4 de dec. de 2019

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia
(70ª parte)


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 Em ausência de lei criar-se-ão os fundamentos da desregulação e o desacato. Espaço cenobial,  patrimonial e paisagista ficou privado da normativa vigorante.  Esse ficar "no meio de nada" beneficia aos futuros perpetradores, visto que utiliza-se um mosteiro como a parteira de um projeto urbano que, da sua vez, findará com atual paisagem monacal e cultural. Câmara municipal de Oia também poderá entrar eventualmente em desacato, visto que Dona Cristina Correa insiste no esquecimento de leis que dispõem e determinam, que vinculam. Temos endereçado estas questões de novo a "Hispania Nostra", no sentido deles intervirem ativamente num assunto que não é subsidiário mas sim determinante: Uma paisagem ameaçada. Enviar-se-ão informes nossos relativamente à futura crise paisagista sem demora. Xunta galega, por ativa e passiva, fez oferta apressada de um "money" de ocasião que acabou por ser desculpa esfarrapada de quem nada quer saber de expropriação forçada do mosteiro. Ainda não assumiram na Xunta a potestade recolhida no Estatuto de Autonomia de exercer essa obrigação interventiva. De novo, circo do telefone a funcionar. 



 Vamos fazer menção comparativa de dois mosteiros navarros, Iratxe e Irantzu. Erros e acertos nesta nossa visita a espaços cistercienses, ou ligados no caso de Iratxe às formalidades do Císter, falarão da sujeição ao rigor patrimonial, de respeito pela envolvente e de coerências que estarão ausentes em Oia. Iratxe, porém, regista uma falha sublinhável  de conteúdo paisagista por causa da implantação desacertada das suas adegas. Desde autoestrada A-12 confere-se exagero morfológico que se quer disfarçar com mimetismo cromático enganoso. Escala dessas adegas delatará o resto; um volumoso corpo, erguido, empoleirado, atua de pantalha a invisibilizar perspetivas do próprio templo. São também distâncias do templo (30, 50 ou 70 metros) evidenciadoras da não existência de interação com o corpo abacial. 0,32 hectares (3.204 m2) mais um anexo junto do Museu do Vinho, de 800 m2, consumaram incompatibilidades bem visíveis. "Adegas Iratxe" rompe a pendente com um erguido excessivo, emperiquitado, ocultador. No entanto, residenciais ou projetos turistificadores estão bem longe da escala que se quer aplicar em Oia: construções em série, "vilas turísticas", ficam longe do edificado monacal, ficam sobejamente distantes em Iratxe (de entre 500 e 900 metros).  

 Irantzu, em Abartzuza, é exemplo harmonioso do tratamento dado à paisagem. Típicamente cisterciense, profundamente navarro no que toca a românico de pegada francesa, faz jus à lógica espacial. Nada de aderências complicadas, nada de acréscimos  perturbadores (muito embora fosse um dos "felizes contemplados" para a instalação de uma unidade hostaleira, tipo parador nacional. Afinal a ideia foi afastada). Libertou-se dos programas doentios, não mercê do isolamento do lugar (Estella tem turismo forte e feio), mas sim da lógica do preservacionismo quase que espontânea. Caso oiense e de tirar do sério às pessoas, é simplesmente escandaloso; conversa-fiada da "RMO" tem de  ser ultrapassada de vez.  

Ningún comentario:

Publicar un comentario