19 de ago. de 2020

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia

(105ª parte) 

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

JUSTAMENTE,  O FACTO DO MOSTEIRO DE OIA SER O ÚNICO CISTERCIENSE À BEIRA DO MAR PLANTADO PODERÁ INSPIRAR CUIDADOS DE MAIOR NO RELATIVO A PROMOÇÕES URBANAS COSTEIRAS OU A CRITÉRIOS PAISAGISTAS. Falinhas mansas e bajulações escamoteiam esta verdade inquestionável. Ladainha da “RMO" consiste numa troca simples: Arrabalde e mosteiro por mosteiro e urbanização. Como terapia face esse dualismo caprichoso era bom insistirmos na qualidade intrínseca inherente às artes todas,  aos estilos presentes no mosteiro, como definidoras da essência real deste BIC desnaturado que não está a encontrar una salvaguarda no momento presente. Vamos falar da Congregação Cisterciense de Castela  ("CCC") e dos  estilos presentes en Oia. Vamos por tanto falar das expressões da arte permanentes, simultaneadas mercê do passar do tempo, que encontram por sí próprias uma legitimidade negada por estes senhores da mercadoria. Do pré-românico até o pré-gótico, manierismo escultórico, pegada  jesuítica na fachada ou barroco da torre sineira constituem-se em testemunhos de um falar somente seu,  a  margen  dos  pré-cálculos feitos  por  una  consignatária  que  nega  espacialidades  mínimas  a  um mosteiro  que  nada  terá  a  ver  com  a  maldita  urbanização. Coêrencia  pelo  facto  de  cingirmo-nos à  mensagem generalista  e histórica  da  Congregação  Cisterciense  da  Castela vai ao encontro  de  pessoas  e  interesses  que  querem  criar  una  especie de cisão "à galega" da recentemente batizada “ACIGAL"  ben como aderirà Carta Europeia  de Abadías e  Sítios  Cistercienses SEM AS CONTRAPARTIDAS decorrentes das condições estabelecidas na sua Carta de Valores. Dito de outra maneira,  não  ha  mosteiro  de  Oia sem  a  aportação  da  “CCC",  como  acontece alias  noutros tantos mosteiros sediados  na  Galiza.  Nos  mais  mínimos  pormenores  haverá  donde  vasculhar e  encontrar  o  coelhinho  tirado  da  cartola;  nesse  particular  poder-se-ía  interpretar  de  vez  esse  conto  da  carochinha utilizado para levar à  frente  a  tal  urbanização. Em  resumo,  trata-se  de  esclarecer  este  aborrecido  assunto,  trata-se  de  simplificar  algo  que  tem  como  pano  de  fundo  a  natureza  pervertida  da  capacidade  de  olhar ao mosteiro com singeleza,  despidamente. Mosteiro  de  Oia não  precisa  de  urbanização nenhuma nem  de  acréscimos ao pé  dos  Laranjais;  embutiram-nos  essa necessidade supérflua  na  cabeça, encastraram-nos esse supostoso bum  falso  guarda-chuva patrimonial. Tratamento  da  arte  em  termos  geraist em  de  adotar certas prevençõ esperante  grupos  empresariais  que  somente olham  para  a  caixinha (vejam  o  exemplo  da  “IBERDROLA"! ). Os  desvelos  dos  privados  negam cidadania isenta  e  formada,  acabando  por  cauterizar  toda  vontade  preservadora.  Sempre chegam  tarde  ao velorio! Cómo é que “IBERDROLA" se assume madrinha  de  uma gestão  do  românico  (Vejam a  patente “Românico Atlântico")  entre  o  Norte  de  Portugal  e  a  região  autónoma  de  Castilla  y  León?: É  fácil  supor,  dado  ter  uma  ascendente  económica  assinalável  no  organigrama  político  da  Junta castelhana, mais  nada. Isso chega  para  dar  bençãos cá  e acolá  e  gozar  com  todos  nós,  visto  que  a  moneda  de  troca  era  una  futura  barragem  no  río Tâmega.  A  este  ponto  chegamos.  Miolo  disto  tudo  será  a  capacidade  dos  populares  saberem  separar  trigo  do joio nesta negociata financeiraa bençoada pelo  Círculo  de  Empresários  de  Vigo.  O  aglutinante  desta história  nunca estará nessa dobradiça entre  mosteiro  e  futura  urbanização,  antes  bem  na  isenção paisagista  do  conjunto todo.  Mais ainda,  na  manutenção  de  um  saber  que  não  pode  ter  intromissões nenhumas  no  campo  da  arte  e  dos  bens culturais. Daí falarmos  da  “CCC", não  como  alegato  de  ocasião  mas  sim  como  herança  neutra  e  aséptica  de  un  passado  fértil,  fiel  e  não  entortado  no  percurso  histórico  cisterciense.  Vamos  entrar  num  pormenor  que  para  nós  resulta  exponencial:   a  componente  heráldica  dos  mosteiros abrangidos pela  Congregação.  José  Ignacio  Rodríguez  González  (Guadalajara, 1949) constituicitação obrigatória nesta  temática  tão abrangente  e  unificadora; pertencendo  à  Real  Academia  Matritense  de  Heráldica  e  Genealogia converteu-se  na  referência,  ou numa  delas, fundamental  no  estudo da  "CCC" e  os  seus  símbolos.  A  sua  obra  “El  Patrimonio  Heráldico  de  la  Congregación  Cisterciense  de  Castilla"  é  aportação bem sublinhável  e  para  ter  sempre em conta. Recuando  a  Fray  Martín  de  Vargas,  a  "CCC" foi  instaurada  para  pôr  cobro  à  crise  dos  séculos  XIV  e  XV  (decadência  do  ideal  cisterciense; abades  comendatários  egoístas  ou descuramento  da  observância da  Regra), crise que portava também outros aspetos  (abandono de dependências, falta de obras de restauro). Reforma aprovada  pelo papa Martín V em 1525, começou en 1427 en Montesión (Toledo),  alargando-se em 1430 ao mosteiro de Valbuena de Duero (Valladolid) atingindo todos aqueles mosteiro ssediados en Castela, Leão, Galiza,  Asturias e zona da Rioja (ficam de fora Aragão e Navarra ). Há  novas pautas de vida:

• Abandono  dos  grandes dormitorios comunitários. 

• A igreja passava a ser pública. Construir-se-á un novo  coro no alto aos pés do templo e erguer-se-á un segundo corpo acima do claustro medieval. 

• Noutros casos, construiria-se um outro claustro chamado da Hospedaria. 

• Dispor-se-á no futuro de um fecho murário com ameias en redor dos mosteiros. (Isto contradiz os truques destes “patrimonialistas" do tijolo atuais). 

 A observancia nova chegou a Galiza no tempo dos Reis Católicos, mas o grande fôlego da reforma  monástica  e da progressiva adesão dos mosteiros pertence ao período de Carlos I. Se mosteiro de Sobrado incorporou-se em 1498, antes de 1516, também o tinham feito Aciveiro e Penamaior    (1505) e Melón e Monfero (1506) para além de Meira  (1514).  

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