamos uma nova ameaça de uma espécie introduzida para a atividade da pesca recreativa: o peixe-gato europeu – que pode atingir os 100kgs e os 2m - está a afetar a safra da lampreia em França, e já se encontra no Tejo e no Douro. De 100 lampreias marcadas e libertadas em França, num período de 1 mês, os trabalhos científicos revelaram que 80% dessas lampreias foram consumidas pelo peixe-gato europeu”, disse o biólogo. No caso concreto do rio Minho, Carlos Antunes alertou para este problema, mas ressalvou que “um dos fatores de pressão são as espécies exóticas como a carpa, o achigã e a perca-sol".     

 De 15 de fevereiro a 15 de abril, quase uma centena de restaurantes de Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira voltam a disponibilizar nos seus cardápios a ‘rainha’ do rio Minho. São dois meses a celebrar a gastronomia associada à lampreia do rio Minho com tradição enraizada nas gentes da terra, enquanto se procura dar novas e criativas oportunidades a jovens chefs. Foi o caso do Showcooking protagonizado pelo jovem chef Francisco Ferreira, de Vila Nova de Cerveira que, durante o arranque da 15ª edição ‘Lampreia do Rio Minho – Um Prato de Excelência’, apresentou o tradicional arroz de lampreia e dois pratos inovadores: o ravioli e a focaccia de lampreia.    

 Dinamizado pela ADRIMINHO – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho desde 2010, em parceria com a Confraria da Lampreia do Rio Minho e com os seis municípios do Vale do Minho, o evento gastronómico ‘Lampreia do Rio Minho – Um Prato de Excelência’ tem como principal objetivo a promoção de um produto/prato, portador de uma forte componente turística para este território. Além de valorizar a lampreia do Rio Minho, enquanto recurso endógeno e de elevado valor gastronómico, promove, paralelamente, as potencialidades naturais e culturais de cada concelho.

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