PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(43ª parte )
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Sobrepondo, suplantando áreas concretas consegue-se um palimpsesto NÃO INTEGRADO NA PAISAGEM. Mimetizar uma urbanização, mais uma em Oia, é simplesmente impossível. Fim de linha do comboio aí acaba dado não haver carrís mais a frente. Tal será a "façanha" dos proprietários do mosteiro. Tumorização findará em METÁSTASE num espaço mais abrangente do que pensávamos. Conferindo esse suposto destruir-se-á indefectivelmente toda a paisagem oiense.
Existe por acaso alguma pretensa mimetização ou disfarce de cubicidades seriadas? Esses vinte prédios introduzem já uma autêntica metamorfose nas cotas, nas curvas de nível, nos perfís e nas escalas. Afinal, quantificação tijoleira é que conta, sacrificando uma pre-existência de incalculável valor qual é a envolvente cenobial, esse âmbito verde primigénio de que Oia inteira se beneficia. O tal palimpsesto urbano nada de bom trará visto que não se integra, não condiz. Admitindo que a história das povoações é um agregado destes, convém também dizer que adquiriram RANGO DE INTEGRAÇÃO PAISAGISTA em épocas passadas mercê dum ENCAIXE PROGRESSIVO DAS CONSTRUÇÕES VERNACULARES NA ORDENAÇÃO PATUADA DAS CULTURAS DESSE ESPAÇO ENTRE MONTANHA E COSTA. Mosteiro de Oia ajudou a tal.
RECLAMAMOS ESSA METAFÍSICA DA PAISAGEM, ESSE SAUDOSISMO PAISAGISTA HOJE PROTELADO. Até que ponto suplantar espaços é legítimo? Questionar a propriedade privada dum mosteiro qualquer devia estar nos registos das atitudes humanistas, abertas e consequentes. São estas edificações religiosas permanentes denúncias dos erros urbanísticos de nova planta; da mesma maneira reiteram por si só as constantes agressões às paisagens locais, invariavelmente. Poderiamos mentar igualmente as paisagens vividas, sentidas ou caminhadas sem rubor nem cautela.
Fala-se muito de aditamentos, de acréscimos construtivos e muito pouco de erros construtivos; estes revezam-se sem conta nem controlo poluindo a paisagem e burlando a lei. Por exemplo, esses dois blocos ao pé da fortaleza de Santa Cruz constituem uma clamorosa e marcante agressão à paisagem (e a sua decorrente deturpação visual da envolvente). Prédio Coutinho, em Viana do Castelo, em gritante posição contra tudo, resiste à sentença de demolição. Referir o caso de Valença do Minho é fazer alusão aos "patos bravos" da construção civil.
Vamos aos casos práticos: Dois empreendimentos em seriação, perfeitamente detetáveis, um com 7.945 m2 e a uma distância do mosteiro de 320 metros, no oeste do estádio de fútebol, não parece interferir com seja o que for; o outro, a 212 metros do mosteiro e com uma superfície aproximada de 7.690 m2, no Recantiño, salva a sua não condizencia graças à distância linear do cenóbio.
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