29 de nov. de 2024

CAMINHA

Câmara adquiriu “meia casa” na Rua dos Pescadores 

 Assegurando preservação de habitação que é património material único


A habitação, um investimento de 80 mil euros, vai ser intervencionada e posteriormente disponibilizada para habitação pública
Foto: C.M.C.

Infogauda / Caminha

 A Câmara Municipal de Caminha adquiriu uma “meia casa” na Rua dos Pescadores, reforçando o seu património no âmbito da habitação pública e garantindo, ao mesmo tempo, a salvaguarda de um tipo de imóvel muito caraterístico e de grande valor para a história da comunidade caminhense, designadamente a piscatória. A habitação, um investimento de 80 mil euros, vai ser intervencionada e posteriormente disponibilizada para habitação pública.      

 No quadro da sua política habitacional, a Câmara Municipal de Caminha tem vindo a adquirir vários imóveis, ao mesmo tempo que está a recuperar outros, que já integravam o património do Município, mas que se encontravam desativados, como é o caso de antigos estabelecimentos de ensino.

 Para o Presidente da Câmara, esta aquisição (meia casa) é particularmente significativa, dado o caráter identitário de que também se reveste. Rui Lages recorda que as “meias casas”, outrora habitação dos pescadores, estão a ser adquiridas por particulares, o que, sendo legítimo, também é um risco, uma vez que a intervenção no seu interior pode bem desvirtuar os imóveis, perdendo-se um património material único: “era para nós uma preocupação e felizmente conseguimos concretizar esta aquisição. Investimos 80 mil euros e vamos agora recuperar a ‘meia casa’, reforçando a habitação pública. Será uma recuperação especial, que vai adequar o imóvel aos tempos atuais, com condições de maior conforto do que eram as originais, dando-lhe uma nova vida, mas nunca desvirtuando a sua identidade”.   

 As “meias casas” são um tipo de construção singular, habitualmente de habitação da comunidade ligada ao mar - a comunidade piscatória caminhense. A Rua dos Pescadores carateriza-se também por esta tipologia habitacional única, marcada por uma frente muito estreita, desproporcionado comprimento e telhado de água única. No interior, as divisões eram organizadas ao longo de um corredor, de um único lado.

 Recorde-se que em 2015, este tipo de imóvel foi tema de um trabalho científico. “A Rua e as Meias Casas de Pescadores de Caminha” foi o tema escolhido pela arquiteta Renata Sousa Monteiro para a sua tese de mestrado. Como então foi referido. a autora pretendeu precisamente divulgar os exemplares e consciencializar para a salvaguarda deste tipo de património.

 Esta dissertação sobre a Rua de Pescadores da Vila de Caminha baseou-se numa investigação documental e de sete estudos de caso. Conforme escreveu a autora: “urge o restauro desse lado marítimo e da expressão construída que ele possui, em parte representada pelos bairros. As ruas ou bairros de pescadores são importantes exemplos de conjuntos patrimoniais que urgem ser identificados, valorizados e preservados. As casas de pescadores possuem elementos muito característicos e próprios que contribuem para a imagem do conjunto e são, individualmente, um tipo de construção vernácula ou rural com valor patrimonial, estando igualmente inseridas no tipo de património marítimo”. 

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